Divagações: X-Men: Apocalypse
18.5.16
Mesmo com ressalvas, acho que é um consenso que tanto X-Men: First Class quanto X-Men: Days of Future Past foram boas surpresas para uma franquia já um pouco cansada e que lutava para manter relevância em um cenário onde filmes de super-heróis não eram mais novidade. Ainda que parecesse mais contida e barata do que os filmes da concorrência, a nova fase dos mutantes no cinema conseguiu manter a pose, com bons atores, boas caracterizações e uma história que era suficiente para manter o conjunto da obra mais ou menos coeso.
Seguindo a tendência da série e a nova linha temporal, X-Men: Apocalypse se passa na década seguinte ao de seu antecessor. Agora estamos nos anos 1980 e os mutantes são um fato conhecido por todo mundo. Dez anos se passaram desde o atentado de Magneto (Michael Fassbender) à Casa Branca, colocando Erik em uma espécie de exílio auto imposto na Ucrânia, onde vive escondido com uma nova família. Mystique (Jennifer Lawrence) se tornou uma espécie de mercenária, ajudando mutantes oprimidos pelo mundo, enquanto Charles Xavier (James McAvoy) seguiu seu sonho e o Instituto Xavier finalmente se tornou uma instituição respeitada, atraindo alunos como Scott Summers (Tye Sheridan) e Jean Gray (Sophie Turner).
Porém, essa paz aparente é quebrada com o despertar de um mutante extremamente poderoso, oculto desde eras antigas, En Sabah Nur ou, como alguns gostam de chamar, Apocalypse (Oscar Isaac). Seus objetivos são simples: acabar com uma humanidade (que ele vê como decadente) para instituir uma nova era, chefiada por ele e seus asseclas. E, como sempre, cabe aos X-Men impedir essa ameaça e salvar o dia.
Desde o início, adaptar uma história icônica como a Era do Apocalipse se mostrava um movimento complicado nesse contexto. De um lado temos uma história que – ao lado da infame saga do clone do Homem-Aranha (espero que essa nunca chegue aos cinemas) – talvez seja a epítome dos anos 1990 nos quadrinhos, com exageros multicoloridos, melodramas e uma ultraviolência estilizada. Do outro, uma série cinematográfica que até agora teve muita ciência das suas limitações e soube jogar bem com suas forças. Nesse cabo de guerra, um dos dois lados teria de ceder.
Infelizmente, o filme preferiu pegar uma terceira via e quem mais perde com essa briga somos nós, já que X-Men: Apocalypse acaba não decidindo exatamente que tipo de obra quer ser. Enquanto as qualidades de sempre estão lá – a caracterização da época continua excelente e o elenco continua sendo bastante interessante (apesar do roteiro não ajudar dessa vez) –, as boas novas são afundadas por seus defeitos.
O que quero dizer é que esse foi um filme muito mais pretensioso que seus antecessores, com um vilão superpoderoso, um subtexto religioso e uma história que quer dar margem para que os personagens lutem entre si. Porém, a produção não soube trabalhar bem esses efeitos e a execução fica longe do ideal.
O vilão, mesmo com algumas coisas interessantes, não tem carisma e sua caracterização não bota medo em ninguém. As lutas, que deveriam ser o ponto mais alto do filme, perdem-se na ideia de algo extremamente épico e acabam virando uma confusão de computação gráfico em excesso aliada a uma completa falta de peso. Para completar, o roteiro, tendo de lidar com pelo menos uma dúzia de diferentes personagens, não desenvolve ninguém direito.
Outro filme que faz exatamente a mesma coisa é o recente Batman v Superman: Dawn of Justice. Contudo, a DC e a Warner, pelo menos, investiram pesadamente para tentar entregar algo que fosse digno daquele clima de "deuses caminham entre nós", pelo qual as obras da editora são conhecidas. Já a Marvel, com Captain America: Civil War, mostrou que dá para fazer cenas de ação extremamente empolgantes e trabalhar com uma dezena de personagens sem que tudo vire uma completa bagunça. Em comparação com estes filmes, é claro que X-Men: Apocalypse sai perdendo. Só podemos lamentar pela Fox e seu timing extremamente infeliz de lançar esse filme com todas essas comparações ainda frescas na memória do público.
Em vista do recente sucesso de Deadpool (que, aliás, está em algum ponto meio misterioso dentro da franquia), esse filme parece um retrocesso. Afinal, ele volta para aquele tom meio sombrio, com uniformes de couro preto e histórias bem menos pessoais e despretensiosas, aos moldes do completamente dispensável Fantastic Four (com o qual, não surpreendentemente, esse filme compartilha o roteirista Simon Kinberg).
Ainda que não seja tão ruim quanto a produção do quarteto, X-Men: Apocalypse está longe de ser a continuação que a série merecia, sendo que só nos resta torcer para que o já anunciado quarto filme da série volte a surpreender. Assim, poderemos concordar com Jean Grey que, em certo ponto, profetiza: "O terceiro filme é sempre o pior".
