Divagações: Harold and Maude
30.10.14
Jennifer Lawrence é uma estrela do momento. Assim, eu me surpreendi um pouco com uma lista que ela fez com alguns de seus filmes prediletos, pois todos eram comédias bastante únicas – entre elas, Harold and Maude.
A história acompanha um jovem rico chamado Harold (Bud Cort). Ele leva uma vida bastante à toa em companhia de sua mãe (Vivian Pickles). Ela é uma socialite alheia ao mundo – e a seu filho, principalmente –, de modo que está procurando maneiras fáceis de se livrar dele, como o alistamento no exército ou uma esposa. As moças, contudo, acabam se afastando ao perceberem a grande excentricidade do pretendente, que adora encenar suicídios. Paralelamente, Harold conhece Maude (Ruth Gordon) em um enterro e ela mostra um sentido completamente diferente para a vida.
Focando mais em uma trajetória dramática, esse é um daqueles filmes em que absolutamente ninguém é normal. Mesmo tendo 23 anos na época, Bud Cort tem um rosto de criança, o que deixa seu personagem ainda mais estranho. Ele tem uma obsessão inexplicável pela morte, mas isso também parece ser uma forma de simplesmente chamar atenção.
Por sua vez, Maude tem comportamentos não muito bem aceitos socialmente e seria bem menos adorável se não fosse uma senhora de idade. Para completar, a mãe é completamente egocêntrica, o psicólogo (G. Wood) é um péssimo profissional, o padre (Eric Christmas) é bem preconceituoso e o tio militar (Charles Tyner) também tem motivações suspeitas.
Com personagens assim estereotipados, o filme consegue tornar mais leve uma trama que poderia ser bem séria. A comédia surge nos exageros, nos absurdos das situações provocadas por essas personalidades tão contrastantes. Não há nada que faça o espectador rolar de rir, mas ele vai conseguir sorrir e lidar bem melhor com uma história cheia de temáticas complicadas.
Aliás, vale observar que se trata de um filme de 1971. Era uma época em que o cinema estava mais receptivo a quem desafiasse os valores morais do público, mas isso também fez com que o título tivesse uma bilheteria considerada baixa. O reconhecimento veio com o tempo, embora já na época os dois protagonistas tenham sido indicados nos Golden Globes.
Harold and Maude foi feito pelo diretor Hal Ashby e pelo roteirista Colin Higgins quando eles estavam em início de carreira e esse acabou sendo o título mais representativo de suas filmografias. Coincidentemente, eles também morreram jovens, ambos no ano de 1988 (59 e 47 anos, respectivamente).
De qualquer modo, não dá para negar que há um aspecto mórbido no filme (e no parágrafo acima), mas a verdade é que se trata muito mais de um filme sobre a vida – e lidar com a morte não deixa de fazer parte disso. Como eu disse logo no primeiro parágrafo, essa é uma comédia única. Não é todo mundo que vai gostar, pois ela exige um humor capaz de ligar com algo mais pesado, mas o filme não deixa de ter suas mensagens.
Também acho importante mencionar que Harold and Maude é um romance. Não um romance como aqueles lançados nos Dia dos Namorados, mas um que faz você pensar sobre a origem de suas afeições e sobre a responsabilidade de cativar alguém. Pensando bem, há mais mensagens no filme do que é possível perceber em um primeiro momento.
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