Divagações: The Amazing Spider-Man
3.7.12
Aposto que não sou apenas eu que estranhou a decisão de um reboot em uma franquia relativamente nova – sobretudo considerando que o infame último filme de Sam Raimi saiu há apenas cinco anos. Quer seja para atrair um publico mais novo ou apenas uma tentativa desesperada de segurar os direitos de produção do personagem por mais algum tempo, o fato é que um novo capitulo da saga do cabeça de teia chega aos cinemas, tentando pegar carona na óbvia onde de super-heróis que só ficou mais forte depois do sucesso das produções do Marvel Studios.
Assim, como na sua encarnação anterior, The Amazing Spider-Man nos coloca frente a Peter Parker (Andrew Garfield), um jovem comum, angustiado pelos problemas comuns da adolescência e pela sua infância difícil. Seus dias na escola são divididos pelas constantes provocações dos colegas e por sua admiração por Gwen Stacy (Emma Stone). Tudo isso muda quando ele descobre detalhes sobre o projeto em que seu falecido pai estava trabalhando. Parker, então, procura pelo doutor Curtis Connor (Rhys Ifans), um renomado bioquímico que busca a formula para a manipulação genética entre espécies. Seu envolvimento no projeto, no entanto, é afetado quando ele é picado por uma aranha geneticamente modificada e passa a apresentar estranhos poderes.
Na verdade, uma sinopse é quase dispensável, visto que os filmes com Tobey Maguire no papel do protagonista ainda estão muito frescos no imaginário popular e as únicas mudanças são na forma de retratar o passado do personagem. Sai Mary Jane Watson, entra Gwen Stacy, a primeira namorada do herói nos quadrinhos. Além disso, mais detalhes sobre os pais de Peter Parker são inseridos na história, de forma a dar um pouco mais de densidade à trama. O vilão, por sua vez, é bem mais ligado a essa cruzada pessoal do que apenas um antagonista e funciona bem, apesar de ter pouca presença em tela.
Um elogio que tenho a fazer é que esta representação do personagem está realmente muito interessante e bem fiel aos quadrinhos. Apesar das comparações óbvias entre as interpretações de Garfield e Maguire (é certo que este último é bem mais crível no papel de um nerd fracote) é clara a atenção aos detalhes próprios da mitologia do Spider-Man, assim como da sua personalidade mais bem humorada e irresponsável. O roteiro também deixa transparecer bem mais os conflitos internos do personagem, que ainda não se acostumou com a responsabilidade que os poderes trazem. Também devo estender esse elogio a Emma Stone, que está bem mais interessante no papel, representando mais do que um mero interesse amoroso do protagonista.
A ação, os efeitos especiais e o 3D, apesar de não decepcionarem, não são tão bem aproveitados como poderiam. As cenas em primeira pessoa que colocaram muitos em alerta após o primeiro trailer são utilizadas com moderação e não deixam o filme com aspecto de videogame. Na verdade, posso dizer que o maior defeito do filme é justamente colocar um vilão, já que a primeira metade do filme – onde o protagonista é efetivamente o ‘amigão da vizinhança’ – é de longe a mais empolgante. Dessa forma, é colocado um tom que poderia muito bem sobressair o filme todo, mas que descamba para um drama quase que previsível.
De todo modo, The Amazing Spider-Man é um filme bastante recomendado para os fãs (mesmo casuais) do personagem e de tudo o que ele representa no universo Marvel. Afinal, o filme repagina muito bem a franquia, o colocando muito mais próximo da sua contraparte dos quadrinhos – sobretudo do universo Ultimate. Por outro lado, aqueles que não ligam muito para o herói podem reclamar – e com razão – da redundância de recontar essa origem com poucas mudanças em relação à versão anterior. De todo modo, o filme não deixa de ser uma produção divertida para as férias e um reboot bem sucedido, mesmo não apresentando muitas novidades.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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