Divagações: Harry Potter and the Chamber of Secrets

Um ano depois do primeiro filme, chega aos cinemas Harry Potter and the Chamber of Secrets . Novamente dirigido por Chris Columbus , novamen...

Um ano depois do primeiro filme, chega aos cinemas Harry Potter and the Chamber of Secrets. Novamente dirigido por Chris Columbus, novamente procurando se manter fiel à obra original de J.K. Rowling. Só que agora o sucesso era mais certo do que nunca e a preocupação estava mais direcionada para quais recordes bater (Melhor fim de semana de estreia? Maior bilheteria do ano? Maior número de salas exibidoras?).

Apenas para algumas pessoas – eu, inclusive – havia um motivo de preocupação. O segundo livro da série era até aquele momento o mais fraco. Ele tinha uma trama mais linear que o primeiro e boa parte do sentimento de descoberta de um novo mundo já havia esvaído. Se o filme ficasse desinteressante, era provável que a série não conseguisse recuperar fôlego suficiente para continuar sendo filmada até o último volume, talvez até o quarto... Ao mesmo tempo, devido às limitações vistas no filme anterior, esse parecia ser mais próximo ao terreno de Chris Columbus (que normalmente faz filmes totalmente centrados no protagonista, sem muitas voltas). Além disso, a história poderia ser transformada em filme com bem menos prejuízo de informação.

Em Harry Potter and the Chamber of Secrets, a escola de magia está sendo ameaçada por um inimigo invisível. Alunos começam a ser petrificados e mensagens sobre uma câmara secreta são pintadas na parede. Harry Potter (Daniel Radcliffe) e seus amigos não teriam nada a ver com isso, mas um elfo doméstico (?) chamado Dobby (voz de Toby Jones) aparece com frequência para tentar salvar a vida de Harry e tirá-lo da escola, onde, de acordo com o elfo, há algo maligno acontecendo. Como se não bastasse, os alunos passam a suspeitar de Potter quando ele acaba mostrando em público sua habilidade de falar com cobras, algo que é mal visto entre os bruxos.

Nesse filme, toda a trama é centrada em Harry Potter, enquanto Ron Weasley (Rupert Grint) serve de alívio cômico e Hermione Granger (Emma Watson) tem a função prática de saber muitos feitiços e conseguir informações. Além deles, apenas Hagrid (Robbie Coltrane) e o Professor Dumbledore (Richard Harris em seu último trabalho no cinema) mantêm algum destaque. Por sua vez, crescem os personagens Draco Malfoy (Tom Felton) e Lucius Malfoy (Jason Isaacs), que são os malvados da vez. Vale também apontar que, embora seja um tanto quanto inútil, o Gilderoy Lockhart de Kenneth Branagh é bastante divertido.

Com esse foco mais centrado, é possível perceber a contribuição mais importante que Chris Columbus deixou para a série: o elenco. Obviamente que escalar grandes nomes do cinema inglês não é exatamente um mérito dele ou algo que possa dar muito errado, mas as crianças foram selecionadas a dedo. Daniel Radcliffe entrega um trabalho muito superior ao do filme anterior, mesmo que haja espaço para melhoras. Com o passar do tempo, é perceptível seu esforço para melhorar sempre. Já Rupert Grint, Emma Watson e Tom Felton continuam desempenhando bem seus papéis e, ainda por cima, trazem elementos importantes para a caracterização. Depois de Harry Potter and the Chamber of Secrets, eles não eram mais surpresas e alguns “entendidos” por aí começaram a especular sobre o caminho que tomariam em suas carreiras.

Claro que o filme não é perfeito. Ele continua a dar a sensação um pouco incômoda de “livro filmado” (menos que o anterior), além de ter cenas que poderiam ter sido cortadas para deixar a edição mais ágil – ao mesmo tempo em que o final poderia ser melhor explorado, principalmente com relação à personagem Ginny Weasley (Bonnie Wright, justamente uma das escolhas de elenco mais questionáveis).

No geral, é um filme mais “redondo” que o anterior, o que não impede que ele sofra do mesmo mal que o livro: uma história pouco envolvente (a matéria-prima de um filme). Para os fãs, matou a vontade de ver os personagens que tanto gostam na tela do cinema novamente. Para os demais, restou ver um filme bastante divertido, digno do valor do ingresso e da pipoca, mas que poderia ser esquecido quando as luzes ascendessem. A magia continuou, mais fraca, mas ainda forte o suficiente para aguentar até o próximo filme – com um novo diretor.

Outras divagações:

RELACIONADOS

0 recados