Divagações: Ted

Nomes como Mark Wahlberg , Mila Kunis e Ryan Reynolds são respeitáveis o suficiente em Hollywood. Um filme onde pessoas reais interagem...

Nomes como Mark Wahlberg, Mila Kunis e Ryan Reynolds são respeitáveis o suficiente em Hollywood. Um filme onde pessoas reais interagem com um ursinho de pelúcia feito por computação gráfica normalmente não tem o mesmo reconhecimento. Por mais que Ted seja bem feito, conte com bastante tecnologia e proporcione uma interação quase crível do personagem com o cenário e os outros atores, ainda é difícil acreditar.

Mesmo assim, é possível embarcar na história através do roteiro cheio de referências absurdas (e palavrões) de Seth MacFarlane – que também é o diretor do filme e a voz responsável pelo protagonista peludo. Mais conhecido por seus trabalhos de animação para televisão, ele consegue um bom resultado com atores de verdade e mantém o nível das piadas.

Ted conta a história de um menino sem amigos, John Bennett (Bretton Manley/Mark Wahlberg). Ele ganha de Natal um urso de pelúcia que, instantaneamente, se transforma em seu melhor amigo. Então, em uma noite estrelada, deseja que Ted (Seth MacFarlane) possa conversar de verdade com ele. O pedido se transforma em realidade, o urso ganha fama internacional, acaba se transformando em ex-celebridade e os dois vivem uma vida aparentemente feliz ao lado da namorada de John, Lori Collins (Mila Kunis).

O problema é que Ted não tem responsabilidades e vive a vida com muitas drogas e festas. Além disso, um homem imaturo de 35 anos que ainda convive com seu brinquedo de infância acaba tendo problemas em seu trabalho e em relacionamentos mais longos. Para completar, o chefe de Lori, Rex (Joel McHale) está interessado nela e um pai muito doido, Donny (Giovanni Ribisi), quer que Ted seja o novo brinquedo de seu filho gordinho, Robert (Aedin Mincks).

Embora esteja repleta de clichês, a trama consegue manter a atenção e parecer não ser tão óbvia ao se concentrar nos problemas do relacionamento entre John e Lori. As piadas passam rapidamente e em uma verdadeira enxurrada, sendo que muitos momentos são criados especialmente para isso. Destaque para a namorada de Ted, Tami-Lynn (Jessica Barth), e para a participação especial de Sam J. Jones. Além disso, o narrador (Patrick Stewart) também tem seus momentos.

Devido ao caráter das piadas, Ted recebeu uma recomendação etária de 16 anos e um marketing gratuito por conta do deputado federal Protógenes Queiroz, que quis impedir a exibição no Brasil depois de ter levado seu filho de 11 anos para uma sessão. Obviamente, o público-alvo se restringe às pessoas que apreciam conteúdos similares aos trabalhos anteriores de Seth MacFarlane, como Family Guy ou American Dad (que não deixam de ser mais críticos e inteligentes que o filme). Ainda assim, fui assistir Ted em uma quarta-feira e a sala estava absolutamente lotada – e satisfeita com o que encontrou.

Basicamente, o filme acaba misturando elementos característicos da inocência infantil (inclusive na narração) com drogas, sexo, palavrões, estereótipos preconceituosos e referências televisivas de qualidade questionável. O resultado sem dúvida tem algo de polêmico, mas não chega a machucar ninguém – até mesmo o elenco ri de si mesmo, de seus trabalhos mais conhecidos e da imagem pública de cada um. No final das contas, Ted não exige grandes reflexões ou um amplo envolvimento emocional, sendo apenas uma comédia que procura (e consegue) fazer o maior número de pessoas rirem dentro da sala de cinema.

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