Outras divagações:
X-Men
X2
X-Men: The Last Stand
X-Men: First Class
X-Men: Days of Future Past
The Wolverine
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Seguindo a tendência da série e a nova linha temporal, X-Men: Apocalypse se passa na década seguinte ao de seu antecessor. Agora estamos nos anos 1980 e os mutantes são um fato conhecido por todo mundo. Dez anos se passaram desde o atentado de Magneto (Michael Fassbender) à Casa Branca, colocando Erik em uma espécie de exílio auto imposto na Ucrânia, onde vive escondido com uma nova família. Mystique (Jennifer Lawrence) se tornou uma espécie de mercenária, ajudando mutantes oprimidos pelo mundo, enquanto Charles Xavier (James McAvoy) seguiu seu sonho e o Instituto Xavier finalmente se tornou uma instituição respeitada, atraindo alunos como Scott Summers (Tye Sheridan) e Jean Gray (Sophie Turner).
Porém, essa paz aparente é quebrada com o despertar de um mutante extremamente poderoso, oculto desde eras antigas, En Sabah Nur ou, como alguns gostam de chamar, Apocalypse (Oscar Isaac). Seus objetivos são simples: acabar com uma humanidade (que ele vê como decadente) para instituir uma nova era, chefiada por ele e seus asseclas. E, como sempre, cabe aos X-Men impedir essa ameaça e salvar o dia.
Desde o início, adaptar uma história icônica como a Era do Apocalipse se mostrava um movimento complicado nesse contexto. De um lado temos uma história que – ao lado da infame saga do clone do Homem-Aranha (espero que essa nunca chegue aos cinemas) – talvez seja a epítome dos anos 1990 nos quadrinhos, com exageros multicoloridos, melodramas e uma ultraviolência estilizada. Do outro, uma série cinematográfica que até agora teve muita ciência das suas limitações e soube jogar bem com suas forças. Nesse cabo de guerra, um dos dois lados teria de ceder.
Infelizmente, o filme preferiu pegar uma terceira via e quem mais perde com essa briga somos nós, já que X-Men: Apocalypse acaba não decidindo exatamente que tipo de obra quer ser. Enquanto as qualidades de sempre estão lá – a caracterização da época continua excelente e o elenco continua sendo bastante interessante (apesar do roteiro não ajudar dessa vez) –, as boas novas são afundadas por seus defeitos.
O que quero dizer é que esse foi um filme muito mais pretensioso que seus antecessores, com um vilão superpoderoso, um subtexto religioso e uma história que quer dar margem para que os personagens lutem entre si. Porém, a produção não soube trabalhar bem esses efeitos e a execução fica longe do ideal.
O vilão, mesmo com algumas coisas interessantes, não tem carisma e sua caracterização não bota medo em ninguém. As lutas, que deveriam ser o ponto mais alto do filme, perdem-se na ideia de algo extremamente épico e acabam virando uma confusão de computação gráfico em excesso aliada a uma completa falta de peso. Para completar, o roteiro, tendo de lidar com pelo menos uma dúzia de diferentes personagens, não desenvolve ninguém direito.
Outro filme que faz exatamente a mesma coisa é o recente Batman v Superman: Dawn of Justice. Contudo, a DC e a Warner, pelo menos, investiram pesadamente para tentar entregar algo que fosse digno daquele clima de "deuses caminham entre nós", pelo qual as obras da editora são conhecidas. Já a Marvel, com Captain America: Civil War, mostrou que dá para fazer cenas de ação extremamente empolgantes e trabalhar com uma dezena de personagens sem que tudo vire uma completa bagunça. Em comparação com estes filmes, é claro que X-Men: Apocalypse sai perdendo. Só podemos lamentar pela Fox e seu timing extremamente infeliz de lançar esse filme com todas essas comparações ainda frescas na memória do público.
Em vista do recente sucesso de Deadpool (que, aliás, está em algum ponto meio misterioso dentro da franquia), esse filme parece um retrocesso. Afinal, ele volta para aquele tom meio sombrio, com uniformes de couro preto e histórias bem menos pessoais e despretensiosas, aos moldes do completamente dispensável Fantastic Four (com o qual, não surpreendentemente, esse filme compartilha o roteirista Simon Kinberg).
Ainda que não seja tão ruim quanto a produção do quarteto, X-Men: Apocalypse está longe de ser a continuação que a série merecia, sendo que só nos resta torcer para que o já anunciado quarto filme da série volte a surpreender. Assim, poderemos concordar com Jean Grey que, em certo ponto, profetiza: "O terceiro filme é sempre o pior".
Outras divagações:
X-Men
X2
X-Men: The Last Stand
X-Men: First Class
X-Men: Days of Future Past
The Wolverine
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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