Embora fosse apenas uma criança na época do lançamento da série que deu origem a Confissões de Adolescente: O Filme, eu assisti a reprises e aproveitei muito o material original. Assim, o anúncio dessa nova versão me trouxe aquelas reações básicas: medo de estragarem as referências, receio de contarem uma história fraca, nostalgia, empolgação e tudo isso junto no momento de entrar no cinema.

Já posso adiantar que, de uma forma geral, a experiência foi boa. A produção conta a história de quatro irmãs em diversas fases da adolescência que vivem com seu pai, Paulo (Cássio Gabus Mendes). A mais velha é Tina (Sophia Abraão), que está vivendo um relacionamento em crise e começa a lidar com as dificuldades da vida adulta. Já a mais nova é Karina (Clara Tiezzi), que está descobrindo o amor e o mundo ao seu redor. No meio estão Bianca (Isabella Camero) e Alice (Malu Rodrigues). A primeira está repensando suas amizades e o que quer para seu futuro, enquanto a outra vive as delícias e frustrações do primeiro relacionamento sério.

Por mais que se concentre nas meninas, o contexto não é apenas delas. Confissões de Adolescente: O Filme também tem personagens masculinos que ganham destaque principalmente pelas situações constrangedoras promovidas por suas mães – participações especiais das atrizes da série, Daniele Valente, Deborah Secco e Georgiana Góes (Maria Mariana, atriz e autora do livro, também ganhou uma ponta). Enfim, eles também sofrem, amam, pagam mico e vivem a adolescência com intensidade.

Atualizada para os dias do Facebook, a produção aposta no visual dinâmico, que funciona muito bem com o tema. Ainda que alguns dos assuntos tratados pareçam manjados – bullying, primeiro beijo, gravidez na adolescência, entre outros –, tudo é feito com humor, mas sem menosprezar as emoções. Toda essa intensidade faz com que o filme passe rápido, especialmente para quem (como eu) o vê com um olhar nostálgico.

Na busca de um novo público, contudo, acredito que as dificuldades de Confissões de Adolescente: O Filme serão maiores. Há uma quantidade muito grande de personagens e vários deles se parecem (eu fiquei confusa em meio a tantos rapazes que se esqueceram de fazer a barba na última semana). Além disso, os coadjuvantes acabam sendo pouco desenvolvidos e mesmo a personalidade das protagonistas não fica bem clara. A princípio, não deveria ser necessário um conhecimento prévio, mas ele faz diferença.

De qualquer modo, o diretor, roteirista e produtor Daniel Filho conseguiu fazer bastante coisa! As atuações estão dentro de um padrão de qualidade aceitável, sendo possível perceber problemas com o elenco mais novo, mas nada muito sério. Ele também me surpreendeu pela nudez apresentada, algo inesperado para um filme classificado como adequado para pessoas a partir de 12 anos. Ainda que os meninos apareçam pouco nesses momentos, acredito que foi uma escolha interessante e capaz de dialogar bem com o público, afinal, apenas falar sobre sexo não tem o mesmo impacto que tratar o assunto visualmente.

Confissões de Adolescente: O Filme é uma experiência deliciosa para quem já foi adolescente e tem saudade das dúvidas, dos temores e dos amores. Quem ainda vive essa fase, pode encontrar um pouco de alento, além de muito humor e companheirismo. Vamos combinar: para viver bem, é preciso saber curtir tudo isso.