Divagações: Gangster Squad
12.3.13
Há uns vinte e tantos anos atrás, Hollywood nos presenteou com uma das mais criativas e interessantes safras de filmes de gângsteres e mafiosos já criada. Goodfellas, The Untouchables, Once Upon a Time in America, entre outros. Não faltavam histórias onde gângsteres e policiais trocam tiros e grandes mafiosos comandam o submundo. Porém, o tempo se passou e, cada vez mais, esse tipo de filme foi saindo de moda e se tornando escasso. As poucas tentativas de lançar histórias assim, então, tropeçaram em críticas mornas e em um público pouco empolgado.
Assim, não foi exatamente inesperado perceber como Gangster Squad recebeu pouca atenção. Nem mesmo as polêmicas e o elenco com grandes estrelas salvaram o filme de ser colocado de lado em meio ao lançamento dos grandes para a temporada de premiações.
Baseado – mesmo que vagamente – em uma história real, temos em Gangster Squad as trajetórias opostas de Mickey Cohen (Sean Penn) e do sargento John O'Mara (Josh Brolin) em uma Los Angeles no fim dos anos 1940. Enquanto Cohen é um mafioso ambicioso que aspira controlar não só a cidade, mas toda a costa oeste, O'Mara é um policial que não se vende à corrupção que permeia o departamento de polícia local.
Dessa forma, quando Cohen finalmente coloca em prática o plano para expandir seus negócios, é dada a O'Mara a chance de reunir um esquadrão extraoficial para capturar e desmantelar a gangue. A O'Mara se juntam Coleman Harris (Anthony Mackie), Max Kennard (Robert Patrick), Navidad Ramirez (Michael Peña) e Jerry Wooters (Ryan Gosling), que acaba por se envolver com uma das garotas de Cohen, Grace Faraday (Emma Stone).
Talvez um dos maiores motivos para se criticar Gangster Squad esteja bem visível nesta sinopse. É complicado dizer que em algum momento o roteiro apresente alguma novidade, deixando em nossas cabeças aquela incômoda sensação de “eu já vi um filme assim antes”. Porém, mesmo com uma premissa batida e uma execução repleta de clichês, o roteiro em si é bem aproveitado, com uma edição e direção competentes. Também transparece um pouco o estilo do diretor, Ruben Fleischer – mais conhecido por Zombieland –, que coloca uma dose de humor, mesmo que um pouco acidental, na trama.
O elenco é bastante sólido, mas longe de ser uma unanimidade, já que muitos têm alguma espécie de antipatia pelo trabalho de Ryan Gosling ou pelo de Sean Penn. Contudo, não me senti incomodado com nenhuma das atuações, mesmo com a ausência de um personagem que efetivamente fosse memorável ou que estimulasse um trabalho mais interessante por parte dos atores.
No final das contas, Gangster Squad fica transitando em um complicado meio termo. Enquanto tem algumas coisas muito interessantes e divertidas, é pouco inspirado e insípido em outras. Mesmo sendo um filme efetivamente agradável, com algumas boas cenas e ótimos tiroteios, talvez ele fosse um pouco melhor se mantivesse um tom mais sóbrio e mais denso. De todo modo, o filme funciona bem como uma obra descompromissada, com muito estilo e pouca substância, perfeita para aquele fim de semana onde você não tem o ânimo de ver nada mais instigante, mas não quer abrir mão de uma boa produção.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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