Divagações: Everything Everywhere All at Once

De repente, como quem não quer nada, Everything Everywhere All at Once se tornou onipresente. O filme começou a ser referenciado por todos ...

Everything Everywhere All at Once
De repente, como quem não quer nada, Everything Everywhere All at Once se tornou onipresente. O filme começou a ser referenciado por todos os cantos, recebendo elogios vindos de diversas direções. Mesmo se você estivesse distraído (ou em outro universo) seria difícil não se deixar tocar por algum tipo de menção ao longa-metragem.

Com roteiro e direção da dupla Dan Kwan e Daniel Scheinert, a produção é uma espécie de The Matrix para tempos de multiversos e misturada com um drama familiar. Ao mesmo tempo, a obra não se resume a isso, possuindo uma pitada considerável do humor de seus criadores e uma profusão de referências – as minhas favoritas envolvem Paprika, 2001: A Space Odyssey e, claro, The Matrix.

Como a sinopse foi mantida em segredo por muito tempo, não pretendo estragar a surpresa. Em resumo, Everything Everywhere All at Once conta a história de uma mulher controladora, Evelyn Wang (Michelle Yeoh), que está prestes a enfrentar uma auditoria fiscal nas contas da lavanderia que administra ao lado do marido, Waymond (Ke Huy Quan).

Ela está com os nervos particularmente aflorados por estar organizando uma festa em celebração ao Ano Novo Chinês, por ter dificuldades em lidar com o novo relacionamento da filha, Joy (Stephanie Hsu), e pela ansiedade relacionada à visita de seu pai, Gong Gong (James Hong). Como se tudo isso não bastasse, em meio a dificuldades de comunicação com a auditora Deirdre Beaubeirdre (Jamie Lee Curtis), ela recebe uma mensagem vinda de outro universo, com instruções bem duvidosas.

Ou seja, não é à toa que a protagonista está com a cabeça cheia, agindo de modo confuso e questionando tudo ao seu redor. Everything Everywhere All at Once parece traduzir essa situação mental visualmente e com seus diálogos rápidos, intercalando um monte de ações estapafúrdias, efeitos práticos (e não tão práticos) e um senso de moda questionável com situações que são inexoravelmente parte da vivência humana – mais especificamente: relacionamentos em crise, conflitos de gerações, pagamento de contas e lavagem de roupa.

E quem sustenta tudo isso é Michelle Yeoh. Ela entrega um drama realmente convincente, mostra que sabe fazer comédia muito bem e manda ver nas cenas de luta. Sinceramente, conseguir lidar com tudo isso de uma maneira crível não é para qualquer um, mesmo que apoiada por Ke Huy Quan e Jamie Lee Curtis, que também apresentam ótimas performances.

Com isso, Everything Everywhere All at Once é divertido e esperto, com a vantagem de não tentar se passar por mais inteligente do que realmente é. Outro aspecto interessante é que, embora pareça ser uma superprodução de um grande estúdio, este é um filme independente, feito com recursos limitados e bastante liberdade criativa.

Para completar, o momento desse lançamento caiu como uma luva: com a pandemia de covid-19 finalmente se arrefecendo (espero!), era chegada a hora de um filme de ação engraçado, feito para um público amplo e que não envolvesse super-heróis. A temática dos multiversos, que está em alta, só ajuda (e acredito que esse longa-metragem conseguirá sobreviver à moda).

Assim, caso você ainda não tenha se envolvido pela aura de empolgação que rodeia Everything Everywhere All at Once, talvez seja bom simplesmente dar uma chance e se deixar levar. Se esse não for o melhor filme do ano (o que é uma possibilidade real!), com certeza será o melhor entretenimento.

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