Divagações: Moneyball

O beisebol não é um esporte muito praticado no Brasil. Não temos muita tradição na área e nem jogadores que sejam famosos por aqui. Assim...

O beisebol não é um esporte muito praticado no Brasil. Não temos muita tradição na área e nem jogadores que sejam famosos por aqui. Assim, um filme sobre o assunto também não tem muito apelo, como é o caso de Moneyball. No entanto, garanto que não é preciso entender muito sobre o esporte, pois estamos falando de um filme e não de uma partida (é claro que gostar não faz mal a ninguém).

O foco dessa produção está em Billy Beane (Brad Pitt), um ex-jogador que agora administra um time profissional de pequeno porte. Ele é responsável por escolher jogadores e fazer negociações, tendo um conselho experiente (e praticamente idoso) a sua disposição. Depois de ter chegado até a final e perdido, Beane precisa repor jogadores estratégicos, que agora foram para times maiores e está encontrando dificuldades para melhorar a equipe tendo tão pouco dinheiro.

Dessa forma, ele acaba se simpatizando com um jovem economista chamado Peter Brand (Jonah Hill), que coloca as habilidades dos jogadores em números e transforma tudo em um processo matemático, valorizando não os indivíduos, mas as potencialidades somadas da equipe. Essa nova forma de montar um time acaba trazendo grandes economias, mas encontra certa resistência, especialmente dentro do conselho e com relação ao técnico, Art Howe (Philip Seymour Hoffman).

Passado no início desse século, é até estranho pensar em como essa história é recente. Atualmente, os computadores estão tão presentes no cotidiano (e nos esportes) que chega a ser difícil pensar que pouco tempo atrás existia uma resistência a analisar jogadores de uma maneira mais calculada. O fato da namorada ser feia realmente indica que falta confiança para essa pessoa? O que é efetivamente relevante na hora de trazer alguém para a equipe?

Uma vantagem do filme, nesse ponto, é que ele se baseia em fatos reais. Ou seja, não dá para contar com um maravilhoso final redentor – talvez ele venha, mas talvez não. Assim, os clichês de uma obra do gênero podem ser quebrados a qualquer momento, assim como os protagonistas estão tentando mudar a maneira das pessoas pensarem o jogo. Obviamente, o que eles estão fazendo aparece sob uma luz positiva, mas no decorrer da história passamos a duvidar. Será que eles não estão matando o ‘beisebol arte’, se é que isso existe?

De qualquer modo, quem adora ação e movimento pode se decepcionar com os constantes olhares de Brad Pitt para o horizonte. Moneyball não tem grandes cenas de esporte, mas coloca a tensão – sim, essa você vai encontrar – na estratégia. Todo o trabalho é realizado com base na pressão e as negociações não param. O emprego de um pai, a carreira de um economista, o apoio dos investidores: tudo está sempre por um fio.

Em uma época em que se fala da falta de amor à camisa, Moneyball mostra um lado interessante da questão, onde times precisam alcançar resultados para continuar existindo e/ou crescer. Assim, administradores, técnicos e jogadores devem se comportar como profissionais para atingir esses objetivos. No entanto, as relações entre as pessoas não precisam ficar mais frias, justamente porque estamos falando de esportes de equipe. É um equilíbrio delicado e difícil de atingir.

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