Divagações: Tonari no Totoro

Quatro anos após Kaze no tani no Naushika , a primeira parceria entre o diretor Hayao Miyazaki e o produtor Isao Takahata , é lançado ...

Quatro anos após Kaze no tani no Naushika, a primeira parceria entre o diretor Hayao Miyazaki e o produtor Isao Takahata, é lançado Tonari no Totoro. Esse é o segundo filme do Studio Ghibli, fundado após o sucesso da primeira colaboração. Também é a produção que emprestou um de seus personagens para o logotipo da empresa, um carinho e reconhecimento merecido.

A história acompanha as duas irmãs Satsuki (Noriko Hidaka), de 10 anos, e Mei (Chika Sakamoto), com quatro, que se mudam com o pai para uma casa no interior do Japão. O bucólico local havia ficado vazio por muitos anos, abrigando pequenas criaturas pretas que não gostam de luz e fazem bastante sujeira. Embora estejam muito empolgadas com a casa nova, as duas irmãs vivem um momento difícil, pois a mãe está internada em um hospital próximo. Nessa fase de adaptação, elas contam com o apoio dos vizinhos, especialmente do tímido Kanta (Toshiyuki Amagasa) e da senhora de idade que cuidava da casa (Tanie Kitabayashi).

Ainda assim, Mei se sente sozinha e, quando vê uma estranha criatura branca e semitransparente, decide brincar com ela – a todo custo. Durante a perseguição, a menina cai em um buraco e conhece uma criatura que chama de Totoro (Hitoshi Takagi). Identificado pelo pai das duas como um espírito da floresta, Totoro começa a se envolver no cotidiano das meninas, trazendo mágica e encantamento nos momentos mais difíceis. Inclusive, quando a irmã mais nova desaparece após uma briga, é para Totoro que Satsuki implora por ajuda.

Embora a mensagem do filme seja bastante simples, a sensibilidade da história faz com que Tonari no Totoro não fique devendo para filme algum. A trama se desenrola sem pressa e com delicadeza, aproveitando para trazer diversas referências a filmes da Disney, algo que aproxima o filme a um conto de fadas. Comparações, obviamente, são inevitáveis. De Alice in Wonderland a El laberinto del fauno (lançado quase vinte anos depois), Tonari no Totoro se junta a esse time de excelentes histórias que misturam realidade e imaginação de uma maneira que só as crianças são capazes de fazer. Ainda bem que há cineastas com esse espírito bem conservado dentro de si.

Além disso, a evolução do trabalho é perceptível em relação a Kaze no tani no Naushika. Além de conter um roteiro mais bem desenvolvido, a animação é de melhor qualidade e há uma maior coerência interna. Obviamente, esse também é um filme mais simples e direcionado a um público mais novo – ainda assim, não importa a sua idade, você vai se encantar. Outro aspecto que merece destaque é a trilha sonora, que combina perfeitamente com o todo. Obviamente, é difícil encontrar a perfeição e algumas diferenças culturais podem incomodar um espectador ocidental. Para as idades que possuem, as duas protagonistas são bastante independentes e encaram os problemas de maneira quase adulta. O próprio Totoro poderia ser visto como um monstro ou algo similar por um pai desavisado.

Ainda assim, é difícil quebrar a magia da obra como um todo. Tonari no Totoro é um exemplo claro de como tratar as crianças de maneira singela, mas sem subestimar a capacidade delas. É sensível e delicado, sem vilões ou números musicais elaborados. Esse aspecto é em parte explicado pelo caráter autobiográfico do filme, pois quando o diretor Hayao Miyazaki era criança, a mãe dele sofreu com a tuberculose durante nove anos, passando muito tempo hospitalizada. Ou seja, é uma mensagem enviada diretamente de uma criança que sofreu para o seu coração – e me desculpem se eu sou piegas.

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1 recados

  1. Eu preciso fazer uma sessão desses animes. Além de serem bacanas, são sempre bem feitos e vale a pena. Só preciso vê-los!

    Abs.

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