Divagações: Ruby Gillman, Teenage Kraken
27.6.23
Em uma temporada em que os fãs de animação têm opções de sobra, Ruby Gillman, Teenage Kraken chega aos cinemas depois de produções indubitavelmente maiores e cercadas por mais empolgação. Mas, considerando que a Dreamworks Animation teve um lançamento verdadeiramente especial no fim ano passado com Puss in Boots: The Last Wish, além do relativamente bem recebido The Bad Guys, restava a esperança de que este filme mantivesse a boa fase do estúdio.
Ruby Gillman, Teenage Kraken tem um começo bastante forte, que bebe dos filmes adolescentes de John Hughes e do clássico estereotipo do peixe fora d’água (um trocadilho proposital, sem dúvida). Nele, a tímida Ruby (Lana Condor/Agatha Paulita) e sua família de criaturas marinhas tentam se esconder na superfície disfarçados de humanos. Mas as coisas mudam quando Ruby descobre a razão da postura excessivamente protetiva da mãe (Toni Collette).
Ao ter contato com o oceano, a linhagem ancestral da jovem como um kraken gigante se desperta. Isso chama a atenção tanto da parte mais distante da família – a realeza do mundo submarino –, quanto de uma das remanescentes das sereias, Chelsea (Annie Murphy/Giovanna Lancellotti), que parece querer se aproximar de Ruby a despeito do conflito de sua raça com os krakens.
Com uma animação dinâmica, um visual interessante e um senso estético próprio, Ruby Gillman, Teenage Kraken pode não ser extraordinário, mas é competente nos seus aspectos mais técnicos – ao menos enquanto a história permanece na superfície. Estranhamente (talvez por problemas de produção), o longa-metragem falha em executar justamente o elemento com mais potencial da sua ambientação: o oceano.
Frequentemente vazio e desinteressante, o fundo do mar tem uma iluminação esquisita, que destrói as texturas e faz com que os personagens pareçam ter saído de uma animação de mais de uma década atrás. Isso é especialmente estranho considerando todo o cuidado que o filme tem com a arquitetura e o clima das suas cenas na superfície.
Aliás, a história também se situa no limiar da competência. Ainda que seja divertida e interessante em alguns momentos, ela se resolve dos modos mais previsíveis possíveis, não atingindo as batidas emocionais tão bem quanto poderia. Isso é amplificado pela estranha dissonância entre as sensibilidades aparentes: o filme é voltado para um público jovem, mas têm uma mensagem bizarramente antiquada, que não ressoa devidamente com essa geração (e chega até a parecer antitética de vez em quando).
Apesar de estar sendo um pouco chato aqui, não sinto que Ruby Gillman, Teenage Kraken é um filme ruim; diria até que ele está acima da média no que tange à Dreamworks (pelo menos na sua fase The Boss Baby e Trolls). Mas as intenções da produção parecem não ter se concretizado integralmente, soando como algo lançado às pressas para aproveitar a temporada de verão norte-americana e o lançamento de The Little Mermaid, com o qual obviamente divide algumas temáticas – Chelsea, aliás, aparece de modo proeminente nos materiais promocionais e tem uma óbvia semelhança com a protagonista da Disney.
Com isso, Ruby Gillman, Teenage Kraken é uma animação simpática e tem aquele “clima família”, não se preocupando em ser revolucionário ou algo do tipo. Entretanto, considerando o quão ambiciosas as produções mais recentes da Dreamworks pareciam ser, é difícil não sentir que esse foi um passo para trás. Não é uma produção que vai ser achincalhada, mas também duvido que será muito lembrada.
Outras divagações:
The Croods
Vivo
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Ruby Gillman, Teenage Kraken tem um começo bastante forte, que bebe dos filmes adolescentes de John Hughes e do clássico estereotipo do peixe fora d’água (um trocadilho proposital, sem dúvida). Nele, a tímida Ruby (Lana Condor/Agatha Paulita) e sua família de criaturas marinhas tentam se esconder na superfície disfarçados de humanos. Mas as coisas mudam quando Ruby descobre a razão da postura excessivamente protetiva da mãe (Toni Collette).
Ao ter contato com o oceano, a linhagem ancestral da jovem como um kraken gigante se desperta. Isso chama a atenção tanto da parte mais distante da família – a realeza do mundo submarino –, quanto de uma das remanescentes das sereias, Chelsea (Annie Murphy/Giovanna Lancellotti), que parece querer se aproximar de Ruby a despeito do conflito de sua raça com os krakens.
Com uma animação dinâmica, um visual interessante e um senso estético próprio, Ruby Gillman, Teenage Kraken pode não ser extraordinário, mas é competente nos seus aspectos mais técnicos – ao menos enquanto a história permanece na superfície. Estranhamente (talvez por problemas de produção), o longa-metragem falha em executar justamente o elemento com mais potencial da sua ambientação: o oceano.
Frequentemente vazio e desinteressante, o fundo do mar tem uma iluminação esquisita, que destrói as texturas e faz com que os personagens pareçam ter saído de uma animação de mais de uma década atrás. Isso é especialmente estranho considerando todo o cuidado que o filme tem com a arquitetura e o clima das suas cenas na superfície.
Aliás, a história também se situa no limiar da competência. Ainda que seja divertida e interessante em alguns momentos, ela se resolve dos modos mais previsíveis possíveis, não atingindo as batidas emocionais tão bem quanto poderia. Isso é amplificado pela estranha dissonância entre as sensibilidades aparentes: o filme é voltado para um público jovem, mas têm uma mensagem bizarramente antiquada, que não ressoa devidamente com essa geração (e chega até a parecer antitética de vez em quando).
Apesar de estar sendo um pouco chato aqui, não sinto que Ruby Gillman, Teenage Kraken é um filme ruim; diria até que ele está acima da média no que tange à Dreamworks (pelo menos na sua fase The Boss Baby e Trolls). Mas as intenções da produção parecem não ter se concretizado integralmente, soando como algo lançado às pressas para aproveitar a temporada de verão norte-americana e o lançamento de The Little Mermaid, com o qual obviamente divide algumas temáticas – Chelsea, aliás, aparece de modo proeminente nos materiais promocionais e tem uma óbvia semelhança com a protagonista da Disney.
Com isso, Ruby Gillman, Teenage Kraken é uma animação simpática e tem aquele “clima família”, não se preocupando em ser revolucionário ou algo do tipo. Entretanto, considerando o quão ambiciosas as produções mais recentes da Dreamworks pareciam ser, é difícil não sentir que esse foi um passo para trás. Não é uma produção que vai ser achincalhada, mas também duvido que será muito lembrada.
Outras divagações:
The Croods
Vivo
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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