Divagações: Druk
12.10.22
A premissa de Druk poderia facilmente ser a de uma comédia abobada, com piadas envolvendo flatulência e sexo, por exemplo. Mas o fato de se tratar de um filme sério, com pretensões dramáticas, é o que a torna inusitada – ainda assim, todo o contexto gera uma série de situações engraçadas.
Basicamente, a história envolve quatro professores de uma mesma escola – três de Ensino Médio e um de educação infantil – que são muito amigos e decidem fazer um experimento: ver como o consumo constante e controlado de álcool afeta suas vidas diárias. Obviamente, a experiência acaba afetando seus trabalhos e suas famílias, com algumas consequências boas e outras ruins.
De maneira geral, a narrativa segue mais de perto Martin (Mads Mikkelsen), que estava passando pela vida de forma apática. Por conta de horários de trabalho divergentes, ele e a esposa (Maria Bonnevie) mal se falavam e a relação com os filhos também andava distante. Na escola, suas aulas de História estavam monótonas e absolutamente desinteressantes, a ponto de os próprios alunos reclamarem, alegando a necessidade de passar nos exames. Com o experimento em ação, ele ganha uma dose de coragem, perdendo inibições e passando a se interessar mais pelo trabalho e pela família. Ao mesmo tempo, ele pode estar próximo de ultrapassar o limite desejável.
Os amigos, por sua vez, incluem o certinho professor de coral Peter (Lars Ranthe), o pai de três crianças pequenas e professor de psicologia Nikolaj (Magnus Millang) e Tommy (Thomas Bo Larsen), um professor de Educação Física que vive com seu cachorro idoso. Todos eles se empolgam com o projeto por diferentes motivos, o que ressalta seus problemas pessoais, suas qualidades e seus defeitos.
Baseado em uma peça escrita pelo próprio diretor, Thomas Vinterberg, Druk acabou sofrendo transformações após a morte inesperada de sua filha Ida, que deveria estar no elenco da produção. De acordo com ele, embora o objetivo fosse fazer uma “celebração do álcool”, o longa-metragem acabou se tornando mais afirmativo, trazendo uma noção de “acordar para a vida”. E este objetivo maior com certeza aparece e faz diferença.
Obviamente, o experimento dos quatro amigos não é algo a ser tratado com total leveza, pois é um tema que pode envolver dependência e que gera consequências para os que convivem com estas pessoas. Inclusive, um dos aspectos que mais me chamou atenção foi o fato de que, embora a questão fosse tratada como tendo bases científicas, as esposas estranhamente não foram informadas (ou seja, os “meninos” tinham consciência de que não teriam aprovação). Ao mesmo tempo, a exposição de consequências – algumas bem drásticas – dá um tom quase moralista à produção, o que parece sair do programado.
Ainda assim, Druk consegue ser divertido. Ver quatro homens maduros e aparentemente responsáveis se comportando como adolescentes ou fazendo idiotices aleatórias tem seu inegável lado cômico. Mas, mais do que isso, o filme brinca com o próprio ridículo da vida, que coloca as pessoas em situações inusitadas e pode demandar respostas diferentes do padrão. Ao trazer jogo de cintura e colocar seus respeitáveis personagens em uma premissa absurda (mas nem tanto), Druk leva leveza para uma série de temas pesados e encara a vida sob um novo ângulo, ainda que precise eventualmente cair na sarjeta para isso.
Outras divagações:
Kursk
Basicamente, a história envolve quatro professores de uma mesma escola – três de Ensino Médio e um de educação infantil – que são muito amigos e decidem fazer um experimento: ver como o consumo constante e controlado de álcool afeta suas vidas diárias. Obviamente, a experiência acaba afetando seus trabalhos e suas famílias, com algumas consequências boas e outras ruins.
De maneira geral, a narrativa segue mais de perto Martin (Mads Mikkelsen), que estava passando pela vida de forma apática. Por conta de horários de trabalho divergentes, ele e a esposa (Maria Bonnevie) mal se falavam e a relação com os filhos também andava distante. Na escola, suas aulas de História estavam monótonas e absolutamente desinteressantes, a ponto de os próprios alunos reclamarem, alegando a necessidade de passar nos exames. Com o experimento em ação, ele ganha uma dose de coragem, perdendo inibições e passando a se interessar mais pelo trabalho e pela família. Ao mesmo tempo, ele pode estar próximo de ultrapassar o limite desejável.
Os amigos, por sua vez, incluem o certinho professor de coral Peter (Lars Ranthe), o pai de três crianças pequenas e professor de psicologia Nikolaj (Magnus Millang) e Tommy (Thomas Bo Larsen), um professor de Educação Física que vive com seu cachorro idoso. Todos eles se empolgam com o projeto por diferentes motivos, o que ressalta seus problemas pessoais, suas qualidades e seus defeitos.
Baseado em uma peça escrita pelo próprio diretor, Thomas Vinterberg, Druk acabou sofrendo transformações após a morte inesperada de sua filha Ida, que deveria estar no elenco da produção. De acordo com ele, embora o objetivo fosse fazer uma “celebração do álcool”, o longa-metragem acabou se tornando mais afirmativo, trazendo uma noção de “acordar para a vida”. E este objetivo maior com certeza aparece e faz diferença.
Obviamente, o experimento dos quatro amigos não é algo a ser tratado com total leveza, pois é um tema que pode envolver dependência e que gera consequências para os que convivem com estas pessoas. Inclusive, um dos aspectos que mais me chamou atenção foi o fato de que, embora a questão fosse tratada como tendo bases científicas, as esposas estranhamente não foram informadas (ou seja, os “meninos” tinham consciência de que não teriam aprovação). Ao mesmo tempo, a exposição de consequências – algumas bem drásticas – dá um tom quase moralista à produção, o que parece sair do programado.
Ainda assim, Druk consegue ser divertido. Ver quatro homens maduros e aparentemente responsáveis se comportando como adolescentes ou fazendo idiotices aleatórias tem seu inegável lado cômico. Mas, mais do que isso, o filme brinca com o próprio ridículo da vida, que coloca as pessoas em situações inusitadas e pode demandar respostas diferentes do padrão. Ao trazer jogo de cintura e colocar seus respeitáveis personagens em uma premissa absurda (mas nem tanto), Druk leva leveza para uma série de temas pesados e encara a vida sob um novo ângulo, ainda que precise eventualmente cair na sarjeta para isso.
Outras divagações:
Kursk
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