Divagações: O Homem do Futuro

Eu sou fã do diretor, roteirista e produtor Cláudio Torres . Em 2004, com Redentor , ele mostrou que o cinema nacional pode ter efeitos espe...

Eu sou fã do diretor, roteirista e produtor Cláudio Torres. Em 2004, com Redentor, ele mostrou que o cinema nacional pode ter efeitos especiais, ser convincente e contar uma boa história de um jeito interessante e próprio. Cinco anos depois, ele filmou A Mulher Invisível – outro longa-metragem nacional com grandes méritos e um excelente senso de humor. Agora, O Homem do Futuro traz o melhor dos dois mundos.

O filme conta a história do cientista e professor Zero (Wagner Moura). Ele está trabalhando em um projeto caro que promete criar uma fonte barata e inesgotável de energia através de um acelerador de partículas. Como vem apresentando poucos resultados, ele leva uma prensa de sua supervisora, Sandra (Maria Luisa Mendonça). Assim, resolve arriscar seu emprego testando o equipamento ao lado de seu amigo, Otávio (Fernando Ceylão). O detalhe é que Zero não parece ser uma pessoa muito equilibrada, pois nunca conseguiu se recuperar de um fora que levou 20 anos atrás. A responsável foi a linda modelo Helena (Alinne Moraes), que o largou para tentar a carreira internacional ao lado de Ricardo (Gabriel Braga Nunes). Como estava pensando nela quando foi testar a máquina, Zero acabou sendo transportado justamente para o dia da humilhação pública que representou o fim de seu relacionamento, durante uma festa a fantasia promovida pelos estudantes da universidade – e onde estão presentes todos os personagens citados anteriormente.

A partir desse ponto, o filme brinca com realidades paralelas e com as consequências de alterações feitas no tempo. O resultado é uma ficção científica e também cômica: leve, agradável e inteligente. Entretanto, não há nenhum aprofundamento científico sobre o tema, de modo que o seu amigo estudante de Física provavelmente vai achar muitos buracos e teimar que nada faz sentido. Ainda assim, as pessoas ‘normais’ embarcam facilmente na ideia da viagem no tempo.

Outro aspecto interessante é que, sem ter grandes pretensões de ser uma obra-prima do cinema nacional, O Homem do Futuro consegue levar para a tela uma aventura brasileira, com a qual as pessoas que vão ao cinema podem se identificar (professor chato e mal pago, festinha da turma, americanos querendo roubar nossa tecnologia, humilhação pública, essas coisas). Ao mesmo tempo, isso não deixa o filme incompreensível para outras culturas – o objetivo não é ser nacionalista, mas simplesmente contar uma boa história de um jeito interessante.

A única coisa que incomoda um pouco é essa constante de escalar atores com quarenta anos e tentar fazer o público acreditar que eles têm metade da idade. Eu já reclamei disso quando falei de VIPs e a questão persiste – inclusive com Wagner Moura cantando Legião Urbana mais uma vez. O filme acaba perdendo um pouco de credibilidade e ficando com um aspecto de brincadeira, embora isso caia nesse caso.

No geral, o filme é a pedida certa para um grupo de amigos, uma ida descompromissada ao cinema e até mesmo para toda a família. A única cena mais pesada é quando Alinne Moraes tira a roupa e aparece de perfil usando calcinha e meia arrastão, mas a construção da cena é bem discreta de modo que até dá para deixar o maridão assistir sem medo.

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2 recados

  1. Oba!
    Parece legal!
    Adoro filmes nacionais, e vou assistir este sem dúvida!
    Beijo Rê!

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  2. As críticas que eu andei lendo são bastante positivas... Bacana, vou tentar conferir no cinema!!

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