Divagações: Jack Ryan - Shadow Recruit

Por mais que os materiais promocionais me levassem a crer que Jack Ryan: Shadow Recruit não seria um bom filme, eu estava dando crédito ...

Por mais que os materiais promocionais me levassem a crer que Jack Ryan: Shadow Recruit não seria um bom filme, eu estava dando crédito para o trabalho de Kenneth Branagh como diretor. Obviamente, ele não é perfeito – e já não mantinha uma filmografia totalmente limpa –, mas a média continuava bem positiva. Pena que ela sofreu uma grande balançada!

Jack Ryan (Chris Pine) é um jovem inteligente que viu o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 pelas televisões da faculdade. Movido por um sentimento nacionalista, ele se alistou no exército e apresentou um bom trabalho como analista, embora insistisse em ir a campo. Antes mesmo do fim da guerra, ele sofreu ferimentos graves e teve que voltar para os Estados Unidos. Contudo, ele não parou de servir o país, sendo chamado para a CIA por Thomas Harper (Kevin Costner) depois que seus relatórios se mostraram úteis.

A partir dessa premissa (que não é de todo ruim), vemos o personagem se meter em um relacionamento cheio de inseguranças com a médica Cathy Muller (Keira Knightley), que é uma mulher inteligente quando ele não está olhando. Além disso, ele elabora uns relatórios que o obrigam a ir pessoalmente (sabe-se lá o motivo) lidar com a máfia bancária russa, representada por Viktor Cherevin (Kenneth Branagh). O detalhe é que o plano envolve um golpe econômico seguido de um ataque terrorista, com o objetivo de enfraquecer os Estados Unidos e salvar a Rússia de uma possível crise.

Na verdade, o fato de Ryan ser um analista é utilizado como desculpa para não explicar um monte de coisas para o público, afinal, ele é muito inteligente e você não conseguiria acompanhar. Há até uma cena patética em que o personagem de Kevin Costner fica pedindo a ‘tradução’ de certos termos. Ele não era da CIA também? Por que, de repente, ele se transformou em um ‘mero’ atirador de elite?

Como se não bastasse, o que esse analista menos faz é observar os acontecimentos ao seu redor. Ele é um herói de ação impulsivo e com pouco treinamento (mas com um histórico no exército!), embora seja capaz de atuar e correr muito bem. Ou seja, temos as pequenas trapalhadas esperadas do personagem, mas pouca segurança de que ele está indo pelo caminho certo. Não torcemos por ele porque fica óbvio desde o começo que vai dar tudo certo – ele já está estabelecido como o mocinho a espera de uma continuação.

Para quem não se importa muito com o personagem e seu legado, Jack Ryan: Shadow Recruit é um filme de ação mediano, daqueles para assistir quando se quer esvaziar a cabeça. O vilão é muito caricato e chega a ser cômico de tão exagerado. Há apenas uma cena de perseguição e ela não vale muito a pena, enquanto a equipe de apoio para a missão é tão boa que não dá para entender o que o próprio Ryan está fazendo lá. Também não dá para contar a quantidade de furos no roteiro.

Ou seja, o filme não é muito bom de qualquer modo. Quando decidiram fazer um filme ‘baseado em personagens criados por’ Tom Clancy, os produtores não poderiam de forma alguma ter subestimado a inteligência do público. Eram bons personagens, que viviam tramas interessantes! Aqui temos situações rasas e reações igualmente fracas. Faltou um bom analista.

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