Divagações: Twelve Monkeys

Quem pensa que o diretor Terry Gilliam , um dos favoritos aqui do blog, significa apenas comédias ou sonhos fantásticos e coloridos, defi...

Quem pensa que o diretor Terry Gilliam, um dos favoritos aqui do blog, significa apenas comédias ou sonhos fantásticos e coloridos, definitivamente não viu Twelve Monkeys. Filmado em 1995 e lançado no início de 1996 na maior parte do mundo, esse filme é mais um na lista de futuros pós-apocalípticos sujos e corruptos – além de ser considerado um dos melhores filmes de todos os tempos pelos votantes do Internet Movie DataBase (IMDb).

Twelve Monkeys se passa no futuro e conta a história de James Cole (Bruce Willis). Desde os oito anos, ele é mantido cativo em uma prisão subterrânea até ser escolhido para uma missão na superfície do planeta, um local inabitável para os humanos desde 1996, quando um terrível vírus matou cinco bilhões de pessoas. Ele se destaca e acaba sendo selecionado para uma missão no passado, onde deve identificar a origem do vírus de modo que cientistas do presente dele possam descobrir a cura.

Em um primeiro momento, ele viaja para 1990, onde acaba em uma instituição psiquiátrica. Lá, conhece o interno Jeffrey Goines (Brad Pitt) e a psiquiatra Kathryn Railly (Madeleine Stowe), pessoas que reencontra em viagens subsequentes. Sua missão é descobrir e rastrear as origens de uma organização conhecida como Exército dos 12 Macacos, responsável por espalhar o tal vírus pelo planeta. Como ficou preso desde a infância, Cole vai descobrindo as sutilezas do mundo e as consequências de viagens no tempo ao mesmo tempo em que o espectador.

Remake do francês La Jetée, de 1962, esse ‘novo’ filme não conta com tantas inventividades narrativas e segue o padrão hollywoodiano e todas as suas fórmulas de sucesso – há um pouco de ação, ficção científica, apelo histórico e até um romance. Além de não se utilizar de fotografias em preto e branco, a adaptação substituiu a Terceira Guerra Mundial por ameaças biológicas, cortou a narração e o protagonista não é mais um escravo. De qualquer forma, a história por si só já traz seu diferencial e é bem interessante.

Visualmente, há uma mistura do aspecto pós-apocalíptico de filmes como Blade Runner e The Terminator com o exagero poético típico dos filmes de Terry Gilliam (especialmente nas cenas com os cientistas). Em Twelve Monkeys a combinação pendeu para o lado obscuro e o futuro parece trágico. Infelizmente, por se prender tanto em datas, o filme ficou ainda mais marcado e perde muito do seu efeito quando o vírus deveria ter sido espalhado há alguns anos. Mesmo assim, dá para perceber claramente o efeito que teve na época, quando as predições estavam prestes a acontecer. A janela de tempo entre o lançamento do filme e o fim da humanidade como ele anunciava era realmente muito curta e se ajustava ao sentimento de tensão que o filme tentava passar.

Acompanhado por boas atuações, o filme é perfeito tecnicamente e aumenta seu universo aos poucos, com o apoio de diálogos eficientes. Twelve Monkeys fala sobre a esperança e a tempera com desespero. Com um protagonista atormentado desde o princípio, o espectador fica sempre no limiar entre a confiança e a dúvida. Assim, esse não é um filme leve ou bonitinho, mas é uma obra que faz pensar e é assustadoramente real – você pode até negar a existência de viagens no tempo, mas não a possibilidade de uma ameaça como essa.

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