Divagações: The Adventures of Robin Hood
1.5.14
Houve um tempo em que o mais famoso justiceiro da floresta de Sherwood usava calças verdes coladas e um chapéu engraçado na cabeça. Eu conheci essa figura através de Robin Hood, filme da Disney lançado em 1973 (pensando bem, ele não usava calças). Contudo, o personagem já aparecia nesta forma há muitos e muitos anos, incluindo no clássico The Adventures of Robin Hood, de 1938.
Trata-se de uma divertida aventura protagonizada durante o breve reinado do príncipe John (Claude Rains), que assumiu o trono da Inglaterra enquanto seu irmão, o rei Richard the Lion-Heart (Ian Hunter), lutava nas cruzadas. O príncipe não demorou em subir os impostos e maltratar seu povo, o que fez com que o Barão de Locksley se tornasse o fora-da-lei Robin Hood (Errol Flynn) e organizasse um acampamento na floresta para abrigar os oprimidos e, principalmente, os revoltosos.
A produção, indicada ao Oscar de Melhor Filme e vencedora nas categorias de direção de arte, trilha sonora e edição, estourou seu orçamento – totalizando dois milhões de dólares, um valor alto para a época –, mas foi um grande sucesso e conseguiu lucrar. Ainda assim, foram feitas várias economias e muitas cenas foram alteradas para otimizar os custos. Atualmente, pode até parecer que The Adventures of Robin Hood é apenas uma produção barata (em mais de um sentido), mas estamos falando de um blockbuster feito às vésperas da II Guerra Mundial!
Mesmo com efeitos especiais fracos para o padrão atual, o filme tem uma história cativante, um protagonista terrivelmente atrevido (o trabalho mais conhecido de Errol Flynn) e uma mocinha forte (Olivia de Havilland), o que faz com que ele continue sendo um excelente entretenimento. Por mais que ele não retrate fatos históricos com a assertividade que o cinema atual parece exigir, devemos levar em consideração que o objetivo é apresentar a lenda, com todos os mitos que foram aparecendo ao redor do personagem.
Além da trama em si, merece destaque a trilha sonora de Erich Wolfgang Korngold, que até então era mais conhecido por seu trabalho como compositor de óperas e peças orquestradas. Ele aceitou o trabalho como uma forma de fugir da anexação da Áustria feita pela Alemanha nazista e utilizou alguns de seus materiais já prontos durante o trabalho. Empolgantes e muito marcantes, as músicas trabalham em perfeita consonância com o material filmado na criação dos climas, sendo que várias delas são até hoje relacionadas com o herói.
A preocupação com o áudio não parou por aí. O filme também contou com a ajuda do arqueiro Howard Hill para que os sons das flechas correspondessem à realidade. O resultado final ficou tão interessante que o sonoplasta Ben Burtt utilizou o som em quase todos os filmes da série Star Wars. A propósito, dizem que Hill também foi o responsável pela cena da flecha que parte outra já no centro do alvo, tendo acertado já na primeira tentativa.
Embora apresente muitas mortes, não há uma gota de sangue sequer e os combates com espadas são teatrais. Ou seja, acredito que pais não devem se preocupar muito em mostrar a produção para seus filhos (para mais detalhes, clique aqui). Com potencial para agradar todas as idades, The Adventures of Robin Hood é uma produção caprichada e muito divertida, trazendo uma aventura leve e descompromissada, algo relativamente difícil de encontrar entre as produções mais recentes.
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