Divagações: Stolen

Há algumas semanas, eu tinha a sensação de que o cinema estava carente de filmes de ação. Em seguida, vários foram lançados, praticamente...

Há algumas semanas, eu tinha a sensação de que o cinema estava carente de filmes de ação. Em seguida, vários foram lançados, praticamente ao mesmo tempo. Agora, a minha impressão mudou: sinto que estão faltando bons filmes de ação. Stolen faz parte dessa última leva e, infelizmente, também não é um dos mais brilhantes em seu gênero.

O filme acompanha Will Montgomery (Nicolas Cage), um assaltante de banco que vai preso após uma operação organizada pelo FBI, mais especificamente pelo agente Tim Harlend (Danny Huston). Após cumprir a prisão, ele decide abandonar a vida de criminoso, mas é surpreendido pelo sequestro de sua filha, Alison (Sami Gayle), feito por um antigo companheiro, Vincent (Josh Lucas). Para entender melhor a situação e pagar o resgate, Will entra em contato com seus antigos comparsas, Hoyt (M.C. Gainey) e Riley (Malin Åkerman).

Nicolas Cage, obviamente, é um herói tradicional, que tenta atrair a simpatia do público ouvindo músicas legais, sendo carinhoso com a filha, queimando dinheiro e fazendo cara de arrependido. Nada disso é muito efetivo. Como nenhum dos outros personagens parece acreditar nele, o público também fica na dúvida se ele está falando a verdade e demora a embarcar na história. Além disso, o ator anda com a imagem tão desgastada que tive a impressão que alguns dos meus colegas de sessão foram ao cinema para rir dele.

Além disso, o personagem de Danny Huston também não convence. Acho interessante a ideia de um agente que persegue, mas no fundo admira as realizações do criminoso, misturando ódio e satisfação. Contudo, isso não é bem desenvolvido e ele parece inconstante e pouco profissional. Para completar, o figurino inclui um chapéu fora de moda (uma referência a filmes policiais antigos), o que diminui o respeito do espectador pelo personagem e acaba definitivamente com sua fachada de durão.

Provavelmente, o único elogio que tenho a fazer é para Malin Åkerman. Ela está linda, divertida e natural. Sua personagem não chega a ter seu passado apresentado, de modo que não fica clara a razão de uma pessoa tão legal ter entrado para o mundo de assalto a bancos. Já Sami Gayle passa a maior parte do tempo inconsciente dentro de um porta-malas, de modo que não tem muita oportunidade para mostrar a que veio. Acho que teremos que esperar por The Congress antes de decidir alguma coisa sobre ela.

No geral, Stolen tem uma história óbvia e fraca, onde já se sabe o próximo movimento de antemão. Josh Lucas até tentou caprichar em seu vilão e merece ser chamado de assustador, mas o texto não o favorece, deixando suas motivações fracas. Para esticar o clímax, o filme simplesmente parou de se levar a sério e o transformou em um monstro quase imortal. Depois disso, nada mais funciona e o espectador pode muito bem sair da sala sem perder nada.

A propósito, como a história se passa durante o carnaval, a cidade está em festa e toda a perseguição se mescla com a confusão. Ninguém ouve nada em meio ao barulho e as ruas estão cheias de pessoas mascaradas. O cenário é bem interessante e aproveitado de acordo, mas ajuda na impressão de que não dá para levar o filme a sério.

Caso você tenha ficado interessado pela proposta do filme (mais especificamente, o sequestro da filha e o resgate emocionante), recomendo uma passada na locadora que tenha Taken. O filme não é mais lançamento, então deve ficar mais barato que o ingresso do cinema. A continuação esteve em cartaz no final do ano passado e deve ser lançada em DVD em breve.

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