Divagações: Rush
12.9.13
Hoje em dia, falar de Fórmula 1 no Brasil é apenas evocar um fraco eco da popularidade do automobilismo nos anos 1970 a 1990. Com grandes nomes nacionais do esporte, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, houve poucos garotos – e até mesmo garotas –, que cresceram nessa época sem ter ligado a televisão domingo de manhã para ver os motores roncando e os pilotos zunindo pelo asfalto de todo o mundo.
Rush se propõe, então, a ser uma viagem nostálgica pela glamorosa era de ouro da Fórmula 1, onde a atuação individual do piloto fazia muito mais diferença e a morte era uma sombra constante a cada volta. O filme resgata um sentimento e um fator humano, que parece ter se perdido um pouco nessa era de tecnologia e impessoalidade, ao contar a história real de uma das maiores rivalidades que já existiu na competição.
Passada no início dos anos 1970, a produção acompanha a crescente competição entre Niki Lauda (Daniel Brühl) e James Hunt (Chris Hemsworth), dois pilotos que saem das categorias de base do automobilismo para tentar a sorte na Fórmula 1. Enquanto Hunt é um playboy impulsivo e agressivo, Lauda é um sujeito calculista e, às vezes, até mesmo arrogante. Essa diferença entre os dois se torna uma grande rivalidade, levando ambos a colocaram suas vidas em jogo para conquistar o campeonato mundial.
Logo de cara, já senti algumas similaridades entre o filme e The Damned United, que, por sinal, é assinado pelo mesmo roteirista de Rush, Peter Morgan. Ambos os filmes, que se passam no mesmo período histórico, têm ritmos bem parecidos e uma maneira similar de apresentar a narrativa, focando mais no lado humano do que no esporte em si, o que pode decepcionar quem foi aos cinemas esperando mais ênfase nas corridas do que nos personagens.
Porém, não é como se o filme pecasse ao mostrar o automobilismo da época. Pelo contrário, senti um grande esforço para colocar nas telas toda a tensão das corridas de modo mais fiel possível à realidade. O filme faz valer um orçamento bem maior do que o planejado inicialmente na produção, o que, de certa forma, é um alento para quem quer uma pitada a mais de ação.
O grande mérito está na caracterização e nas atuações. O filme trabalha muito bem a relação de ódio, inveja, rivalidade e um estranho respeito presente na relação de Hunt e Lauda. Chris Hemsworth mostra que não é apenas um rostinho bonito para os filmes de super herói e trabalha muito bem, apesar do papel não exigir tanta carga dramática quanto poderia. Já Daniel Brühl, apesar de não ser tão famoso nas Américas, mostra-se um ótimo ator, entregando um personagem muito crível e de fácil empatia, apesar dos seus defeitos.
Ainda que não signifique muito para uma geração mais nova, Rush funciona muito bem para quem tem noção da magia e do glamour que a Fórmula 1 representava. Mesmo que não apresente nenhuma grande novidade e seja em alguns momentos um pouco corrido, este é um filme que merece muito ser visto, mesmo para aqueles sem uma especial afinidade com carros ou corridas. Afinal, Rush conta com um excelente trabalho técnico e boas atuações. Assim, para quem não tinha nenhuma expectativa, o filme se mostrou uma ótima e sólida surpresa, destacando-se em uma maré de estreias dispensáveis e sem muito conteúdo.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
2 recados
Adorei o texto! =) Quero ver o filme ainda esse final de semana, pra acabar logo com a expectativa! hahaha
ResponderExcluirAssista, sim, Fran!
ResponderExcluirAlgo me diz que você vai gostar, mas não tanto quanto de um filme ESTRELADO pelo Kimi (suponho que um filme sobre ele seria polêmico demais).