Divagações: The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim

Por mais que eu goste muito da obra de J.R.R. Tolkien , estou bem longe de ser uma especialista. Então, para me preparar para ver The Lord o...

The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim

Por mais que eu goste muito da obra de J.R.R. Tolkien, estou bem longe de ser uma especialista. Então, para me preparar para ver The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim, resolvi dar uma pesquisada básica.

Infelizmente, uma das informações mais comuns sobre o filme não tem relação com a trama ou com as origens dos personagens. Aparentemente, a produção foi realizada para garantir que a New Line não perdesse os direitos sobre o trabalho do escritor, já que o contrato prevê que ocorra um lançamento a cada tantos anos. Convenhamos que isso não é muito animador.

The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim conta a história de uma disputa de poder em Rohan, ocorrida quase dois séculos antes da trama envolvendo Frodo e companhia. Helm Hammerhand (Brian Cox) é o rei que nunca perdeu uma batalha, enquanto Wulf (Luca Pasqualino) vem de uma linhagem nobre, mas relegada. Movido pela vontade de se vingar, Wulf elabora um plano complexo e decide ir até as últimas consequências.

O detalhe é que os acontecimentos são narrados por Éowyn (Miranda Otto) a partir do ponto de vista de Hèra (Gaia Wise), a única filha do rei. Embora seja rotulada como “rebelde”, ela é bastante leal a sua família, tem sua própria história com Wulf e se envolve na disputa tanto quanto possível, inclusive liderando a resistência e buscando saídas quando todos os caminhos parecem fechados.

Com isso, The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim consegue se manter fiel às principais temáticas ligadas ao povo de Rohan – do amor aos cavalos ao orgulho desmedido, passando pelas mulheres fortes e guerreiras – e desenvolver uma história que se encaixa bem com os filmes já realizados. Por mais que a trama apele para algumas retomadas fáceis e clichês, elas não incomodam muito em um contexto que lembra lendas contadas e recontadas.

Outro ponto é que uma das principais motivações da protagonista envolve ser ouvida em uma sociedade patriarcal, machista e hierarquizada e, considerando um contexto “histórico” sem feminismo, ela o faz a sua própria maneira. Assim, ao mesmo tempo em que um público de masculinidade frágil pode simplesmente ignorar certos pontos do roteiro (às vezes, até mesmo inconscientemente), outra parcela vai encontrar muitos paralelos e questões importantes para discutir. O fato de que as ações de Hèra não viraram canções, por exemplo, é só um começo.

A escolha por fazer o filme em animação, entretanto, não parece ter uma justificativa clara. Acredito que o longa-metragem funcionaria bem com atores e um bom orçamento para figurinos e efeitos especiais, já que há muitas cenas de batalhas (mas não sei se isso estava disponível). De qualquer modo, os cenários estão belíssimos e são muito bem detalhados, ainda que alguns momentos deixem a desejar na fluidez dos movimentos.

Além disso, também não entendi muito bem a estética de anime escolhida para os personagens. Obviamente, há um vínculo com o diretor Kenji Kamiyama e entendo que esse tipo de traço tem ganhado espaço no “ocidente”, mas não vejo uma relação direta com Rohan e o estilo da história. Por mais que eu goste de animes, há um claro descolamento, ainda que isso não atrapalhe diretamente o andar das coisas.

Com isso, preciso dizer que The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim é um filme com irregularidades, mas que consegue ocupar um espaço interessante. É uma produção para quem gosta de fantasias grandiosas em essência, mas já se cansou um pouco dos excessos que algumas produções do gênero receberam. Para completar, a história é bem construída e fechada em si mesma, o que é um bálsamo em meio a tantas continuações e/ou finais com cliffhangers.

The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim pode não ser particularmente inovador ou um grande chamariz para novos fãs, mas ele é uma boa pedida para esse final de ano. Enquanto alguns fazem compras de última hora, outros vão ao cinema.

Outras divagações:
The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring
The Lord of the Rings: The Two Towers
The Lord of the Rings: The Return of the King
The Hobbit: An Unexpected Journey
The Hobbit: The Desolation of Smaug
The Hobbit: The Battle of Five Armies

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