Divagações: Back to the Future
20.10.15
Quem vê Back to the Future atualmente pode pensar que 1985 era um ano melhor. Os filmes eram mais inocentes, os romances eram mais simples e sinceros, a ciência podia fazer qualquer coisa e a imaginação também. Mas vale pensar de novo!
A produção quase não saiu do papel porque os estúdios acreditavam que o filme não tinha apelo suficiente para o público adolescente, especialmente em comparação com as produções mais ‘sexualizadas’ da época. Ou seja, essa sempre foi uma deliciosa exceção em meio ao que as pessoas acham que os outros queriam assistir.
A verdade é que ainda há espaço para histórias escapistas e desconectadas da realidade – e o fato de que Back to the Future nunca foi esquecido apenas corrobora com isso. As celebrações de 20 anos das viagens temporais de Marty McFly (Michael J. Fox) e Doc Brown (Christopher Lloyd) não foram poucas!
Os protagonistas, a princípio, já fazem parte do imaginário de todos. Marty é um garoto comum que se julga incompreendido pelos mais velhos e que não sabe exatamente o que quer fazer da vida. Ele é apaixonado por sua namorada, Jennifer Parker (Claudia Wells), é constantemente repreendido por sua mãe, Lorraine (Lea Thompson), e vive desapontado com o pai, George (Crispin Glover).
Por sua vez, Doc Brown é um cientista maluco que gosta muito de Marty e resolve levar o garoto para testar sua grande invenção: uma máquina do tempo construída em um carro DeLorean. A viagem os leva para 1955, quando o rapaz se vê envolvido com os primórdios do relacionamento de seus pais e também com a eterna rivalidade entre os McFly e os Tannen, aqui representados por Biff Tannen (Thomas F. Wilson).
A trama em si é muito simples, uma vez que a viagem no tempo já traz complicações suficientes. Há pouca preocupação com a ciência real e os diálogos enfatizam uma comédia inteligente, repleta de referências internas. Para quem busca um entretenimento leve e autocontido, Back to the Future continua sendo uma ótima opção.
Um dos elementos que faz com que a produção seja eterna é o fato de que sua temática principal é a família. Apesar de usar grande parte de seu tempo com um romance bobo (mas absolutamente doce), o filme está, na verdade, falando sobre o relacionamento entre pais e filhos. Marty está descobrindo que seus pais – chatos e quadrados como só eles são – foram, um dia, adolescentes com problemas e medos não muito diferentes dos seus.
Nenhum personagem é complexo ou tem grandes dilemas ao longo do filme. Aliás, todos são levemente caricatos. Mas você não se importa muito com isso, pois eles representam sentimentos simples e com os quais é possível se identificar. Tudo o que os roteiristas Robert Zemeckis (também diretor) e Bob Gale fizeram em Back to the Future foi dar uma roupagem muito legal e divertida para o eterno conflito de gerações.
Obviamente, 20 anos se passaram e as maquiagens não parecem mais tão convincentes (será que elas foram um dia?), os efeitos são um tanto quanto bregas e a moda já mudou um bocado. A cena no carro entre Lorraine e Biff até chocou um pouco meu lado politicamente correto – que pediu por um inquérito policial.
Ainda assim, Back to the Future continua sendo tão legal quanto era na minha infância! O filme tem um apelo universal e o aspecto intocável de uma obra que deve ser mantida exatamente como está ao longo do tempo.
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