Divagações: Office Space

Existem filmes que trazem um ar de novidade para o gênero. Por mais que Office Space tenha sido lançado em 1999 (e gerado alguns filhote...

Existem filmes que trazem um ar de novidade para o gênero. Por mais que Office Space tenha sido lançado em 1999 (e gerado alguns filhotes), ele ainda é uma comédia única. Isso acontece, principalmente, porque os clichês da história não incomodam quando há um trabalho criativo por trás. Nesse caso, trata-se do diretor e roteirista Mike Judge, que se baseou em sua própria série de curtas animados – e não foi completamente fiel ao próprio trabalho.

Lançados no início da década de 1990, desenhados e dublados integralmente por seu criador e exibidos no Saturday Night Live e em programas da MTV, os curtas Milton traziam como protagonistas um funcionário que tem sua mesa transferida para o porão e seu chefe abusivo e opressor. Em Office Space, Milton Waddams (Stephen Root) e Bill Lumbergh (Gary Cole) estão presentes como personagens secundários, responsáveis pelos pequenos momentos mais escrachados ao longo do filme.

Assim, o posto de protagonista foi assumido por Peter Gibbons (Ron Livingston), um jovem programador que odeia a empresa onde trabalha e acredita que cada novo dia é o pior dia de sua vida. Para tentar resolver essa situação, ele resolve participar de uma sessão de hipnose. No entanto, o médico morre antes de estalar os dedos, deixando Peter em um estado de profundo relaxamento por alguns dias. Os eventos que se seguem mudam não só a vida de Peter, mas a da garçonete por quem ele é apaixonado, Joanna (Jennifer Aniston), e as de seus dois melhores amigos, Michael Bolton (David Herman) e Samir Nagheenanajar (Ajay Naidu).

Obviamente, nenhum ato tem a mesma consequência que teria no mundo real, mas todos estão tão infelizes com seus trabalhos e a empresa é um ambiente tão absurdo, que o espectador compra as situações e se envolve. Entre os grandes dramas dos personagens estão a impressora que não funciona direito, o grande número de chefes, memorandos inúteis, procedimentos repetitivos, a presença de dois consultores na empresa e o grampeador que é levado pelo chefe (a propósito, a marca Swingline voltou a fabricar modelos vermelhos depois do lançamento do filme).

Para quem tem interesse em observar as relações de trabalho, Office Space é uma forma bem-humorada de encarar o assunto. Funcionários e chefes têm prioridades diferentes, não se comunicam propriamente e acabam criando mais problemas que soluções. No ambiente de uma grande companhia, como no filme, as distâncias aumentam e o caráter humano parece se dissipar entre as baias, ocasionando situações surreais como o funcionário demitido que continua trabalhando sem saber. É um assunto delicado visto de uma forma exagerada, pesando a mão para trazer risos em situações onde você talvez voltasse para casa chorando.

Por mais que seja um tanto ultrapassado – as pessoas usam disquetes e falam sobre o bug do milênio! – Office Space, de alguma maneira, consegue conservar seu frescor. É uma comédia divertida, original e que se mantém sempre válida através da temática. Embora o diretor se recuse a fazer uma continuação, o filme já rendeu outras comédias e deve continuar influenciando o gênero por algum tempo.

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