Divagações: The Hobbit - An Unexpected Journey

Há nove anos, algo mágico estava concluído. The Lord of the Rings: The Return of the King representava o fim de uma das trilogias mais a...

Há nove anos, algo mágico estava concluído. The Lord of the Rings: The Return of the King representava o fim de uma das trilogias mais amadas e lucrativas do cinema. No entanto, a obra de J.R.R. Tolkien e toda a sua vastidão não puderam ser ignoradas, especialmente por possuírem ligações diretas com aquela história. Aquisições de direitos, negociações entre estúdios, questões legais, discordâncias com herdeiros e outros problemas acabaram atrasando os planos de muitas pessoas – como Guillermo del Toro, que queria dirigir, mas acabou abandonando o barco após três anos de pré-produção. Tudo bem! The Hobbit: An Unexpected Journey estava destinado para Peter Jackson, Martin Freeman e companhia.

Todo esse tempo e esse esforço, claro, trouxeram para o filme uma aura de adoração e nostalgia. As belas paisagens e as músicas compostas por Howard Shore, principalmente, transportam o espectador para outros tempos e deixam uma sensação estranha no ar, a mistura da alegria de um reencontro com a desconfiança de uma repetição. Em um momento inicial, a primeira é mais forte e espero que isso continue à medida que o tempo passar.

The Hobbit: An Unexpected Journey conta a história de como o jovem hobbit Bilbo (Martin Freeman) encontrou o famoso anel de The Lord of the Rings. Isso acontece após Gandalf (Ian McKellen) o convidar para participar de uma aventura na companhia de treze anões, liderados por Thorin (Richard Armitage). O objetivo do grupo é recuperar um antigo reino dos anões, uma montanha repleta de riquezas que foi conquistada por um terrível dragão. Embora não possa fazer muita coisa para ajudar, Bilbo é esperto e curioso, características que o fazem seguir em frente e mostrar o seu valor.

Quem conhece o livro, contudo, se questiona como uma história tão simples irá se transformar em uma trilogia de características épicas, ainda mais com o primeiro filme tendo quase três horas de duração. A resposta já foi adivinhada por muitos: com a inclusão de materiais vindos de outras obras de Tolkien, algumas cenas criadas especialmente para trazer velhos conhecidos de volta à tela e uma bela dose de imaginação. Em certos aspectos, isso pode ter custado a atmosfera mais leve da obra original. Mesmo assim, deve-se levar em consideração que não é mais possível contar essa história sem consultar os demais materiais produzidos pelo autor ou levar em consideração as referências que o público já possui.

Por mais que algumas cenas sejam forçadas, o filme continua sendo um material muito bem cuidado, produzido por fãs para fãs. Na verdade, The Hobbit: An Unexpected Journey parece ser uma versão estendida dele mesmo, com canções, histórias e algumas interessantes inclusões. A melhor delas talvez seja a participação de Sylvester McCoy, maravilhosamente caracterizado como o mago Radagast. Já Galadriel (Cate Blanchett) e Saruman (Christopher Lee) participam apenas de um estranho conselho que nada decide. A questão, no entanto, é: será que a versão dos cinemas deve ser a mais completa, a mais fiel ou a mais comercial?

Qualquer que seja a sua opinião, Peter Jackson escolheu (e conseguiu fazer) a mais completa. Isso significa que esse talvez não seja o filme mais fluido que você já assistiu e nem o mais excitante. Ainda assim, ele tem grande apelo para os admiradores da trilogia já realizada, para os saudosistas e para admiradores do mundo criado por Tolkien – tentando não ser exclusivo para esse público.

Com uma sucessão de momentos emocionantes, o filme impressiona na criatividade usada nas cenas de batalha. Os anões divertem sem serem usados como alívio cômico, aparecendo como pequenos e habilidosos guerreiros que se metem em situações não muito nobres durante a jornada. Não há exércitos numerosos, mas brigas corpo a corpo e muita correria. Esses momentos são intercalados por conversas que criam e dissolvem tensões, além da ocasional aparição de histórias que deixam claro que há mais coisas acontecendo na Terra-Média.

Como isso será estendido com a mesma qualidade por mais dois filmes? Não sei. Dizem que a aventura propriamente dita acabará em The Hobbit: The Desolation of Smaug e que The Hobbit: There and Back Again fará a ponte entre esses filmes e The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring. Pessoalmente, vou aguardar para ver mantendo a minha crença de que esse legado está nas mãos certas.

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