Divagações: Battleship
10.5.12
Antes da estreia do unânime The Avengers, as bilheterias americanas viam o confronto de dois filmes que, mesmo com um plano de fundo similar, não poderiam exibir um desenvolvimento mais distinto. Sim, estou falando de Titanic em sua versão 3D e Battleship, que só agora chega aos cinemas brasileiros.
Antes de falar sobre o filme preciso acrescentar que, pessoalmente, adoro jogos de tabuleiro, dos mais clássicos aos modernos, dos simples a aqueles excessivamente complexos. Esse só não é um hobby que levo a sério pela ausência de títulos mais novos no mercado nacional e pelos altos custos de importação. Porém, mesmo sendo um entusiasta não posso dizer que fazer um filme baseado em um deles seja necessariamente uma boa ideia. Uma coisa é se basear em uma franquia onde é possível estabelecer uma história, como a Hasbro já fez com Transformers e G.I. Joe, mas será que é possível atingir um bom resultado com algo inspirado em uma coisa abstrata como um jogo de batalha naval?
De qualquer modo, seria mais correto seria dizer que esse filme é baseado apenas em alguns elementos específicos do jogo, pois há uma sequência que emula a jogabilidade em grid do produto original – mas nada além, para o bem ou para o mal. Felizmente, ele não peca na ação e trás cenas empolgantes de combate e um desenvolvimento de roteiro bastante satisfatório, que nos carrega bem até o clímax do filme.
Alex Hooper (Taylor Kitsch) é um sujeito irresponsável e orgulhoso que é forçado pelo seu irmão, o comandante Stone Hooper (Alexander Skarsgård), a servir na marinha como uma forma de encontrar um caminho em sua vida. Apesar de ser um soldado talentoso e subir rapidamente de patente, Alex ainda se mostra incapaz de seguir ordens e de ter a disciplina necessária para a função, colocando em risco sua carreira na armada. Assim, quando um grupo de alienígenas chega a terra (aparentemente atraídos por um programa de comunicação da NASA implantado no Havaí) e cerca as ilhas com um campo de força, cabe a um pequeno contingente de navios combater a ‘ameaça’.
A impressão que tive é que essa foi uma tentativa de fazer uma espécie de Transformers, mas com menos apelo juvenil e voltado a um publico mais adulto, já que transpiram referências visuais e musicais a série de maior sucesso da Hasbro. Uma cacofonia visual de cenas em câmera lenta, lens flare, e cortes rápidos só deixa transparecer a inspiração. No entanto, ao contrário da série predecessora, Battleship se mostra mais interessante em longo prazo, mesmo que só um pouco. Afinal, mesmo com um roteiro raso, temos personagens um pouco mais sólidos e com mais personalidade do que os robôs impessoais de Michael Bay. Só não esperem demais, já que o humor é tão pueril e insatisfatório quanto o das franquias citadas, o que pode ser um ponto negativo para muitos.
Mesmo assim, tenho de parabenizar o diretor Peter Berg e a sua equipe de roteiristas pela sutil desconstrução do gênero que existe em uma camada mais profunda do filme, sem que isso estrague a experiência daqueles que só foram para o cinema ver um filme de ação descerebrada. Não quero estragar as surpresas de ninguém, mas só peço para que os espectadores observem as atitudes dos pretensos antagonistas para decidir se o roteiro é tão furado quanto parte da crítica quer que acreditemos.
Battleship foi efetivamente o primeiro pontapé dos frenéticos filmes de verão e não se saiu especialmente mal nisso. Mesmo sendo inferior a The Avengers na maior parte dos aspectos, consegue se sustentar bem e funciona como uma opção válida para aqueles que querem ir no cinema só para aproveitar. Certamente, esse não é um filme brilhante ou memorável, mas empolga e diverte na medida certa, servindo como um alento para os que sentiam falta de um filme como Transformers.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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