Divagações: Os 3
16.11.11
Quando soube que Os 3
estava para estrear minha reação foi de uma profunda confusão, afinal, eu havia
visto o trailer a tanto tempo, que já acreditava que o filme tivera uma
passagem relâmpago pelos cinemas e agora jazia perdido nas prateleiras de
alguma locadora. No entanto, ele nem havia estreado, a exemplo de outros filmes
que tem a problemática tendência a demorar para sair. Deixando de lado a minha
ignorância, rumei para o cinema sem grandes expectativas, pois quem me conhece
sabe que não sou dos maiores fãs das produções nacionais.
Além disso, uma
história adolescente que misturava conceitos do Big Brother e triângulos
amorosos certamente não fazia parte da lista de filmes que mais me empolgavam.
Com tanta coisa mais interessante nas terras tupiniquins, como O Homem do Futuro e O Palhaço, não conseguia sentir vontade de ver este filme. Ainda
assim, surgida a oportunidade, resolvi dar uma chance.
Em Os 3, Rafael
(Victor Mendes), Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy), são típicos
calouros deslumbrados com a cidade grande, vindos do interior e sem um tostão
no bolso. Depois de se conhecerem em uma festa, não se desgrudam mais, passando
a morar, estudar e viver cada momento juntos. Essa grande amizade é abalada com
o fim do curso e a perspectiva de terem de se separar em breve. Eis que surge
Guilherme (Rafael Maia), um publicitário ávido por transformar em realidade o
projeto de conclusão de curso dos três – um reality show misturado com um site
de vendas. Isso permite que eles possam passar mais um tempo juntos e, talvez,
resolver algumas pendências amorosas que rolaram nesses últimos anos.
Não vou mentir que,
desse ponto em diante, a história oferece alguns desenvolvimentos mais
interessantes do que o mote poderia supor e admito que fui um pouco
preconceituoso. Porém, não posso deixar de apontar alguns defeitos que me
incomodaram muito. Também irei dividir algumas palavras mais brandas sobre o
filme, só para não dizerem que insisto em falar mal da produção nacional.
O maior problema de
termos atores trabalhando no nosso idioma pátrio é justamente a capacidade de
observarmos toda e qualquer falha destes. Nesse ponto, Os 3 é um prato cheio.
No início do filme, sobretudo, as atuações são bem engessadas e há uma narração
em off incapaz de convencer qualquer um, o que só piora a situação. Devo
admitir, porém, que o rumo da história torna as coisas um pouco mais
toleráveis. Ainda assim, a tentativa de desenvolver os maneirismos e a
personalidade de cada personagem é um pouco falha e até o final não chega a ser
bem apresentada.
O roteiro também não
impressiona e em muitos momentos a trama parece solta, sem saber muito bem
aonde quer chegar. Se a tentativa era só fazer um comentário sobre a vida o
amor e a juventude, bem, devo dizer que já vi execuções melhores e que não
precisavam abrir mão da objetividade para isso. Mas vejam só! Não é que os
aspectos técnicos mantêm um patamar de qualidade bastante alto? A fotografia de
Ricardo Della Rosa é muito bonita e me chamou bastante atenção. A montagem fica
a cargo da nossa figurinha carimbada, Daniel Rezende, que como sempre faz um
bom trabalho e injeta ânimo em um roteiro que de outro modo poderia ser chamado
de apático.
Apesar de tudo, não
sei exatamente para quem recomendaria Os 3. O filme não é memorável (contudo,
também não é ruim) e apresenta boas sacadas. Se você, por algum motivo, achou o
tema interessante e ficou com vontade de ver, vá sem medo. Não posso garantir
uma obra-prima, mas, pelo menos, perda de tempo não será. Na falta de melhores
opções nessa entressafra cinematográfica, Os 3 é uma boa pedida, sobretudo nas
infames sessões promocionais onde os filmes brasileiros estão condenados a
aparecer.
Texto: Vinicius
Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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