Divagações: Jurassic World: Fallen Kingdom

Apesar de ter sido uma criança que adorava dinossauros e ter a idade certa para presenciar o fenômeno em primeira mão, devo admitir que Ju...

Apesar de ter sido uma criança que adorava dinossauros e ter a idade certa para presenciar o fenômeno em primeira mão, devo admitir que Jurassic Park nunca foi lá uma grande paixão minha, tanto é que não me recordo muito bem de acompanhar a franquia e suas múltiplas continuações. Sem toda essa bagagem emocional, Jurassic World foi só mais um blockbuster que, apesar de competente, não conseguiu me marcar o bastante para me convencer de que uma continuação direta era uma excelente ideia. Porém, a bilheteria absurda do filme discordou dessa afirmação e aqui estamos, em pleno 2018, com Jurassic World: Fallen Kingdom chegando aos cinemas.

Depois do acidente trágico que acabou com o Jurassic World anos atrás, Claire (Bryce Dallas Howard) agora trabalha em uma espécie de ONG para salvar os poucos dinossauros restantes do parque, que ficaram a própria sorte depois da evacuação da ilha. Seu trabalho tem os dias contados, já que uma onda de atividade vulcânica ameaça levar as criaturas de volta a extinção.

Nesse contexto, ela é contatada por Ken Wheatley (Ted Levine), um milionário que é antigo parceiro do falecido John Hammond e o gestor da fortuna de Benjamin Lockwood (James Cromwell). Ele planeja resgatar alguns dos dinossauros restantes e os transferir para um santuário natural – para essa tarefa, Claire entra em contato novamente com Owen (Chris Pratt). Porém, ao chegar na ilha, o grupo rapidamente percebe que existem algumas coisas mal explicadas.

Como um filme de ação e aventura, Jurassic World: Fallen Kingdom não é exatamente digno de destaque. A maior parte de suas boas cenas estão concentradas na primeira metade, que inclusive usa um ótimo CGI em todo o seu potencial, com muita correria, explosões e dinossauros. Mas, conforme as coisas vão mudando de rumo (e talvez essa quebra temática seja uma das grandes fraquezas do filme), a produção se torna mais claustrofóbica e fechada. Alguma coisa se perde e nem mesmo a pegada mais próxima do terror do diretor J.A. Bayona não consegue fazer muito para tornar as coisas frescas – apesar das boas intenções e do uso parcimonioso de efeitos práticos.

Ainda que não se calque tanto sobre a nostalgia quanto seu predecessor e não se preocupe em ser tão referencial, Jurassic World: Fallen Kingdom não consegue deixar de soar meio derivativo, não entregando muito mais do que aquilo que era esperado dele. Acredito que o problema é que toda a franquia é focada em explorar uma determinada situação – e existe um limite do que você pode fazer de interessante com gente sendo devorada por dinossauros.

Sem contar que apenas dois protagonistas do filme anterior retornam e uma boa dose de personagens secundários novos é introduzida sem muitas explicações ou espaço para desenvolvimento. Fica claro que a aposta é em arquétipos instantaneamente reconhecíveis ao invés de personagens complexos e com nuances. Não que eu me incomode com o trabalho de Chris Pratt e Bryce Dallas Howard (que, como o filme enfatiza mais de uma vez, agora usa botas), mas a química entre os dois é meio esquisita e o roteiro falha em fazer o público se importar com o destino deles.

Mas, dito isso, não considero Jurassic World: Fallen Kingdom um filme ruim ou que não entregue a diversão que promete. Certamente, ele é previsível e tem um roteiro que não sobrevive ao mínimo escrutínio, mas é um bom filme pipoca e consegue reproduzir o maravilhamento e a paixão infantil de ver os dinossauros vivos na tela do cinema.

De certa forma, o longa-metragem acaba sendo um sucessor espiritual perfeito de The Lost World: Jurassic Park, com várias similaridades narrativas e uma trama igualmente morna, mas que cumpre o prometido. Ou seja, o filme tem tudo para agradar ao público mais novo, que não tem esses mesmos referenciais já batidos a exaustão. Para os mais velhos, não há nada que um balde de pipoca e uma porção generosa de boa vontade não resolvam.

Porém, a despeito de todas as críticas, um possível terceiro capítulo da trilogia, que siga o que se promete no final desse filme, pode ser a chance de trazer um sopro de ar fresco e agitar as coisas. E isso me deixa relativamente curioso.

Outras divagações:
Jurassic World

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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