Divagações: The Last Stand

Arnold Schwarzenegger está, definitivamente, de volta aos cinemas. Chega de participações especiais e papeis pequenos! Em The Last Stand...

Arnold Schwarzenegger está, definitivamente, de volta aos cinemas. Chega de participações especiais e papeis pequenos! Em The Last Stand, ele é a estrela principal, o rosto nos pôsteres, o nome em letras garrafais. Sua presença ofuscou até o esperado início da carreira internacional do diretor coreano Jee-woon Kim. De qualquer modo, o personagem também é apropriado: um xerife honrado e trabalhador que irá impedir a fuga de um criminoso condenado à pena de morte em uma cidade na fronteira com o México.

A história começa com uma operação liderada pelo agente do FBI John Bannister (Forest Whitaker). No entanto, o poderoso traficante Gabriel Cortez (Eduardo Noriega) colocou sua própria intervenção em andamento. Ele sequestra a agente Ellen Richards (Genesis Rodriguez) e parte em alta velocidade com um carro mais rápido que um helicóptero. No caminho, numerosas equipes suas vão destruindo barreiras policiais e liberando a passagem, deixando o FBI e as equipes de elite para trás.

Enquanto isso, em uma pequena cidade na fronteira, o xerife Ray Owens (Arnold Schwarzenegger) tenta tirar um dia de folga, mesmo com a incompetência de sua reduzida equipe, formada pela certinha Sarah Torrance (Jaimie Alexander), o inexperiente Jerry Bailey (Zach Gilford) e o gordinho Mike Figuerola (Luis Guzmán). Quando eles são informados que precisarão enfrentar um time de atiradores e um veículo em alta velocidade, pedem auxílio para o colecionador de armas Lewis Dinkum (Johnny Knoxville) e, por incrível que pareça, para o único preso da cidade, Frank Martinez (Rodrigo Santoro).

The Last Stand tem algum potencial, mas ele se perde assim que a perseguição começa. A minha teoria a respeito do que aconteceu é baseada naquela que diz que, para um personagem parecer realmente inteligente, é adicionada uma dose de burrice a todos os demais. Nesse caso, o objetivo é transformar o protagonista na única pessoa competente da segurança pública estadunidense. O tamanho do despreparo de todos os demais é gigantesco e o personagem de Forest Whitaker se perde em tamanha falta de movimentação.

Além disso, elementos da bobagem anunciada surgem na figura do patético prefeito da cidade que estaciona em local proibido (Titos Menchaca), mas não param por aí. Ao invés de focar na tensão da situação, o filme procura desesperadamente criar frases feitas marcantes para Schwarzenegger, aposta em alívios cômicos estranhos como o personagem de Knoxville e tenta inserir um romance entre Jaimie Alexander e Rodrigo Santoro. É muita coisa para algo que poderia ser mais simples e eficiente.

Dessa forma, quando finalmente chega o esperado momento, algumas pessoas podem estar torcendo pela próxima manobra incrível a ser realizada pela equipe do bandido. Inclusive, eu acho que virar o jogo e transformar o vilão no protagonista seria algo muito mais emocionante. Imagine, só! Viajar em alta velocidade pelos Estados Unidos, atravessar barreiras policiais, despistar helicópteros e participar de tiroteios deve ser muito emocionante. Bom, parece mais legal que ter de aguentar um bando de caipiras caminhando para a morte.

Como filme de perseguição, The Last Stand tem apenas uma boa cena. Como ação, ele é um pouco monótono. Como policial, ele se esforça. O filme se perde ao tentar criar expectativas e não chega a provocar emoções em quem assiste. Sinceramente, o grande retorno de Arnold Schwarzenegger perdeu um pouco de seu brilho e tenho minhas dúvidas quanto à recuperação de sua imagem. Ele não é mais um mocinho e um filme novo não pode viver das lembranças dos velhos tempos; é preciso conquistar novos públicos, algo que The Last Stand nem parece preocupado em fazer.

RELACIONADOS

0 recados