Divagações: Avengers: Endgame

Com grandes hypes vêm grandes responsabilidades. Claro que a Marvel já sabe dessa lição faz tempo, mas Avengers: Endgame levou esse dile...

Com grandes hypes vêm grandes responsabilidades. Claro que a Marvel já sabe dessa lição faz tempo, mas Avengers: Endgame levou esse dilema para um novo patamar. Afinal, o longa-metragem representa um ponto de inflexão em uma série de filmes bastante longa, que vem angariando fãs há mais de 10 anos. Isso sem contar que se trata da continuação de Avengers: Infinity War, um filme que, não só foi muito bem-sucedido, mas também terminou de uma forma bastante impactante.

Em resumo, o que temos aqui é uma tentativa diferente de salvar o mundo da tirania de Thanos (Josh Brolin). Tony Stark (Robert Downey Jr.), Steve Rogers (Chris Evans), Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e companhia estão desolados pelos acontecimentos da longa anterior e tentando seguir em frente – cada um a seu modo. Embora relutantes, eles acabam se apegando a um fragmento de esperança e, para colocar um novo plano em prática, decidem reunir toda a gangue restante, inclusive alguns membros que se desviaram ao longo do caminho, como Bruce Banner (Mark Ruffalo), Clint Barton (Jeremy Renner) e Thor (Chris Hemsworth).

Obviamente, essa minha breve sinopse diz muito pouco e não faz justiça ao que Avengers: Endgame realmente é. Querendo ou não, o filme é muito mais uma homenagem a tudo o que o precedeu do que uma grande história. Assim, mesmo tendo sido filmada em conjunto com Avengers: Infinity War, a produção possui um “espírito” diferente e isso também resulta em uma experiência cinematográfica bastante distinta. Em vez de uma empolgação desmedida, o público agora sai das salas de exibição contente e aliviado. É chegado o fim de uma longa jornada, e tudo valeu a pena.

Claro que nem tudo são flores. Os diretores Anthony e Joe Russo precisaram lidar com um dilema bem complicado de solucionar em termos narrativos – tanto que é bom você nem parar para pensar atentamente no que realmente acontece nesse novo filme. Não que as produções da Marvel sejam exatamente conhecidas por seu realismo (longe disso!), mas aqui temos o lenga-lenga pseudocientífico sendo acompanhado por manipulações nos acontecimentos, algo que nem sempre dá para engolir.

Para completar, a junção de tantos universos, tantos heróis, tantas histórias e jornadas também gerou um absurdo que, sinceramente, só funciona porque a expectativa por tudo isso era absolutamente gigantesca. As maiores cenas de batalha são de uma bagunça fenomenal e realmente marcam algo que não veremos novamente nos cinemas, ao menos não em breve. Até mesmo porque, além da loucura visual, elas também dependem do fato de que o público se importa com cada um daqueles personagens, até mesmo os coadjuvantes.

Esse, aliás, é o grande mérito do universo cinematográfico da Marvel como um todo. Os super-heróis são pessoas reais (ao contrário dos vilões, o que não deixa de ser uma pena). Eles têm poderes que vão além da capacidade de qualquer ser humano, mas eles também têm nomes comuns: Tony, Steve, Peter, Carol, Bruce, Natasha. E o público efetivamente sente que conhece essas pessoas, com suas qualidades, seus defeitos e suas idiossincrasias.

É com base nisso que Avengers: Endgame se constrói. A produção se alimenta dos sentimentos do público e entrega apenas um esforço mínimo para contar uma história que faça sentido (eles fazem o trabalho direitinho, não se deixem enganar), mas a verdade é que chegamos em um ponto onde até isso perdeu um pouco seu propósito (quem diria!). Praticamente 80% das salas de cinema do Brasil estão exibindo uma produção que não é exatamente a respeito de sua própria trama, mas sobre a conclusão de algo bem maior, o fim de uma era.

Estou sendo dramática? Sim, estou. Mas acho que Avengers: Endgame merece. Em 2008, quando tudo isso começou, as produções da Marvel traziam um entretenimento simples, uma forma do estúdio ganhar dinheiro com heróis que nem eram os mais famosos, mas que poderiam chamar atenção desde que os longas-metragens fossem estrelados pelas pessoas certas.

Agora, continuamos tendo entretenimento e bons atores, mas eles também são (eventualmente) acompanhados por diretores autorias, textos criativos, sororidade e batalhas muito bem escolhidas. E que venha o recomeço.

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