Divagações: Fruits Basket: Prelude

Embora eu majoritariamente use esse cantinho da internet para falar obviedades sobre as coisas que assisto, confesso que questionei se Fruit...

Fruits Basket: Prelude
Embora eu majoritariamente use esse cantinho da internet para falar obviedades sobre as coisas que assisto, confesso que questionei se Fruits Basket: Prelude “merecia” estar aqui. Entre os meus principais critérios para selecionar o que vou comentar no Cinema de Novo está o fato de que só trato de filmes (nada de séries, portanto). E, bom... Além do fato de que se trata de um prelúdio (como o próprio título já indica) para uma história contada ao longo de três temporadas, a produção também aproveita muitas cenas de Fruits Basket, inclusive a ponto de tirar um pouco do meu ânimo em relação a este longa-metragem (que, do contrário, seria um curta). De qualquer modo, meu carinho pela obra original foi mais forte e cá estamos.

Com direção de Yoshihide Ibata (também responsável por alguns episódios da série), Fruits Basket: Prelude conta a história dos pais de Tohru Honda (Manaka Iwami), explorando os momentos iniciais do romance de Katsuya (Yoshimasa Hosoya) e Kyoko (Miyuki Sawashiro), assim como a adolescência turbulenta de Kyoko e o contraste deste período com seus primeiros anos como mãe e, posteriormente, como viúva. Em paralelo, há também momentos que mostram a interação da jovem mulher com um pequeno Kyo Soma (Yuma Uchida), que viria a se tornar o par romântico de Tohru.

Em resumo, não há muita história sendo contada, mas o apanhado de situações ajuda a construir um panorama interessante, tentando montar o “quebra-cabeça” desta personagem que, a princípio, parece tão inconsistente. Veja bem: o legado de Kyoko a transforma em uma espécie de ídolo de jovens meninas “delinquentes”, em mentora de crianças desconhecidas, em uma mãe carinhosa e, também, em uma espécie de assombração moral. Ela, obviamente, não é perfeita – mas é uma personagem curiosa e com nuances suficientes para sustentar este filme.

O tom da narrativa também segue a obra original, com um drama acentuado e cheio de grandes dilemas, destacando relações familiares problemáticas e a capacidade das pessoas em lidar com isso. Também há alguns pontos delicados (como a óbvia diferença de idade do casal e a origem estranha do relacionamento), mas essas são questões que derivam dos quadrinhos originais e que refletem a época em que eles foram feitos, no final dos anos 1990 (sim, estou dando um desconto bem grande na problematização).

De qualquer modo, como Fruits Basket: Prelude parte do princípio de que os personagens e a história principal são conhecidos, a produção parte diretamente para os pontos mais chamativos da história. Assim, o filme aproveita para intercalar cenas inéditas com a retomada de sequências já conhecidas, abordando “buracos” da história. O recurso não é exatamente muito legal, mas dá para ignorar em boa parte do tempo.

Este recorte, apesar de tudo, é bem focado e não abre muito espaço para explorar a profusão de personagens que recheiam a série. Sob muitos aspectos, isso é positivo, uma vez que o tempo é reduzido e a ideia era justamente se aprofundar nas personalidades que participaram da formação da protagonista do anime.

Dito assim, acho que fiz Fruits Basket: Prelude parecer até mais instigante do que ele realmente é. O filme é bonito e bem animado, mas seu apelo é realmente restrito aos fãs da série; e, mais especificamente, àqueles que já ficaram com saudades dos personagens e estavam se sentindo prontos para mais um mergulho (ainda que breve) nesse mundo. Não tenho muito orgulho em dizer, mas esse era o meu caso – e o de muitas outras pessoas, já que a animação teve um bom desempenho nas bilheterias japonesas e também foi levada às salas de cinema nos Estados Unidos.

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