Divagações: Rizu to aoi tori
22.5.19
Mexer com as expectativas do público é um movimento arriscado. No caso de Rizu to aoi tori, a maior questão é trazer um universo conhecido (ao menos de uma parcela do público), mas contar a história de quem está logo ao lado das protagonistas. São personagens já conhecidas, mas que foram pouco exploradas narrativamente. Aliás, a própria trama encosta em momentos que foram vistos anteriormente, ainda que esse ângulo nunca tenha sido adotado.
Serei mais específica. O filme em questão é derivado da série animada Hibike! Euphonium, mas pode ser assistido por quem não teve qualquer contato com o material original, pois se trata de uma história paralela, com começo, meio e fim próprios. A série explora as agruras de um grupo de meninas que participam de uma orquestra sinfônica na escola. Isso envolve o dia a dia de ensaios, as relações com os outros membros da orquestra, as expectativas de cada uma em relação ao conjunto e a si mesmas, as competições entre escolas etc..
Rizu to aoi tori retoma tudo isso, porém, de um jeito diferente. Não só as protagonistas são outras, como também o tom da história e o próprio estilo da animação são diferentes. Ao explorar uma trama paralela, a diretora Naoko Yamada (que comandou dois episódios da série, um em cada temporada) opta por explorar a fundo os dilemas interiores das envolvidas e os coloca em uma relação direta com a composição que está sendo trabalhada pela orquestra. Enquanto as duas protagonistas não resolverem seus problemas – pessoas e entre si –, elas também não poderão alcançar seu devido potencial na música.
Mizore Yoroizuka (Atsumi Tanezaki) toca oboé. Ela tem talento e deve executar um solo ao longo da performance, mas parece que há algo a segurando emocionalmente – e ela mesma sabe que isso envolve sua amizade com Nozomi Kasaki (Nao Tôyama). Uma das flautistas da orquestra, Nozomi é carismática, extrovertida e possui um grupo mais amplo de amigas. Mas seu comportamento em relação a Mizore é contraditório, pois ela parece querer mantê-la por perto ao mesmo tempo em que direciona o olhar para outras possibilidades.
Os dilemas dessa relação, que parece estar sendo segurada por um fio, encontram um paralelo na própria peça musical que as personagens estão ensaiando. Na história, uma moça chamada Liz (Miyu Honda) é muito sozinha e um pássaro azul se transforma em uma menina para conquistar sua amizade. Porém, Liz acaba percebendo que, quando está a seu lado, o pássaro simplesmente não pode voar. Eventualmente, Liz abre mão da amizade que fez tão bem para seu coração em nome da felicidade do outro.
Ainda que não seja exatamente um movimento inesperado, o que Rizu to aoi tori faz com muita delicadeza é expor para as personagens diferentes formas de interpretar a história da música, buscando encaixar sua própria relação com a outra trama. Cada maneira de enxergar a situação gera mudanças na performance musical – até que tudo entra em harmonia.
Vale notar que, assim como a série que originou o filme, a produção opta por carregar no tom dramático, trabalhando os dilemas interiores das personagens em conjunto com uma iluminação muitas vezes ofuscante e com a sensação de grande profundidade dos ambientes. As meninas são pequenas no contexto, mas há um limite naquilo que elas conseguem enxergar. Para quem assiste, tudo é muito bonito, detalhado e absolutamente complexo. Exatamente como se espera de um filme da Kyoto Animation e não muito diferente da mente de garotas adolescentes.
Outras divagações:
Tamako rabu sutôrî
Koe no katachi
Serei mais específica. O filme em questão é derivado da série animada Hibike! Euphonium, mas pode ser assistido por quem não teve qualquer contato com o material original, pois se trata de uma história paralela, com começo, meio e fim próprios. A série explora as agruras de um grupo de meninas que participam de uma orquestra sinfônica na escola. Isso envolve o dia a dia de ensaios, as relações com os outros membros da orquestra, as expectativas de cada uma em relação ao conjunto e a si mesmas, as competições entre escolas etc..
Rizu to aoi tori retoma tudo isso, porém, de um jeito diferente. Não só as protagonistas são outras, como também o tom da história e o próprio estilo da animação são diferentes. Ao explorar uma trama paralela, a diretora Naoko Yamada (que comandou dois episódios da série, um em cada temporada) opta por explorar a fundo os dilemas interiores das envolvidas e os coloca em uma relação direta com a composição que está sendo trabalhada pela orquestra. Enquanto as duas protagonistas não resolverem seus problemas – pessoas e entre si –, elas também não poderão alcançar seu devido potencial na música.
Mizore Yoroizuka (Atsumi Tanezaki) toca oboé. Ela tem talento e deve executar um solo ao longo da performance, mas parece que há algo a segurando emocionalmente – e ela mesma sabe que isso envolve sua amizade com Nozomi Kasaki (Nao Tôyama). Uma das flautistas da orquestra, Nozomi é carismática, extrovertida e possui um grupo mais amplo de amigas. Mas seu comportamento em relação a Mizore é contraditório, pois ela parece querer mantê-la por perto ao mesmo tempo em que direciona o olhar para outras possibilidades.
Os dilemas dessa relação, que parece estar sendo segurada por um fio, encontram um paralelo na própria peça musical que as personagens estão ensaiando. Na história, uma moça chamada Liz (Miyu Honda) é muito sozinha e um pássaro azul se transforma em uma menina para conquistar sua amizade. Porém, Liz acaba percebendo que, quando está a seu lado, o pássaro simplesmente não pode voar. Eventualmente, Liz abre mão da amizade que fez tão bem para seu coração em nome da felicidade do outro.
Ainda que não seja exatamente um movimento inesperado, o que Rizu to aoi tori faz com muita delicadeza é expor para as personagens diferentes formas de interpretar a história da música, buscando encaixar sua própria relação com a outra trama. Cada maneira de enxergar a situação gera mudanças na performance musical – até que tudo entra em harmonia.
Vale notar que, assim como a série que originou o filme, a produção opta por carregar no tom dramático, trabalhando os dilemas interiores das personagens em conjunto com uma iluminação muitas vezes ofuscante e com a sensação de grande profundidade dos ambientes. As meninas são pequenas no contexto, mas há um limite naquilo que elas conseguem enxergar. Para quem assiste, tudo é muito bonito, detalhado e absolutamente complexo. Exatamente como se espera de um filme da Kyoto Animation e não muito diferente da mente de garotas adolescentes.
Outras divagações:
Tamako rabu sutôrî
Koe no katachi
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