Divagações: Jurassic World: Rebirth

Jurassic World: Rebirth

Não digo que amo Jurassic World. Acho o primeiro filme simpático e acredito ser um dos poucos que consideram Jurassic World: Dominion inofensivo, com sua celebração indulgente da história. Mas também sei que não havia muito combustível no tanque para continuar: se a nostalgia já não sustenta mais uma continuação, qual seria a solução para justificar o retorno aos cinemas?

Aparentemente, alguém crê que a resposta é abraçar a noção de que Jurassic Park está morto e que ninguém mais liga para dinossauros. Isso poderia ser apenas um comentário sobre o estado da franquia depois de uma trilogia que rapidamente saturou a marca, mas também é a premissa de Jurassic World: Rebirth

Em meros cinco anos, a maior parte dos dinossauros morreu e o público já não está nem aí para eles. Assim, toda aquela história que Jurassic World introduziu é jogada fora e o filme parece nutrir um desdém sobre que veio antes, tentando se desvincular da trilogia com Chris Pratt e seus velociraptors. E o que a produção constrói a partir dessa folha em branco? Basicamente, é Jurassic Park III de novo (pois é).

Com os dinossauros quase extintos, poucos espécimes sobrevivem em liberdade perto do equador, em locais onde a entrada é terminantemente proibida. Ainda assim, o representante de uma companhia farmacêutica bastante questionável, Martin Krebs (Rupert Friend), monta uma equipe para ir até uma antiga estação de pesquisa em uma ilha com o objetivo de coletar amostras para um medicamento milagroso. 

Para isso, eles contratam Zora Bennet (Scarlett Johansson), Duncan Kincaid (Mahershala Ali) e seu grupo de mercenários, além do paleontólogo Henry Loomis (Jonathan Bailey). Porém, no caminho, o grupo é atacado por dinossauros e é levado a resgatar Reuben Delgado (Manuel Garcia-Rulfo) e sua família de um naufrágio. Agora, essa gente toda precisa encontrar um jeito de sobreviver na ilha enquanto esperam resgate, tendo de lidar com os bizarros dinossauros mutantes que estavam sendo criados por lá.

Sim, dinossauros mutantes. Gareth Edwards usa toda a sua experiência com Godzilla para dar um senso de escala interessante para essas criaturas (apesar de claramente exagerado em algumas das cenas). Assim, os dinossauros estão mais próximos de monstros do que de qualquer outra coisa – inclusive, o “antagonista” D-Rex lembra um personagem deste outro filme de Edwards, com seus vários pares de braços. Suponho que isso tenha os seus méritos, mas acho que não irá agradar quem só queria ver bons dinossauros.

Já os personagens humanos são, basicamente, clichês ambulantes. Como esperado, Jurassic World: Rebirth é uma coleção de desculpas para colocar as pessoas em perigo das maneiras mais estúpidas possíveis, nos fazendo questionar o quão competentes são estes supostos profissionais. 

De qualquer modo, o elenco principal é ok e convence nos seus dramas, ainda que as motivações de Loomis não convençam muito e que Martin Krebs seja caricaturalmente vilanesco, como um grande capitalista malvado. O núcleo “civil”, apesar de ser uma tradição da série, não tem lá muita razão de existir e o filme poderia ficar melhor sem essa gordura.

Obviamente, não acho que alguém vai ver Jurassic World: Rebirth esperando por um grande peso dramático. Como filme de ação, ele tem boas sequências, muita correria, uma computação gráfica competente (apesar de duas cenas em particular estarem muito esquisitas) e um ritmo que não chega a cansar. Em resumo, esse é um filme mediano e que está no nível do resto da série; acho que funciona para as férias, especialmente em uma temporada de verão bastante fraca.

Outras divagações:
Jurassic World
Jurassic World: Fallen Kingdom
Jurassic World: Dominion

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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