Divagações: The Mitchells vs the Machines
20.4.22
Por alguns anos, eu encarei com desconfiança as animações de diversos estúdios estadunidenses (com a marcada exceção de Disney, Pixar e um ou outro longa-metragem). As histórias eram sofríveis, as texturas eram plásticas e nada parecia minimamente interessante; eram apenas aventuras bobas para entreter crianças que não sabiam diferenciar um filme verdadeiramente legal de um monte de manchas coloridas passando pela tela e fazendo barulhos. Felizmente, isso tem mudado (ainda assim, é sempre saudável olhar além dos Estados Unidos).
The Mitchells vs the Machines, por exemplo, consegue ser verdadeiramente divertido e dar sua própria mensagem sobre um tema tão batido quanto a importância da família. Sem impor a falácia de que o sangue/DNA está acima de tudo, o filme mostra como as pessoas mudam ao longo do tempo (especialmente na adolescência) e precisam fazer um esforço efetivo para entender alguém que conhecem desde sempre. Dito isso, esse também um longa-metragem sobre amadurecimento (e não só dos adolescentes).
Katie (Abbi Jacobson) é uma jovem prestes a entrar na universidade – e ela está louca para morar bem longe. Seu pai, Rick (Danny McBride), vive questionando suas escolhas, enquanto sua mãe, Linda (Maya Rudolph), assumiu uma posição apaziguadora em uma busca infrutífera por uma família perfeita. Assim, os únicos de quem Katie realmente acredita que terá dificuldades para se separar são o irmão, Aaron (Michael Rianda), e o cachorro.
O detalhe é que, em uma tentativa desesperada de fortalecer laços, Rick decide levar Katie para a universidade por meio de uma longuíssima viagem interestadual de carro. Mas eles não esperavam que, no meio do caminho, a famosa assistente virtual PAL (Olivia Colman) se revoltasse contra seu criador, Mark (Eric André), e direcionasse sua ira por todo o planeta. Graças a dois robôs defeituosos (Fred Armisen e Beck Bennett), a família de desajustados acaba se tornando a última esperança da humanidade.
Com isso, The Mitchells vs the Machines mistura uma série de conceitos que funcionam bem. O filme tem um claro apelo nostálgico para quem viveu os anos 1980 e 1990, é uma espécie de road movie e, ao mesmo tempo, dialoga com conceitos de ficção-científica. Tudo embalado dentro de uma aventura muito rápida e colorida, como não poderia deixar de ser (afinal, o público infantil segue sendo o foco). Para completar, há uma profusão de referências e trocadilhos visuais que funcionam bem e ajudam a manter os adultos com os olhos na tela.
Outro aspecto interessante está no elenco. Além da participação especial de Chrissy Teigen e John Legend (bom, ao menos para mim, isso é um ponto de venda), a produção conta com uma escalação forte e interessante, que acrescenta novas camadas aos personagens. Sinceramente, eu nunca imaginaria Olivia Colman como a voz de uma interface robótica, mas o resultado é muito bom.
Assim, por mais que The Mitchells vs the Machines pareça destinado a se afundar no catálogo da Netflix, o filme não pode ser subestimado. Ele conseguiu uma indicação ao Oscar no último ano (não que isso queira dizer muita coisa) e carrega o selo bem definido dos produtores Phil Lord e Christopher Miller. Para quem conseguir desencavá-lo em meio aos algoritmos do futuro, será um verdadeiro achado.
The Mitchells vs the Machines, por exemplo, consegue ser verdadeiramente divertido e dar sua própria mensagem sobre um tema tão batido quanto a importância da família. Sem impor a falácia de que o sangue/DNA está acima de tudo, o filme mostra como as pessoas mudam ao longo do tempo (especialmente na adolescência) e precisam fazer um esforço efetivo para entender alguém que conhecem desde sempre. Dito isso, esse também um longa-metragem sobre amadurecimento (e não só dos adolescentes).
Katie (Abbi Jacobson) é uma jovem prestes a entrar na universidade – e ela está louca para morar bem longe. Seu pai, Rick (Danny McBride), vive questionando suas escolhas, enquanto sua mãe, Linda (Maya Rudolph), assumiu uma posição apaziguadora em uma busca infrutífera por uma família perfeita. Assim, os únicos de quem Katie realmente acredita que terá dificuldades para se separar são o irmão, Aaron (Michael Rianda), e o cachorro.
O detalhe é que, em uma tentativa desesperada de fortalecer laços, Rick decide levar Katie para a universidade por meio de uma longuíssima viagem interestadual de carro. Mas eles não esperavam que, no meio do caminho, a famosa assistente virtual PAL (Olivia Colman) se revoltasse contra seu criador, Mark (Eric André), e direcionasse sua ira por todo o planeta. Graças a dois robôs defeituosos (Fred Armisen e Beck Bennett), a família de desajustados acaba se tornando a última esperança da humanidade.
Com isso, The Mitchells vs the Machines mistura uma série de conceitos que funcionam bem. O filme tem um claro apelo nostálgico para quem viveu os anos 1980 e 1990, é uma espécie de road movie e, ao mesmo tempo, dialoga com conceitos de ficção-científica. Tudo embalado dentro de uma aventura muito rápida e colorida, como não poderia deixar de ser (afinal, o público infantil segue sendo o foco). Para completar, há uma profusão de referências e trocadilhos visuais que funcionam bem e ajudam a manter os adultos com os olhos na tela.
Outro aspecto interessante está no elenco. Além da participação especial de Chrissy Teigen e John Legend (bom, ao menos para mim, isso é um ponto de venda), a produção conta com uma escalação forte e interessante, que acrescenta novas camadas aos personagens. Sinceramente, eu nunca imaginaria Olivia Colman como a voz de uma interface robótica, mas o resultado é muito bom.
Assim, por mais que The Mitchells vs the Machines pareça destinado a se afundar no catálogo da Netflix, o filme não pode ser subestimado. Ele conseguiu uma indicação ao Oscar no último ano (não que isso queira dizer muita coisa) e carrega o selo bem definido dos produtores Phil Lord e Christopher Miller. Para quem conseguir desencavá-lo em meio aos algoritmos do futuro, será um verdadeiro achado.
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