Divagações: Indie Game - The Movie

Embora seja bem conhecido atualmente, talvez você ainda não tivesse ouvido falar do site Kickstarter em 2010. Foi em julho daquele ano q...

Embora seja bem conhecido atualmente, talvez você ainda não tivesse ouvido falar do site Kickstarter em 2010. Foi em julho daquele ano que Lisanne Pajot e James Swirsky (através do usuário BlinkWorks) conseguiram a primeira parte do dinheiro necessário para realizar o documentário Indie Game: The Movie. Um ano depois, eles perceberam que pediram pouco e foram mais uma vez financiados por pessoas dispostas a ver esse projeto. O resultado final foi lançado em janeiro de 2012 no Festival de Sundance.

A ideia, basicamente, era mostrar a jornada de desenvolvedores de jogos indies (ou independentes), produtos de entretenimento que visam públicos menores que as grandes empresas de jogos e que, consequentemente, são realizados por equipes bem mais enxutas. No caso, conhecemos Jonathan Blow, o criador de Braid, um marco no gênero; Phil Fish, que trabalhava praticamente sozinho no jogo Fez; Edmund McMillen e Tommy Refenes, amigos e sócios que moram distantes um do outro, mas trabalhavam juntos em Super Meat Boy.

Com um número tão reduzido de entrevistados, o panorama que Indie Game: The Movie pretendia mostrar acaba se transformando na visão parcial de um grupo de pessoas. Além disso, os sucessos obtidos dão a entender que, apesar dos sacrifícios, o final de todos os que se aventuram na área é feliz, uma impressão enganosa. Obviamente, os documentaristas não tinham como saber isso de antemão, mas escolheram a dedo quem iriam filmar e, suponho, queriam que os jogos indies fossem vistos a partir de uma ótica positiva.

De qualquer modo, esse número pequeno de pontos de vista não é algo completamente ruim. É possível compreender melhor as escolhas de cada uma dessas pessoas e se envolver com as histórias que elas contam. Embora tenham muitos pontos em comum, pois trabalham na mesma área e acabaram decidindo por um caminho similar, os entrevistados são pessoas bem diferentes. De uma forma resumida: Blow já tem uma boa experiência de mercado e viveu os dois lados do sucesso; Fish adquiriu status de garoto prodígio antes mesmo de fazer alguma coisa concreta e estava tendo dificuldades para lidar com as expectativas; McMillen tem alma de artista e procura usar os jogos como um meio de expressão; e Refenes sabe que tem potencial e procura reunir coragem para enfrentar um mercado competitivo demais para uma mera dupla de realizadores.

Um dos momentos mais divertidos é justamente quando, logo após o lançamento do jogo, McMillen e Refenes se sentam na frente do computador para assistir vídeos no YouTube que mostram as reações das pessoas enquanto jogam Super Meat Boy. É piegas, mas é verdade: o sorriso das pessoas foi muito mais gratificante para eles naquele momento do que a notícia de que estavam ganhando muito dinheiro (claro que quando o dinheiro se tornou palpável, eles foram gastar).

Assim, Indie Game: The Movie traz a nostalgia da infância, a manutenção dos sonhos adolescentes e as ambições dos adultos somadas a divertidas imagens de jogos criativos e feitos com carinho. Isso permitiu que a tradicional linguagem de documentário fosse acompanhada por uma roupagem mais moderna e adequada para o público pretendido. Nos créditos, a enorme lista de agradecimentos com o nome daqueles que colaboraram via Kickstarter era intercalada com trailers de jogos (também enviados por colaboradores), ampliando o mundo dos jogos indies visto durante o filme. Espero que os jogadores gostem!

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