Divagações: The Iron Giant
18.6.15
Mais conhecido pelas animações que fez na Pixar, Brad Bird é um diretor que agora está tentando se firmar nos longas-metragens com atores. Antes disso tudo, no entanto, ele era um dedicado animador que estudou muito antes de finalmente estrear na cadeira de direção com uma produção completamente em 2D, The Iron Giant.
Embora não tenha feito um sucesso estrondoso, esse é um filme que chama atenção até hoje (mais de 15 anos após seu lançamento!) por sua qualidade técnica e pelo roteiro criativo, baseado em um livro de Ted Hughes. Além disso, é uma animação tradicional ‘turbinada’ por um personagem gerado em computador – o tal gigante de aço do título. Isso propiciou o uso criativo de ângulos de cena e garantiu que ele fosse retratado de uma forma rica em detalhes.
Tudo acontece em uma agitada semana em plena década de 1950. Os Estados Unidos estão preocupados com a ameaça comunista e com a Guerra Fria, mas o menino Hogarth Hughes (Eli Marienthal) acabou de fazer uma nova amizade com um gigante que veio do céu (Vin Diesel). Para não perder o amigo, ele dribla a mãe (Jennifer Aniston) de todas as maneiras possíveis, faz birra com um agente de governo (Christopher McDonald) e pede a ajuda de um cara legal que tem um ferro velho (Harry Connick Jr.). Ainda assim, é difícil esconder um segredo desse tamanho.
Produzido pela Warner Bros., The Iron Giant é perceptivelmente mais barato que uma animação tradicional da Disney, por exemplo. Além de ser um pouco carente em sombras, ele tem alguns problemas com proporções, mas nada exagerado ou que prejudique o visual geral. Os humanos têm um traço realístico, mas com orelhas exageradas e pouco volume, o que não deixa de combinar com o período em que a história se passa.
De qualquer modo, essas questões são superadas facilmente pelo capricho nos cenários, na caracterização dos personagens e no design dos carros. É muito divertido ver uma versão animada dos anos 1950 em uma cidade pequena, sem a maior parte dos clichês esperados, mas mantendo absolutamente adorável. Para completar, as dublagens são uma atração à parte, já que o filme traz nomes inesperados nos papéis principais.
A produção ainda ecoa outros filmes que envolvem amizades complicadas, especialmente E.T. the Extra-Terrestrial. É uma estrutura narrativa clássica que é executada muito bem – não surpreende quem já consegue ver o final há quilômetros de distância, mas deve funcionar bem com as crianças. Visualmente, dá para perceber que Brad Bird fez a lição de casa e assistiu aos filmes de Hayao Miyazaki, além de ter mergulhado nos filmes clássicos de monstros gigantes e nas ficções-científicas dos anos 1950 e 1960.
Ou seja, The Iron Giant não é um trabalho de amadores. É um filme que foi feito com muito carinho e que merece a atenção do público. Ele se beneficiaria de um orçamento maior e de uma equipe mais experiente, mas se garante ao apostar em uma ideia e ser fiel a ela durante todo o percurso. Vale assistir pela primeira vez, redescobrir e indicar, afinal, essa é uma daquelas obras indicadas para crianças de todas as idades, dos oito aos oitenta anos.
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