The Lego Movie foi uma das coisas mais divertidas do cinema em 2014. O filme é animado, colorido e perfeitamente adequado para crianças, mas com elementos suficientes para fazer os adultos rirem à vontade e não se sentirem explorados com o preço do ingresso (o valor da pipoca, convenhamos, não tem como disfarçar).

Passada a novidade, entretanto, o entusiasmo em relação a uma possível franquia também caiu e The Lego Batman Movie não conseguiu receber a mesma atenção de seu antecessor. Afinal, todo mundo já viu os bonequinhos falando e se mexendo em um universo de Lego (por mais que os animadores se aprimorem, a surpresa já era). Inclusive, enquanto a Academia foi acusada de ter cometido uma injustiça por não ter dado uma indicação ao primeiro filme, o segundo estreou em plena temporada de premiações e deve passar absolutamente despercebido pelos votantes (já que só é elegível para o Oscar de 2018).

Mas talvez seja bom prestar atenção. Ao explorar um protagonista que já faz parte do imaginário popular, a produção foca justamente em seus pontos fortes e não perde tempo tentando criar uma trama ou apresentando personagens originais. O que acontece na tela é simplesmente uma grande brincadeira com bonequinhos, cheia de referências à cultura pop, diálogos caricatos, comportamentos bobos e uma estrutura narrativa que mais parece uma paródia. Sinceramente, fazia muito tempo que eu não me divertia tanto assim em uma sala de cinema.

Batman (Will Arnett) vive em sua mansão na companhia de seu mordomo, Alfred Pennyworth (Ralph Fiennes), e está muito contente em passar seus dias lutando contra criminosos, sendo adorado pela população de Gothan City, jantando lagosta e assistindo filmes. Sua tranquilidade, no entanto, é abalada com a nomeação de Barbara Gordon (Rosario Dawson) como a nova comissária da cidade e com a adoção acidental (?) do órfão Dick Grayson (Michael Cera). Como se isso não fosse suficiente para acabar com seu humor, Joker (Zach Galifianakis) está tramando alguma coisa e ele ainda não conseguiu adivinhar exatamente o que se trata.

Não que os tormentos internos do protagonista tenham muita função além da humorística. The Lego Batman Movie se desenrola em uma grande aventura cheia de vilões – mesmo. Há desde personagens conhecidos dos quadrinhos do herói – Harley Quinn (Jenny Slate), Catwoman (Zoë Kravitz) e Bane (Doug Benson), por exemplo – até os mais absurdos, como Condiment King. Mas como se trata de um filme do brinquedo Lego, não faltaram participações de outras franquias. Eu, particularmente, adorei ver Voldemort (Eddie Izzard) e Sauron (Jemaine Clement) no meio dessa bagunça.

Para quem é grandinho, ver a mistura de personagens de diferentes universos e o humor egocêntrico do protagonista já funciona muito bem. Para completar, há menções estratégicas a outras versões do protagonista. Mas o filme também decide agradar o público infantil, com uma mensagem bonitinha e vários momentos melosos. Sinceramente, isso dá para aguentar e faz sentido em um contexto amplo, especialmente quando é combinado com o lado cômico da produção. As músicas, contudo, são destinadas a ficarem datadas em pouco tempo e nenhuma é particularmente cativante. Sabe como é, ninguém pode ser perfeito.

The Lego Batman Movie é aquela produção feita especialmente para um cinema com os amigos, com muitas risadas e comidas açucaradas e/ou gordurosas. Dentro dessa proposta, dificilmente você encontrará outra opção melhor em cartaz. Tudo nesse filme é divertido e deixa aquela sensação já conhecida de “everything is awesome”.

Outras divagações:
The Lego Movie