Divagações: Always Be My Maybe

Ali Wong é uma comediante muito divertida. Eu a conheci por meio das performances de stand-up disponíveis na Netflix – que, aliás, també...

Ali Wong é uma comediante muito divertida. Eu a conheci por meio das performances de stand-up disponíveis na Netflix – que, aliás, também distribuiu esse filme. Grávida (sempre grávida!), ela costuma falar sobre o passado e o presente da sua vida sexual, suas relações familiares e outras questões que não fogem muito do habitual para esse tipo de performance.

Por só conhecer essa faceta da humorista, eu fiquei um pouco receosa com Always Be My Maybe. Afinal, não tinha muita certeza se Wong “funcionaria” em um contexto diferente e nem se o seu tipo de humor poderia se encaixar em uma comédia romântica eficiente. No final das contas, porém, a combinação deu bastante certo.

A história é absolutamente água com açúcar (ou seja, não espere por uma comédia exagerada e cheia de absurdos). Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) foram vizinhos e melhores amigos durante toda a infância. Ele era um menino nervoso com pais legais e ela era uma menina legal com pais ausentes. Na adolescência, surge um interesse sexual mútuo, mas essa descoberta praticamente coincide com o falecimento da mãe dele, Judy (Susan Park), e os dois acabam se afastando.

Muitos anos depois, Sasha é uma chefe de cozinha famosa, que está inaugurando diversos restaurantes onde quebra barreiras e explora diferentes facetas da culinária asiática. Enquanto isso, Marcus mora e trabalha com o pai (James Saito) e, nas horas vagas, toca na mesma banda desde o Ensino Médio.

Os dois se reencontram em uma breve passagem dela por sua cidade natal e, com um empurrão de uma amiga em comum (Michelle Buteau), voltam a se falar. A questão, então, passa a ser se a amizade e o amor entre ambos serão capazes de continuar a existir mesmo após tanto tempo de afastamento, ainda mais considerando seus estilos de vida contrastantes.

E, como se não bastasse, há bagagem pelo caminho. A dele envolve Jenny (Vivian Bang), uma moça asiática meio maluquinha, com dreadlocks no cabelo e uma verdadeira paixão pelo trabalho com a comunidade. Enquanto isso, ela está tentando lidar com o fim de um noivado com o “perfeitinho” Brandon (Daniel Dae Kim), o que pode envolver até mesmo um romance com Keanu Reeves (Keanu Reeves, interpretando uma versão bizarra – e hilária – de si mesmo).

Desta forma – escrito por Ali Wong, Randall Park e Michael Golamco –, Always Be My Maybe opta por trazer uma história absolutamente comum do gênero, mas temperada com um pouco do humor de seus dois protagonistas. Wong dá para sua personagem seu tom despojado, ainda que acompanhado de um ar de constante irritação e intercalado com rompantes absolutamente inapropriados. Park, por sua vez, encara o lado mais fofo do romance, exalando inseguranças e uma imaturidade que já está com vergonha de si mesma.

Só é uma pena que a ligação do filme com a comida não tenha um apelo maior. Ainda que esse seja um tema recorrente (afinal, a protagonista é uma chefe de cozinha famosa) e vinculado a relações afetivas, a produção não chega a apelar para um “food porn”, que poderia ser bem-vindo dado o contexto.

De qualquer modo, ainda que o resultado não seja particularmente marcante, o longa-metragem cumpre seu propósito e diverte. Em uma tarde fria a chuvosa, Always Be My Maybe é uma boa opção tanto para quem está acompanhado de uma pessoa especial quanto para aqueles que preferem um bom chocolate.

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