Divagações: Indie Game - The Movie
5.9.13
Embora seja bem conhecido atualmente, talvez você ainda não tivesse ouvido falar do site Kickstarter em 2010. Foi em julho daquele ano que Lisanne Pajot e James Swirsky (através do usuário BlinkWorks) conseguiram a primeira parte do dinheiro necessário para realizar o documentário Indie Game: The Movie. Um ano depois, eles perceberam que pediram pouco e foram mais uma vez financiados por pessoas dispostas a ver esse projeto. O resultado final foi lançado em janeiro de 2012 no Festival de Sundance.
A ideia, basicamente, era mostrar a jornada de desenvolvedores de jogos indies (ou independentes), produtos de entretenimento que visam públicos menores que as grandes empresas de jogos e que, consequentemente, são realizados por equipes bem mais enxutas. No caso, conhecemos Jonathan Blow, o criador de Braid, um marco no gênero; Phil Fish, que trabalhava praticamente sozinho no jogo Fez; Edmund McMillen e Tommy Refenes, amigos e sócios que moram distantes um do outro, mas trabalhavam juntos em Super Meat Boy.
Com um número tão reduzido de entrevistados, o panorama que Indie Game: The Movie pretendia mostrar acaba se transformando na visão parcial de um grupo de pessoas. Além disso, os sucessos obtidos dão a entender que, apesar dos sacrifícios, o final de todos os que se aventuram na área é feliz, uma impressão enganosa. Obviamente, os documentaristas não tinham como saber isso de antemão, mas escolheram a dedo quem iriam filmar e, suponho, queriam que os jogos indies fossem vistos a partir de uma ótica positiva.
De qualquer modo, esse número pequeno de pontos de vista não é algo completamente ruim. É possível compreender melhor as escolhas de cada uma dessas pessoas e se envolver com as histórias que elas contam. Embora tenham muitos pontos em comum, pois trabalham na mesma área e acabaram decidindo por um caminho similar, os entrevistados são pessoas bem diferentes. De uma forma resumida: Blow já tem uma boa experiência de mercado e viveu os dois lados do sucesso; Fish adquiriu status de garoto prodígio antes mesmo de fazer alguma coisa concreta e estava tendo dificuldades para lidar com as expectativas; McMillen tem alma de artista e procura usar os jogos como um meio de expressão; e Refenes sabe que tem potencial e procura reunir coragem para enfrentar um mercado competitivo demais para uma mera dupla de realizadores.
Um dos momentos mais divertidos é justamente quando, logo após o lançamento do jogo, McMillen e Refenes se sentam na frente do computador para assistir vídeos no YouTube que mostram as reações das pessoas enquanto jogam Super Meat Boy. É piegas, mas é verdade: o sorriso das pessoas foi muito mais gratificante para eles naquele momento do que a notícia de que estavam ganhando muito dinheiro (claro que quando o dinheiro se tornou palpável, eles foram gastar).
Assim, Indie Game: The Movie traz a nostalgia da infância, a manutenção dos sonhos adolescentes e as ambições dos adultos somadas a divertidas imagens de jogos criativos e feitos com carinho. Isso permitiu que a tradicional linguagem de documentário fosse acompanhada por uma roupagem mais moderna e adequada para o público pretendido. Nos créditos, a enorme lista de agradecimentos com o nome daqueles que colaboraram via Kickstarter era intercalada com trailers de jogos (também enviados por colaboradores), ampliando o mundo dos jogos indies visto durante o filme. Espero que os jogadores gostem!
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