Divagações: Red
14.4.11
Bruce Willis, em algum momento de sua carreira, foi realmente considerado um ator sério? Talvez ele tenha chegado perto disso na época em que encarnou o herói de ação, mas não sei ao certo... Em Red, por exemplo, ele está cercado de atores bem vistos como Helen Mirren e Morgan Freeman. Mesmo assim, ele como protagonista dá uma aura de canastrice ao filme que fica difícil levar a proposta a sério. Não que seja para tanto, afinal, trata-se de uma “comédia de ação”.
Red conta uma história meio forçada de um agente de operações secretas aposentado chamado Frank Moses (Bruce Willis). Por alguma razão, ele é apaixonado por Sarah Ross (Mary-Louise Parker), uma ávida leitora de histórias baratas de espionagem com quem só conversou por telefone – isso porque ela trabalha como telefonista da previdência (da previdência!). Assim, quando a vida dele é ameaçada, Moses resolve ir atrás de seus velhos companheiros, mas antes dá uma parada no caminho para sequestrar (sequestrar!) a moça. Em pouco tempo, juntam-se a eles o mentor à beira da morte Joe Matheson (Morgan Freeman), o paranoico Marvin Boggs (John Malkovich) e a assassina Victoria (Helen Mirren). Já do outro lado da “caçada aos aposentados” está o agente William Cooper (Karl Urban) e toda a parafernália do governo dos Estados Unidos.
Mesmo tendo uma premissa bastante boba, que ninguém se preocupa muito em aprofundar nas telas, mas que – suponho – deve ser mais emocionante na obra original, o filme consegue ser interessante. O visual procura seguir o estilo da linguagem dos quadrinhos, com ângulos de câmera bem característicos. A violência também se aproveita da mesma tendência e é bem marcada, causando até certa estranheza por causa da idade dos atores (o que era uma intensão óbvia). Claro que as armas e explosões representam um capítulo a parte, uma vez que são enormes, barulhentas e provocam uma destruição considerável. Aliás, quem se importa com prédios explodindo? Bobagem cotidiana, não é mesmo? O mais legal é que a destruição é concentrada. Basicamente, sua casa pode ser destruída, mas seus vizinhos continuarão dormindo tranquilamente (ou quase isso).
O elenco também faz o filme valer a pena. Afinal, onde mais você vai poder encontrar Morgan Freeman, John Malkovich e Helen Mirren juntos? Imagino, aliás, que eles também tenham achado divertido trabalhar tão próximos e em um filme mais leve – convenhamos que um elenco com essa média de idade não é comum, principalmente se não há uma aristocracia envolvida (e um figurino pesado).
Tirando esses elementos, Red não chega a realmente valer a pena. Embora eu considere as razões acima suficientes para bancar muitos ingressos, acredito que o filme seja mais indicado para quem curte a história original (seja para adorar ou para xingar, afinal é para isso que os fãs servem) e para quem engole qualquer filme de ação que passar pela frente, principalmente quando o lema for “quanto mais exagerado, melhor”. Afinal, fugir do governo dos Estados Unidos nunca foi tão cool.
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