Divagações: Tangled

Quando ouvi falar de Tangled , fiquei assustada. Um filme da Disney ( o número 50! ) contando uma das minhas histórias de princesa preferid...

Quando ouvi falar de Tangled, fiquei assustada. Um filme da Disney (o número 50!) contando uma das minhas histórias de princesa preferidas, mas sem o nome da protagonista no título! Fiquei com medo por você, Rapunzel.

Claro que quando se gosta de uma história, não se deveria pedir para a Disney adaptá-la. A equipe altera muita coisa em nome da magia que eles tanto pregam. As mudanças podem até deixar a história mais “redonda” e funcionando melhor para crianças de todas as idades e até de diferentes culturas, mas é impossível agradar a todos. Normalmente, são os mais velhos que acabam tendo que levar chutes na cadeira durante toda a sessão, além de terem que agradar trechos gratuitos feitos apenas para as criancinhas. Mas, sinceramente, não vá ver a um filme da Disney com uma mentalidade de velho rabugento! Volte a ser criança! No caso de Tangled, só isso já seria o suficiente – se não fosse a dublagem. Ainda bem que Rapunzel (Mandy Moore, originalmente) continua a ser a personagem principal.

Nessa nova versão da história, a mocinha é realmente uma princesa – embora não saiba disso. Durante a gravidez, a rainha ficou muito doente (nada de desejos ou fome por aqui) e precisou de um chá feito com uma flor mágica e muito rara. Por coincidência, uma bruxa usava essa mesma flor para se manter jovem a muitos séculos. Assim, quando o bebê nasceu, ele adquiriu as mesmas propriedades mágicas da planta e foi raptado pela bruxa. Para se continuar jovem, Gothel (Donna Murphy) fazia Rapunzel cantar, o cabelo brilhava e a mágica acontecia. Só que o cabelo não podia ser cortado, pois suas propriedades desapareceriam.

A relação da criança com a bruxa era como a de uma mãe opressora e uma filha frágil, porém sonhadora. Rapunzel sonhava ver de perto as luzes que sempre apareciam no céu no dia de seu aniversário, mas não podia deixar sua torre. Até que um ladrão muito malandro chamado Flynn Rider (Zachary Levi, como eu quis ouvir a sua voz) aparece e se transforma no guia de Rapunzel para ajudá-la a sobreviver ao mundo fora da torre. Os dois vivem muitas aventuras no percurso e, claro, se apaixonam – em uma relação que pode colocar tudo a perder.

Ou seja, apesar do título, do 3D e da falta da animação tradicional, ainda é um filme de princesa da Disney. Há músicas, animais que se comportam como humanos, personagens secundários divertidos (preste atenção nos ladrões) e tudo a que uma criança feliz tem direito. Afinal, seria impossível para a Disney conquistar os corações das crianças se ainda fizesse filmes como Dumbo. Não me entendam mal! O filme pode ser bom até hoje, mas as crianças de 2011 querem algo diferente do que queriam as de 1941, setenta anos atrás. Se para isso é necessário ter um casal de heróis ativos, 3D e nada de nome de menina no título – que assim seja. O importante é manter a qualidade (e a magia).

Tangled, obviamente, não é perfeito. Além do crime que fizeram com a dublagem no Brasil ao colocarem um amador como protagonista no meio de tanta gente boa (será que foi só por causa da piada do nariz que escolheram Luciano Huck?), o filme é dependente da tecnologia para funcionar. Para o bem do filme, espero que os televisores em 3D invadam as casas logo ou a principal cena corre um sério perigo.

Tirando esses aspectos técnicos, sobram coisas boas. Os personagens são interessantes, mesmo que apenas o casal principal tenha suas características melhor desenvolvidas. Também há cenas muito engraçadas, em grande parte derivadas da falta de habilidade de Rapunzel com o mundo real. Nenhuma música é absolutamente memorável, mas todas encantam e a cena no barco me lembrou absurdamente de The Little Mermaid (podem falar mal, mas eu adoro).

Assim, aviso que, se você quer ver o filme, não perca tempo e vá a um cinema ter a experiência (em 3D) que Tangled merece. Esqueça a vergonha e os preconceitos e arranje alguma paciência para lidar com as crianças gritonas e chutadoras das cadeiras alheias. Aliás, vá acompanhado de uma se puder! O filme é uma gracinha e vale o preço do ingresso. Embora seja uma pena essa questão da dublagem, não permita que isso estrague a sua diversão (depois você aluga o DVD e se livra desse tipo de lembrança).

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