Divagações: R.I.P.D.
26.9.13
De boas intenções o inferno está cheio: acho que nunca houve um filme que levasse esse ditado tão a sério quanto R.I.P.D.. Com uma pitada de Ghost Busters e outra de Men in Black, aparentemente, a ideia da produção era misturar diversos elementos interessantes (de cowboys a zumbis) e esperar que o saldo final fosse positivo.
Suponho que esse seja um karma do diretor Robert Schwentke, já que seus filmes mais recentes – Red e The Time Traveler's Wife – sofrem do mesmo mal, com uma execução que fica bem aquém do potencial da obra.
Tal como na trilogia estrelada por Will Smith e Tommy Lee Jones, aqui temos a história de um policial que se vê colocado em um mundo além de sua compreensão. Após ser traído por seu parceiro, Hayes (Kevin Bacon), Nick (Ryan Reynolds) acaba morrendo e sendo recrutado pela agência que dá titulo ao filme para caçar os mortos que querem fugir do julgamento final. Seu novo parceiro, o veterano Roy (Jeff Bridges), contudo, não está contente em servir de babá para o novato, que precisa enfrentar estranhas criaturas para salvar o mundo. Ou seja, basicamente saem os aliens e entram os mortos vivos.
Com um roteiro desencontrado e um clima constante de ‘já vi isso antes’, é fácil entender por que o filme não conseguiu engrenar nas bilheterias. A produção faz muito pouco esforço em esconder suas referências e em apresentar algo de novo, embrulhando ideias interessantes em clichês e saídas fáceis.
Além disso, a grande trama do filme é tratada de modo corrido e os antagonistas carecem quase que totalmente de motivação. Também não pense que o filme trata os protagonistas de modo muito melhor, já que o arco dramático dos personagens de Reynolds e Bridges acontece praticamente sem nenhum desenvolvimento concreto.
Ainda assim, é um pouco chato pensar que R.I.P.D. está sendo considerado como uma das maiores bombas do ano. Afinal, o desempenho nas bilheterias não é uma exata representação da qualidade do filme, já que, mesmo com os defeitos, existem algumas características bem bacanas que tornam a experiência final mais palatável.
Um exemplo disso é a atuação de Jeff Bridges que, apesar de um pouco estereotipada, é competente. Ele claramente sofre por conta da qualidade do texto, mas não deixa de proporcionar momentos divertidos. O próprio Reynolds, mesmo com um fervoroso séquito de odiadores, acaba se segurando bem e entrega uma atuação bem mais interessante que no insosso Green Lantern. O visual do filme também funciona, porém, algumas escolhas poderiam ter sido melhor exploradas.
No final das contas, R.I.P.D. deixa muito a desejar como filme, pois a produção se assemelha muito mais a um piloto milionário para a televisão do que a um grande blockbuster, como seria o plano inicial. Situação que até o próprio estúdio reconhece, já que a Universal puxou a tomada do marketing para evitar maiores prejuízos.
Desse modo, tal como muitos outros nesse ano de constantes fracassos e decepções, R.I.P.D. se junta ao rol de filmes sepultados pelos resultados fracos e críticas pesadas, já que não consegue ser algo mais do que mediano.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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