Divagações: The Girl with the Dragon Tattoo

Antes de tudo preciso dizer que não li o livro de Stieg Larsson , que deu origem a esse filme, e também não vi a filmagem sueca, Män som ...

Antes de tudo preciso dizer que não li o livro de Stieg Larsson, que deu origem a esse filme, e também não vi a filmagem sueca, Män som hatar kvinnor, lançada em 2009 e com Noomi Rapace e Michael Nyqvist no elenco. Dessa forma, acredito que o conteúdo dessa resenha possa resultar bastante incompleto para quem conhece melhor o material. Ao mesmo tempo, também acredito serem válidas as impressões de quem chegou na sala de cinema sabendo muito pouco a respeito do que iria encontrar.

The Girl with the Dragon Tattoo conta a história de como Mikael Blomkvist (Daniel Craig) e Lisbeth Salander (Rooney Mara) se conheceram e passaram a trabalhar juntos. Ele é um jornalista que cometeu o erro de confiar em uma única fonte anônima, sendo condenado pela justiça a pagar uma grande multa por calúnia. Ela é uma jovem problemática de 23 anos que está sob a tutela do estado, mas, ainda assim, consegue trabalhar muito bem como investigadora. Aliás, a princípio, ele é investigado por ela. O contratante é Henrik Vanger (Christopher Plummer), um grande empresário que quer descobrir o que realmente aconteceu com sua sobrinha-neta, desaparecida há quarenta anos. Precisando de dinheiro, Blomkvist aceita o trabalho de investigar toda a estranha família do empresário, mas descobre que precisa de uma assistente para lidar com tanta informação. Enquanto ele lida com as pessoas e faz o trabalho de campo, Lisbeth se encarrega da pesquisa.

O filme aborda um contexto mais amplo que a investigação. Somos levados a conhecer a intimidade dos dois protagonistas, que caminham separados por um bom tempo até se encontrarem – chega a ser estranho acompanhar duas histórias tão distintas por tanto tempo. Assim, quando a questão com a família problemática também encontra sua conclusão, continuamos acompanhando como cada personagem lida com sua vida pessoal. É um final bem mais longo que o usual para um filme de Hollywood, incomodando um pouco aqueles que por ventura não estejam preparados para passar mais de duas horas e meia dentro do cinema.

Além disso, a história é estranhamente centrada nos investigadores, mas não exatamente na investigação. Os demais personagens entram nesse contexto como sendo pouco dignos de confiança e todos são, de certa forma, suspeitos de alguma coisa. Erika Berger (Robin Wright) é a adúltera namorada do jornalista, Nils Bjurman (Yorick van Wageningen) é o controlador tutor da investigadora, Martin Vanger (Stellan Skarsgård) é o prestativo irmão da desaparecida, Dirch Frode (Steven Berkoff) é o quieto braço-direito do poderoso empresário, Cecilia Vanger (Geraldine James) é a prima mau-humorada da desparecida e, por fim, Anita Vanger (Joely Richardson) é a que aparenta ser a pessoa mais normal do família.

Passado inteiramente na Suécia, inclusive mantendo nomes de personagens e cidades, The Girl with the Dragon Tattoo realmente é algo diferente do habitual. Ainda assim, é um filme de David Fincher, como a cena inicial faz questão de lembrar. Extremamente estilizada e preta, a sequência coloca o espectador automaticamente no clima do filme ao retratar, de acordo com o próprio diretor, o inconsciente da protagonista em uma espécie de pesadelo.

Assim, na fria Suécia, os ricos não são presos, as mulheres são abusadas e os pobres têm poucas chances de sair do lugar. Primeiro mundo, né? Ninguém está livre de culpa. Em algumas cenas mais fortes, inclusive, vemos que o mundo não é bom para ninguém – então, não adianta chorar, é preciso levantar a cabeça e sobreviver. Não é exatamente algo muito feliz.

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