Divagações: Hanna
31.5.12
Saoirse Ronan é uma menina bonita, de aparência delicada e que está se transformando de promessa em estrela de cinema. Com apenas 13 anos, ela foi indicada ao Oscar por Atonement, mas começou a realmente ganhar destaque depois de protagonizar The Lovely Bones. Assim, foi com alguma surpresa que seu nome apareceu no elenco de Hanna, um filme de ação que exigia preparação física. O espanto só não foi maior porque se tratava de um projeto do diretor Joe Wright, o mesmo de Atonement.
No filme, Hanna (Saoirse Ronan) é uma menina que vive com seu pai, Erik (Eric Bana), em uma cabana isolada no meio de uma floresta gelada. Ele a educou desde muito pequena com base em enciclopédias e com seus próprios conhecimentos de ex-agente da CIA, o que inclui a fluência em diversas línguas estrangeiras. O objetivo é preparar a menina para uma missão, matar a assassina de sua mãe, a agente Marissa (Cate Blanchett). Assim, quando pai e filha colocam seu plano em curso, a agente também inicia uma perseguição implacável.
Mesmo Hanna sendo basicamente um filme de ação, ele é também uma obra autoral. Joe Wright, no entanto, não é Paul Greengrass. A maneira como a personagem de Cate Blanchett, por exemplo, é retratada deixa isso bem claro. O diretor explora sua elegância, mostra um senso de organização incrível e uma disciplina aguçada, filma seus dentes bem de perto (cuidado com a cena do fio dental), enfim, tenta definir a personagem visualmente ao invés de explorar suas ações. Como resultado, o espectador fica com sentimentos confusos sobre ela e sua misteriosa relação com os pais da protagonista.
Na verdade, o roteiro constrói uma situação cheia de pontas soltas e deixa o público ir relacionando os elementos. Isso até é interessante (afinal, a ação não precisa ser burra), mas traz uma aura pretenciosa para o filme. Assim como Salt, Hanna também deixa bastante espaço para uma possível continuação, por mais que, ao final, coloque a protagonista em uma situação bem delicada (calma, não estraguei nada contando isso).
Outro aspecto interessante é a maneira como a menina passa a ter contato com o mundo. Do alto de seus conhecimentos enciclopédicos, Hanna sabe tudo na teoria e acaba se deslumbrando com a realidade. O contraste entre a menina inocente e de aspecto frágil com a lutadora fria e calculista é bem dosado, assim como o desespero da adolescente sozinha em um lugar desconhecido. Em seu trajeto, ela se deixa levar pelo momento, conhece novas pessoas e aproveita sempre que possível. A amizade com Sophie (Jessica Barden) e sua família, por mais que tenha seus momentos patéticos, acaba se revelando uma das coisas mais bonitas do filme.
Assim, a medida que a trama se desenvolve, a escolha de Saoirse Ronan para o papel passa a ser compreensível e a menina convence nas cenas de ação, mesmo que nunca fique muito claro como ela, sozinha, consegue matar tanta gente de uma só vez e tão rapidamente (agilidade tem limite). Ela é o personagem mais interessante do filme, mas, por alguma razão, a atenção do espectador é sempre desviada para outra direção.
Como uma obra de ação, Hanna é bastante irregular. Visto de forma isolada, no entanto, o resultado é interessante e merece alguma atenção. Joe Wright fez algo completamente diferente de seus filmes anteriores, mostrando que sua preferência por protagonistas femininas fortes vai além dos filmes de época. Mesmo assim, ele irá se reunir pela terceira vez com Keira Knightley para Anna Karenina.
1 recados
Eu curti o filme. Mas concordo plenamente com você: o filme tem pontos soltas, e como! Mas, no modo geral, achei bastante simpático!
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