Divagações: Tonari no Totoro
23.11.11
Quatro anos após Kaze no tani no Naushika, a primeira parceria entre o diretor Hayao Miyazaki e o produtor Isao Takahata, é
lançado Tonari no Totoro. Esse é o
segundo filme do Studio Ghibli, fundado após o sucesso da primeira colaboração.
Também é a produção que emprestou um de seus personagens para o logotipo da
empresa, um carinho e reconhecimento merecido.
A história acompanha as duas
irmãs Satsuki (Noriko Hidaka), de 10 anos, e Mei (Chika Sakamoto), com
quatro, que se mudam com o pai para uma casa no interior do Japão. O bucólico local
havia ficado vazio por muitos anos, abrigando pequenas criaturas pretas que não
gostam de luz e fazem bastante sujeira. Embora estejam muito empolgadas com a
casa nova, as duas irmãs vivem um momento difícil, pois a mãe está internada em
um hospital próximo. Nessa fase de adaptação, elas contam com o apoio dos
vizinhos, especialmente do tímido Kanta (Toshiyuki Amagasa) e da senhora de
idade que cuidava da casa (Tanie Kitabayashi).
Ainda assim, Mei se sente sozinha e, quando vê uma estranha criatura branca
e semitransparente, decide brincar com ela – a todo custo. Durante a
perseguição, a menina cai em um buraco e conhece uma criatura que chama de
Totoro (Hitoshi Takagi). Identificado pelo pai das duas como um espírito da
floresta, Totoro começa a se envolver no cotidiano das meninas, trazendo mágica
e encantamento nos momentos mais difíceis. Inclusive, quando a irmã mais nova
desaparece após uma briga, é para Totoro que Satsuki implora por ajuda.
Embora a mensagem do filme seja bastante simples, a sensibilidade da
história faz com que Tonari no Totoro
não fique devendo para filme algum. A trama se desenrola sem pressa e com
delicadeza, aproveitando para trazer diversas referências a filmes da Disney,
algo que aproxima o filme a um conto de fadas. Comparações, obviamente, são
inevitáveis. De Alice in Wonderland a El laberinto del fauno (lançado
quase vinte anos depois), Tonari no Totoro se junta a esse time de excelentes histórias que misturam realidade e
imaginação de uma maneira que só as crianças são capazes de fazer. Ainda bem
que há cineastas com esse espírito bem conservado dentro de si.
Além disso, a evolução do trabalho é perceptível em relação a Kaze no tani no Naushika. Além de conter um
roteiro mais bem desenvolvido, a animação é de melhor qualidade e há uma maior
coerência interna. Obviamente, esse também é um filme mais simples e
direcionado a um público mais novo – ainda assim, não importa a sua idade, você
vai se encantar. Outro aspecto que merece destaque é a trilha sonora, que combina
perfeitamente com o todo. Obviamente, é difícil encontrar a perfeição e algumas
diferenças culturais podem incomodar um espectador ocidental. Para as idades
que possuem, as duas protagonistas são bastante independentes e encaram os
problemas de maneira quase adulta. O próprio Totoro poderia ser visto como um
monstro ou algo similar por um pai desavisado.
Ainda assim, é difícil quebrar
a magia da obra como um todo. Tonari no Totoro é um exemplo claro de como tratar as
crianças de maneira singela, mas sem subestimar a capacidade delas. É sensível
e delicado, sem vilões ou números musicais elaborados. Esse aspecto é em parte
explicado pelo caráter autobiográfico do filme, pois quando o diretor Hayao Miyazaki era criança, a mãe dele
sofreu com a tuberculose durante nove anos, passando muito tempo hospitalizada.
Ou seja, é uma mensagem enviada diretamente de uma criança que sofreu
para o seu coração – e me desculpem se eu sou piegas.
1 recados
Eu preciso fazer uma sessão desses animes. Além de serem bacanas, são sempre bem feitos e vale a pena. Só preciso vê-los!
ResponderExcluirAbs.