Divagações: Prometheus
12.6.12
Com o perdão do trocadilho, desde o primeiro trailer, Prometheus prometia muito. Não por ser uma obra de proporções épicas, mas por atiçar uma legião de fãs de ficção cientifica que esperavam um produto no nível do primeiro Alien – sobretudo se pensarmos em toda a especulação sobre a participação deste filme na cronologia da série. Ou seja, se não funcionasse, corações seriam partidos, lágrimas escorreriam e a decepção seria certa.
A história se passa em 2093, quando uma equipe de pesquisa arqueológica liderada pela doutora Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e pelo doutor Peter Weyland (Guy Pearce) descobre, entre uma série de obras pré-históricas, um mapa estelar que poderia levar aos ‘criadores’ da raça humana. Por isso, é lançada a nave Prometheus com a missão de averiguar esta possibilidade ao mesmo tempo em que protege os interesses corporativos da empresa que os financiou, a já conhecida Weyland Corporation, personificada pela comandante Meredith Vickers (Charlize Theron).
O que temos com isso é um filme de ficção-científica e suspense com um clima muito mais próximo ao primeiro Alien do que as iterações mais recentes da franquia. Mesmo assim, por ter uma ambientação mais aberta, o filme peca um pouco em gerar tensão, uma vez que as ameaças parecem muito mais distantes do que na claustrofóbica Nostromo. Dessa forma, o perigo real só vem da ignorância dos personagens e não da construção crível do roteiro, o que não deixa de ser bastante irritante. Já que os cientistas não agem como cientistas, ninguém se digna a explicar exatamente o que está acontecendo e as coisas ficam por isso mesmo.
Falando nos personagens, suas motivações não são muito claras e falta um pouco do desenvolvimento necessário para fazer com que nos apeguemos a esta ou aquela pessoa – ou para vermos um antagonista claro em toda a história. O que é verdadeiramente uma pena, pois o filme é muito bem executado na escala macro, já que todo o universo e seu subtexto são pensados em detalhes. Isso, claro, não muda o fato de que as atuações individuais são bastante empolgantes, sobretudo no caso de Michael Fassbender, que dá um tom único ao androide David.
Visualmente, o filme é lindíssimo. Com um 3D ‘de verdade’, um áudio excepcional e um cuidado nos detalhes técnicos de dar inveja em grandes blockbusters. Sugiro, dessa forma, que o filme seja visto do modo que foi idealizado e em uma sala que respeite o expectador, já que isso é integralmente parte da experiência cinematográfica.
Então, no final das contas, Prometheus decepciona ou não? A resposta não é tão simples quanto parece a princípio. Para quem esperava um prequel de Alien, inclusive com a mesma densidade, certamente vai ter o que reclamar. Seja pelos inúmeros erros científicos na história ou pelo modo cru com que certos temas mais densos se desenvolvem. No entanto, quem se contenta com uma obra em separado pode conseguir relevar estes problemas e aproveitar o filme com mais tranquilidade.
Sendo talvez o trabalho mais ambicioso de Ridley Scott até o momento, Prometheus é um filme bom e extremamente bem feito, mas que tinha potencial para ser muito melhor. Não indico de maneira alguma esperar a versão em DVD ou Blu-Ray, justamente por que esse é um filme para se assistir na tela grande. Mantenham a calma, relevem alguns erros e curtam a experiência. Se quiserem explicações melhores mesmo depois de tudo isso, aguardem: nessas situações uma ‘versão do diretor’ é praticamente inevitável.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
2 recados
Eu achei o filme bem ruim pelos trailers. Não me dá vontade de ver não...
ResponderExcluirO filme decepciona. Alien de 1979 dá de goelada em tudo, menos em efeitos, lógicamente. Perdeu-se a chance de se fazer um ótimo filme. Triste.
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