Divagações: The Bling Ring
22.8.13
Não é estranho quando aquela menina cabeluda se torna um ícone da moda? Ou quando aquela péssima atriz diz ter se descoberto artisticamente como diretora? The Bling Ring é o encontro dessas duas personalidades – e elas tratam sobre a futilidade do mundo. Talvez soe estranho, mas acaba sendo bem apropriado.
Dirigido por Sofia Coppola, o filme tem roteiro da própria diretora, escrito com base no material de Nancy Jo Sales, autora do artigo The Suspect Wore Louboutins, que foi publicado pela revista Vanity Fair. A história, dessa forma, recorda invasões reais a casas de celebridades como Paris Hilton, Rachel Bilson e Orlando Bloom. No filme, os assaltantes são adolescentes ainda em idade escolar, embora tanto os atores quanto as pessoas que deram origem à história tenham passado dessa fase.
Tudo começa com a chegada de Marc (Israel Broussard) ao seu novo colégio. Um pouco deslocado, ele não demora em se encantar pela simpática Rebecca (Katie Chang), uma menina que está descobrindo as delícias de se apropriar das coisas alheias. Percebendo que roubar é mais fácil do que um inocente poderia supor, os dois não demoram a se gabar das aquisições e atraem para o bando a influente Chloe (Claire Julien) e mais duas amigas, Nicki (Emma Watson) e Sam (Taissa Farmiga).
Nesse contexto, The Bling Ring não perde tempo em ridicularizar os adultos. A única mãe que tenta ser presente na vida dos filhos é Laurie (Leslie Mann), que tenta educar a filha Nicki e a ‘adotada’ Sam em casa, com lições pensadas a partir dos ensinamentos do livro The Secret. Os demais estão sempre viajando, trabalhando, passeando...
Assim, em um universo totalmente feminino e adolescente, objetivos de vida começam a ficar dispersos em meio a muitas marcas. Não faltam adjetivos pouco elogiosos para descrever as personagens: fúteis, vazias, gananciosas e inconsequentes, apenas para listar alguns. Dificilmente o público vai gostar de qualquer uma, embora às vezes seja possível sentir o gosto amargo de identificação. Quem nunca quis o que não podia ter?
Sofia Coppola, aparentemente, também sentiu certa semelhança. Ela evita se aprofundar nos personagens ou contar uma história mais complexa relacionada a apenas um ou dois deles. Embora inicialmente mantenha um pouco os pés no chão através de Marc, o filme não demora a se perder em meio a tantas roupas, sapatos, óculos, relógios e joias, restando alguns enquadramentos divertidos e muitas interjeições para segurar a obra.
Essa forma ‘solta’ de enxergar o mundo pode até ser vista como uma característica da diretora, mas ela já foi mais cuidadosa com seus materiais. A propósito, Emma Watson também se esforça e se sai bem, mas não convence interpretando uma estadunidense. Para mim, ou alguém a ajuda a disfarçar o sotaque ou ela assume sua identidade inglesa!
Mesmo assim, o conjunto é bem uniforme e garante a atenção. Dá para se divertir com as músicas, ter medo quando as coisas quase dão errado e até sentir dó quando elas realmente dão – até você não saber se ri ou se chora com o desenrolar da situação. Com apenas 90 minutos, The Bling Ring termina com um gostinho de quero mais. Os absurdos representam as melhores cenas do filme e as frases mais inspiradas foram retiradas quase que integralmente do artigo original.
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