Divagações: Beast of Burden
12.2.20
É meio difícil de acreditar, mas faz quase 20 anos – e definitivamente mais de 20 filmes – que eu acompanho a carreira de Daniel Radcliffe. Não que eu estivesse fazendo isso conscientemente no começo, mas já que estamos aqui... De qualquer modo, Beast of Burden é uma daquelas produções que me fazem questionar o fato de eu estar vendo todas as produções do ator.
Os trailers já indicavam que essa não seria exatamente uma obra-prima e a recepção da crítica e do público apenas alimentaram essa percepção. No momento em que escrevo, a nota da produção no Rotten Tomatos é de 25%, enquanto o Internet Movie DataBase (IMDb) contabiliza uma média de 3,6 estrelas (o máximo seriam 10). Ou seja, é bom que as expectativas não sejam altas.
Beast of Burden se concentra fortemente na história de Sean (Radcliffe), um ex-piloto do exército norte-americano que está trabalhando como agente duplo em uma operação contra um cartel de drogas mexicano. Sua saída das forças armadas não foi exatamente honrosa e tanto o lado mexicano quanto o estadunidense não parecem certos a respeito de onde sua lealdade realmente está – e, para falar a verdade, nem o público.
Um ponto que parece certo, no entanto, é que ele decidiu aceitar essa arriscada missão para poder pagar o tratamento médico de sua esposa, Jen (Grace Gummer), que está com câncer e parece desconhecer totalmente as atividades obscuras do marido. Sabendo deste “ponto fraco” do piloto, tanto o agente Bloom (Pablo Schreiber) quanto o criminoso Mallory (Robert Wisdom) usam Jen para tentar forçá-lo a cumprir a missão favorecendo seus respectivos lados.
Ainda que traga cenas da vida do casal, os preparativos da operação e até sequências breves sobre a ação que colocou Sean em desgraça, Beast of Burden se passa quase integralmente dentro da cabine de um avião de pequeno porte. Assim, o que vemos é um tablet chacoalhante, um temporal que acontece lá fora e Radcliffe alternando ligações dos mexicanos, dos estadunidenses e da própria esposa. O fato do celular dele estar com sinal é o maior mistério de todos.
Escuro e filmado em ângulos limitados (temos um ambiente pequeno e um protagonista que mal se mexe, afinal de contas), a ideia do filme é ser agoniante. O problema é que ele nunca consegue realmente transmitir a tensão do protagonista para o público. A escolha de não deixar as alianças reais do personagem exatamente claras é interessante, mas eu acabei mais focada nisso do que em todo o dramalhão com a esposa. Inclusive, a maneira como ela e o relacionamento são retratados acabam diminuindo a necessidade do sacrifício que ele parece estar fazendo.
Sendo sincera, o roteirista Adam Hoelzel e o diretor Jesper Ganslandt entregaram algo bastante interessante a partir da ideia inicial, mas a falta de um elemento surpresa realmente faz com que Beast of Burden perca fôlego. A partir do momento em que todos os elementos foram devidamente apresentados, o filme se torna absolutamente previsível e mesmo o dilema sobre a lealdade do protagonista perde relevância.
O longa-metragem, ainda assim, não é uma total perda de tempo. Radcliffe faz o que pode com seus recursos limitados e o fato de a produção durar um pouco menos de uma hora e meia permite que a premissa não chegue a cansar. Não me entendam mal: eu realmente não recomendo a experiência. Só faço a ressalva de que a bomba não é tão grande assim.
Os trailers já indicavam que essa não seria exatamente uma obra-prima e a recepção da crítica e do público apenas alimentaram essa percepção. No momento em que escrevo, a nota da produção no Rotten Tomatos é de 25%, enquanto o Internet Movie DataBase (IMDb) contabiliza uma média de 3,6 estrelas (o máximo seriam 10). Ou seja, é bom que as expectativas não sejam altas.
Beast of Burden se concentra fortemente na história de Sean (Radcliffe), um ex-piloto do exército norte-americano que está trabalhando como agente duplo em uma operação contra um cartel de drogas mexicano. Sua saída das forças armadas não foi exatamente honrosa e tanto o lado mexicano quanto o estadunidense não parecem certos a respeito de onde sua lealdade realmente está – e, para falar a verdade, nem o público.
Um ponto que parece certo, no entanto, é que ele decidiu aceitar essa arriscada missão para poder pagar o tratamento médico de sua esposa, Jen (Grace Gummer), que está com câncer e parece desconhecer totalmente as atividades obscuras do marido. Sabendo deste “ponto fraco” do piloto, tanto o agente Bloom (Pablo Schreiber) quanto o criminoso Mallory (Robert Wisdom) usam Jen para tentar forçá-lo a cumprir a missão favorecendo seus respectivos lados.
Ainda que traga cenas da vida do casal, os preparativos da operação e até sequências breves sobre a ação que colocou Sean em desgraça, Beast of Burden se passa quase integralmente dentro da cabine de um avião de pequeno porte. Assim, o que vemos é um tablet chacoalhante, um temporal que acontece lá fora e Radcliffe alternando ligações dos mexicanos, dos estadunidenses e da própria esposa. O fato do celular dele estar com sinal é o maior mistério de todos.
Escuro e filmado em ângulos limitados (temos um ambiente pequeno e um protagonista que mal se mexe, afinal de contas), a ideia do filme é ser agoniante. O problema é que ele nunca consegue realmente transmitir a tensão do protagonista para o público. A escolha de não deixar as alianças reais do personagem exatamente claras é interessante, mas eu acabei mais focada nisso do que em todo o dramalhão com a esposa. Inclusive, a maneira como ela e o relacionamento são retratados acabam diminuindo a necessidade do sacrifício que ele parece estar fazendo.
Sendo sincera, o roteirista Adam Hoelzel e o diretor Jesper Ganslandt entregaram algo bastante interessante a partir da ideia inicial, mas a falta de um elemento surpresa realmente faz com que Beast of Burden perca fôlego. A partir do momento em que todos os elementos foram devidamente apresentados, o filme se torna absolutamente previsível e mesmo o dilema sobre a lealdade do protagonista perde relevância.
O longa-metragem, ainda assim, não é uma total perda de tempo. Radcliffe faz o que pode com seus recursos limitados e o fato de a produção durar um pouco menos de uma hora e meia permite que a premissa não chegue a cansar. Não me entendam mal: eu realmente não recomendo a experiência. Só faço a ressalva de que a bomba não é tão grande assim.
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