Divagações: Dark Shadows
21.6.12
Em 1966, estreava nos Estados Unidos Dark Shadows, uma série ousada que misturava fantasia, terror e drama de um modo nunca antes visto na televisão americana. A série se tornou um clássico cult e influenciou diretores como Quentin Tarantino e Tim Burton. No entanto, apesar de sua importância, no Brasil o seriado permaneceu desconhecido. Dessa forma, ouso dizer que Dark Shadows – o filme – só estará em cartaz nos cinemas tupiniquins graças à dobradinha Tim Burton e Johnny Depp que, apesar de fazer muita gente torcer o nariz, ainda é elogiada por outros tantos.
Desde o primeiro material promocional, Dark Shadows me chamou bastante atenção visualmente, misturando o estilo gótico pelo qual Tim Burton é conhecido com referências psicodélicas dos anos 1970. Devo dizer que isso é muito bem feito, sendo interessante dentro das limitações que o roteiro impõe. Por sinal, o período está muito bem retratado, tanto visualmente quando pela música e pelos personagens, que estão mais bem caracterizados do que, por exemplo, em Men in Black III, que se passa praticamente na mesma época.
A história começa no final do século XVIII, quando o jovem Barnabas Collins (Johnny Depp) sai com seus pais para o novo mundo em busca de fama e fortuna. A família prospera na América, mas nem tudo são flores. Enciumada por um amor não correspondido, a jovem Angelique Bouchard (Eva Green), secretamente uma praticante da magia negra, enfeitiça Collins e o transforma em um vampiro, aprisionando-o por 200 anos enquanto destrói a sua linhagem. Ele, porém, consegue escapar em pleno ano de 1972 e agora tem de lidar com os seus descendentes, uma família decadente liderada por Elizabeth Collins Stoddard (Michelle Pfeiffer).
O problema maior aqui está justamente na trama, que não decide em momento algum se este é um filme sério ou não, o que acaba estragando um pouco a qualidade da produção. Tenho a impressão de que se o roteiro fosse mais descompromissado e apostasse mais fortemente na comédia de contrastes ao invés dos momentos de melodrama, a experiência teria sido bem mais divertida. Porém, apesar disso, as atuações estão boas – nada muito notável, admito –, com exceção de um ou outro personagem secundário e mal aproveitado.
Enfim, é complicado criticar um produto voltado para pessoas que conhecem o material original, assim, não me sinto a vontade em julgar todos os aspectos do filme. Porém, o que transparece é que, apesar de ter elementos realmente interessantes, Dark Shadows não vive para realizar todo o seu potencial. Faltou desenvolvimento e energia para que esse se tornasse um filme único. Ele não é necessariamente chato, mas, apesar de entreter, são poucos os momentos em que passa do morno.
Assim sendo, esse não é o tipo de filme que exige a tela grande para funcionar, quanto mais uma corrida ao cinema no fim de semana. Talvez para os fãs da série valha a pena uma espiada, mas para os demais, é melhor guardar suas energias (e economias) para os blockbusters dos próximos meses. Mesmo que soe como um desmerecimento, no caso de Dark Shadows, esperar pelo DVD não fará mal a ninguém.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
2 recados
Achei o crítico muito duro com o filme. Dá para dar umas boas risadas, sim. O final é o típico "se der bilheteria haverá o 2". Torço para que seja este o caso. O filme tem um arzinho de Scooby Doo (anos setenta, fantasmas, humor), muito gostoso de ver.
ResponderExcluirAchei que o filme começa muito bem, com uma mistura de comédia e mistério que dá certo, mas de uma hora pra outra a trama se torna cansativa e de certa forma bizarra, com umas tomadas que não fazem muito sentido, como na hora que a sobrinha Collins vira lobisomem... Resumindo, começa bem e termina mal! Não aprovei e não recomendo.
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