Divagações: Casper

Existem poucos filmes da infância que continuam bons na vida adulta. Casper é um deles. É difícil não se encantar novamente com os diálogo...


Existem poucos filmes da infância que continuam bons na vida adulta. Casper é um deles. É difícil não se encantar novamente com os diálogos tristes de Casper (Malachi Pearson), com as esperanças da jovem Kat Harvey (Christina Ricci), com o amor de James Harvey (Bill Pullman) e, até, com o belo anjo vermelho que é sua falecida esposa (Amy Brenneman).

Uma das coisas mais admiráveis nesse filme é sua capacidade de lidar com uma temática tão complexa, ainda mais para o público majoritariamente infantil. Casper não é só um fantasma bonitinho, ele é um menino que esqueceu seu passado e vive na solidão. A morte aparece como uma temática inevitável que, através da relação dele com Kat, é tratada com carinho, mas cuidado. A cena em que ela descreve os hábitos de sua mãe é, para mim, inesquecível:

Kat: Sometimes I worry that I'm starting to forget.
Casper: Forget what?
Kat: My mom. Just certain things. The sound of her making breakfast downstairs. The way she'd put on her lipstick, so carefully. I do remember, she always used Ivory soap, and when she'd hug me, I'd breathe her in, so deep. And I remember before I'd go to sleep she'd whisper in my ear, "stardust in the eyes, rosy cheeks, and a happy girl in the morning." Casper?
Casper: Hmm?
Kat: If my mom's a ghost, did she forget about me?
Casper: No. She'd never forget you. Kat?
Kat: [about to sleep] Mm-hmm?
Casper: If I were alive, would you go to the Halloween dance with me?
Kat: Mm-hmm.
Casper: Kat?
Kat: Mm-hmm.
Casper: [whispers] Can I keep you?
Kat: Mm-hmm.
[Casper kisses Kat on the cheek]
Kat: Casper, close the window. It's cold.
[Casper curls up in bed by Kat's side]

Assim, talvez o único defeito do filme resida em seus personagens mais planos: os vilões. Eles forem feitos à semelhança dos ladrões de Home Alone, mas sem o carisma e a interação devida com a história. Eles, inclusive, parecem mais fantasmas que os próprios fantasmas – andam escondidos pela casa e fazem muito barulho, mas raramente são ouvidos. Sem eles, o filme continuaria funcionando bem.

Por fim, é preciso falar da trilha sonora marcante que, mesmo tendo um uso extensivo cansativo, é bonita e tocante, sendo impossível não se lembrar dela com carinho.

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