Divagações: Into the Woods

Embora nem todos os musicais sejam felizes, eles são um motivo de alegria para mim. Ver as pessoas cantando para expressar seus sentimen...

Embora nem todos os musicais sejam felizes, eles são um motivo de alegria para mim. Ver as pessoas cantando para expressar seus sentimentos é algo que me emociona de verdade – e é algo que eu gostaria de saber fazer. Ainda melhor quando isso é acompanhado por maravilhosas e solidárias coreografias.

Assim, não sei exatamente porque demorei para assistir a Into the Woods. Ou quase. Tinha dúvidas em relação a um projeto que unia diversos contos de fada em uma única trama (eu sei que a peça fez sucesso, mas isso não foi suficiente para me convencer) e também não confiava muito no trabalho de Rob Marshall (eu adoro Chicago e até defendi Nine na época do lançamento, mas é só). As indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, no entanto, acabaram me forçando a – eventualmente – dar uma chance à produção.

Com roteiro de James Lapine, que assina a peça original ao lado de Stephen Sondheim, o filme acompanha as inseguranças de Cinderella (Anna Kendrick) em relação a seu príncipe (Chris Pine), a jornada de Little Red Riding Hood (Lilla Crawford) sendo desviada pelo Wolf (Johnny Depp), os encontros furtivos da cativa Rapunzel (Mackenzie Mauzy) com seu amado (Billy Magnussen) e as aventuras de Jack (Daniel Huttlestone) com os gigantes (Frances de la Tour). No entanto, toda a trama é realmente movida por um casal de padeiros (James Corden e Emily Blunt) que quer ter um filho e, para isso, precisa retirar uma maldição jogada por uma bruxa (Meryl Streep).

Com tantos personagens e situações marcantes, Into the Woods aproveita para fazer as tramas já conhecidas andarem por meio das músicas. Isso agiliza bastante o ritmo da produção e é realmente cativante. Ao mesmo tempo, apenas a primeira música é realmente ‘grudenta’ e todas as demais acabam passando batido para quem tem uma memória musical mais fraca, como é o meu caso.

Mas o filme não é só isso. Quando você acha que as histórias acabaram, na verdade, elas voltam a se cruzar em um segundo ato que vai além do que já se conhece sobre aqueles personagens – são as consequências dos desejos realizados. E elas não necessariamente trazem o ‘felizes para sempre’ estampado. De forma geral, esse segundo momento é bem positivo para a história, ainda que a realização deixe o espectador ansiando pelo fim.

Isso acontece, entre outros motivos, porque Into the Woods não esconde sua origem teatral. A princípio, essa característica pode ser bem explorada, mas parece que algo faltou na adaptação cinematográfica. Talvez seja esse mesmo o caso, já que a Disney influenciou essa nova versão de várias pequenas maneiras: desde deixando algumas sequências possivelmente mais violentas para a imaginação até ao tentar impedir alguns subtextos (como a pedofilia implicada no subaproveitado personagem de Johnny Depp). Vale observar que, no primeiro caso, o resultado foi patético e, no segundo, o esforço simplesmente não funcionou.

Leve e vivo em sua primeira parte, o musical conseguiu me encantar. Após a reviravolta, no entanto, ele se tornou em um filme cheio de lições de moral, o que acabou me deixando levemente irritada. Into the Woods não é o conto de fadas que você poderia inicialmente esperar, mas talvez seja bom ter cuidado com o que você deseja.

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