Divagações: Good Luck to You, Leo Grande
20.7.22
Mais de uma vez, enquanto eu assistia a Good Luck to You, Leo Grande, pensei “será que esse filme é baseado em uma peça?”. Embora a resposta seja negativa, acredito que a adaptação para os palcos seria algo simples. Toda a história envolve dois personagens (há apenas um breve diálogo com uma terceira pessoa) e se passa quase que inteiramente em um quarto de hotel. Parece chato e confesso que é um pouco, mas vale a pena por conta do elenco (exatamente como aconteceria no teatro).
Aliás, suponho que, desde a concepção dessa história, a roteirista Katy Brand e a diretora Sophie Hyde sabiam que esse é um longa-metragem que depende dos atores para se tornar envolvente. Assim, foram feitas escolhas cuidadosas e certeiras nesse departamento – e os atores entregaram –, mas o problema é que os personagens atrapalham um bocado.
Good Luck to You, Leo Grande acompanha os encontros de Nancy Stokes (Emma Thompson) e Leo Grande (Daryl McCormack). Ela é viúva, mãe de dois filhos adultos, professora aposentada, controladora, certinha e uma mulher que nunca teve um orgasmo. Ele é um profissional do sexo bonitão, inteligente, educado, respeitoso, cuidadoso, extremamente contido e meio manipulador. Ambos são tão extremos em suas características que, embora aconteçam momentos para tentar quebrar estereótipos, criar conflitos e torná-los mais humanos (por assim dizer), nada é suficiente para que você se surpreenda com suas ações.
De qualquer modo, a premissa é interessante e os dois atores fazem a produção funcionar. Eles giram um ao redor do outro, testando as dinâmicas de um relacionamento que começa como uma prestação de serviço, mas que obviamente exige certa intimidade. Porém, quando se demanda uma aproximação real, as coisas ficam confusas e uma linha é ultrapassada.
A grande vantagem é que, desde o princípio, fica claro que Good Luck to You, Leo Grande
não é uma comédia romântica nem um romance “quente”. Esse é um filme construído em cima dos diálogos (que poderiam ser melhores, mas não são ruins). Então, embora existam cenas de nudez, elas só acontecem depois que o tom já está bem explicitado e servem mais para fortalecer uma mensagem específica de amor-próprio e autoaceitação.
Esse foco em um significado maior, a propósito, é um dos pontos que fazem o filme perder um pouco de seu impacto. Por mais que os personagens não sejam perfeitos, o discurso parte de Leo, que está vendendo um serviço e escondendo informações (e não é um psicólogo, diga-se de passagem). Assim, embora a crença talvez não seja falsa (no contexto), ela soa como algo artificialmente construído dentro de um discurso politicamente correto.
Por isso, acredito que gosto de Good Luck to You, Leo Grande com ressalvas. Os dois atores fazem um excelente trabalho e conseguem me manter atenta por uma jornada que, em outras mãos, talvez me levasse ao tédio. A produção é competente, charmosa e cheia de escolhas acertadas, com uma história bem conduzida e que não cai nos clichês de filmes similares, embora escorregue em outros dilemas narrativos. O resultado convence, é único e interessante, mas parece faltar um amadurecimento, o que não deixa de ser curioso, considerando a temática em questão.
Aliás, suponho que, desde a concepção dessa história, a roteirista Katy Brand e a diretora Sophie Hyde sabiam que esse é um longa-metragem que depende dos atores para se tornar envolvente. Assim, foram feitas escolhas cuidadosas e certeiras nesse departamento – e os atores entregaram –, mas o problema é que os personagens atrapalham um bocado.
Good Luck to You, Leo Grande acompanha os encontros de Nancy Stokes (Emma Thompson) e Leo Grande (Daryl McCormack). Ela é viúva, mãe de dois filhos adultos, professora aposentada, controladora, certinha e uma mulher que nunca teve um orgasmo. Ele é um profissional do sexo bonitão, inteligente, educado, respeitoso, cuidadoso, extremamente contido e meio manipulador. Ambos são tão extremos em suas características que, embora aconteçam momentos para tentar quebrar estereótipos, criar conflitos e torná-los mais humanos (por assim dizer), nada é suficiente para que você se surpreenda com suas ações.
De qualquer modo, a premissa é interessante e os dois atores fazem a produção funcionar. Eles giram um ao redor do outro, testando as dinâmicas de um relacionamento que começa como uma prestação de serviço, mas que obviamente exige certa intimidade. Porém, quando se demanda uma aproximação real, as coisas ficam confusas e uma linha é ultrapassada.
A grande vantagem é que, desde o princípio, fica claro que Good Luck to You, Leo Grande
não é uma comédia romântica nem um romance “quente”. Esse é um filme construído em cima dos diálogos (que poderiam ser melhores, mas não são ruins). Então, embora existam cenas de nudez, elas só acontecem depois que o tom já está bem explicitado e servem mais para fortalecer uma mensagem específica de amor-próprio e autoaceitação.
Esse foco em um significado maior, a propósito, é um dos pontos que fazem o filme perder um pouco de seu impacto. Por mais que os personagens não sejam perfeitos, o discurso parte de Leo, que está vendendo um serviço e escondendo informações (e não é um psicólogo, diga-se de passagem). Assim, embora a crença talvez não seja falsa (no contexto), ela soa como algo artificialmente construído dentro de um discurso politicamente correto.
Por isso, acredito que gosto de Good Luck to You, Leo Grande com ressalvas. Os dois atores fazem um excelente trabalho e conseguem me manter atenta por uma jornada que, em outras mãos, talvez me levasse ao tédio. A produção é competente, charmosa e cheia de escolhas acertadas, com uma história bem conduzida e que não cai nos clichês de filmes similares, embora escorregue em outros dilemas narrativos. O resultado convence, é único e interessante, mas parece faltar um amadurecimento, o que não deixa de ser curioso, considerando a temática em questão.
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