Divagações: Pride & Prejudice

Com mais de 10 adaptações de Pride and Prejudice para o cinema e a televisão, a autora Jane Austen , falecida em 1817, se mostra popular ...

Com mais de 10 adaptações de Pride and Prejudice para o cinema e a televisão, a autora Jane Austen, falecida em 1817, se mostra popular e bem-sucedida. Eterno sucesso entre moças românticas, a obra de Jane é obrigatória em qualquer livraria – e esse livro mais do que qualquer um dos outros. Quando filmado, ele é sempre único e alcança níveis elevados de suspiros.

Nessa versão de 2005, Pride & Prejudice traz um elenco jovem feminino que chama a atenção: Keira Knightley, Rosamund Pike, Jena Malone, Carey Mulligan, entre outras. Para acompanhar a energia dessas meninas, o filme usa de todos os recursos possíveis para parecer mais moderninho, especialmente uma fotografia que ressalta as cores e alguns movimentos de câmera criativos, que valorizam a juventude. Na narrativa, poucos elementos do original foram cortados, dando a sensação de que tudo acontece muito rapidamente. Por ser uma novela, o livro tem um ritmo mais lento e reflexivo, de maneira que frequentemente é adaptado com sucesso para o formato de minissérie.

Para quem não conhece, Pride & Prejudice conta a história das cinco irmãs Bennet, com um foco maior nas duas mais velhas. A primeira é a linda e romântica Jane (Rosamund Pike), que se apaixona pelo rico e recém-chegado à região, Mr. Bingley (Simon Woods com um topete absurdo). A segunda é a intelectual Elizabeth (Keira Knightley), que não demora a soltar faíscas contra o melhor amigo do pretendente da irmã, Mr. Darcy (Matthew Macfadyen). O decorrer da trama é cheio de idas e vindas, transtornos e mal-entendidos até que, por fim, bom, eu é que não vou contar – mas garanto que o título vai fazer todo sentido.

Abusando do figurino e dos cenários maravilhosos, a rapidez da história não chega a incomodar muito. Afinal, os personagens de Jane Austen são bem construídos e suas ações fazem sentido absoluto dentro do contexto. Como admiradora da escritora, meus elogios são dignos de suspeita, mas é impossível para mim afastar o filme do material original. Além disso, o roteiro adaptado por Deborah Moggach (com uma leve ajuda de Emma Thompson) alcançou bons resultados por ser fruto de um trabalho cuidadoso.

Assim, os momentos de não fidelidade à obra são visíveis para mim, embora eu acredite que eles não cheguem a destoar. A relação entre as duas irmãs é um pouco menos aberta e alguns personagens, como Mr. Wickman (Rupert Friend) e Charlotte Lucas (Claudie Blakley), perderam espaço. Outro ‘desperdício’ é a presença tão pouco explorada de uma atriz como Judi Dench no elenco. De qualquer forma, a personagem Lady Catherine de Bourg nunca foi de muito destaque (esperem por Pride and Prejudice and Zombies). A propósito, o retrato da sociedade da época acaba ficando em segundo plano, atrás da história de amor e de todas as idas e vindas. Para acentuar a diferença social entre Elizabeth e Mr. Bingley, a família é retratada como ainda mais humilde e surgem alguns pontos estranhos.

Quem não está em busca de um tratado sociológico, no entanto, vai encontrar em Pride & Prejudice um romance envolvente, interessante e bonito, sem cenas exageradas (pais, podem ficar tranquilos) e, ainda assim, capaz de agradar todas as idades. Os rapazes que forem obrigados a ver podem achar meloso demais, mas existe uma grande chance deles também acabarem torcendo para que tudo dê certo no final.

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