Divagações: Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
10.11.10Como vocês já devem ter reparado, nessa semana (e na próxima, se tudo der certo) teremos três resenhas! Peço desculpas sinceras a quem não gosta de Harry Potter, afinal, é um bom período falando apenas disso, mas – também – peço um pouco de tolerância. Esses filmes fizeram parte da vida de muita gente e no dia 19 de novembro será “o começo do fim”. Olha só que dramático.
Aproveitando a deixa, é em Harry Potter and the Prisoner of Azkaban que as coisas começam a ficar um pouco mais tristes. Embora esse filme, sob alguns aspectos, ainda tenha um final feliz, a infância do protagonista está ficando para trás. Como você provavelmente sabe, nessa fase o mundo se torna mais complexo e os filmes tentam seguir no mesmo ritmo que o crescimento de seus personagens.
De uma maneira resumida, a história acompanha os passos de Harry Potter (Daniel Radcliffe) que está sendo estranhamento protegido por todos após a fuga de um assassino da prisão dos bruxos, Azkaban. O criminoso se chama Sirius Black (Gary Oldman) e, embora Potter tenha receio de encontrar com ele, a principal ameaça que tem que enfrentar são justamente os guardas da prisão. Postados em volta da escola para proteger os alunos, os dementors sugam a felicidade das pessoas e Potter precisa da ajuda do professor Lupin (David Thewlis), recém-chegado na escola e velho conhecido de seus pais, para afastar a ameaça que eles representam.
Nesse contexto até o encontro inevitável de Potter com Black, outros personagens queridos da série acabam tendo pouco a fazer. Ron Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson) estão envolvidos em uma trama paralela que acaba convergindo com a história principal. Já Dumbledore (Michael Gambon, assumindo o papel com mudanças na caracterização), Hagrid (Robbie Coltrane), Draco Malfoy (Tom Felton), entre outros, servem apenas para manter o fio com os outros filmes, sem muitas funções narrativas – o que não quer dizer que sejam completamente inúteis.
A principal diferença desse filme com relação aos demais, no entanto, não está na história – uma das preferidas dos fãs. Está na direção. Alfonso Cuarón assume a série e coloca a visão mais autoral vista até aqui (não creio que isso vá mudar com os próximos dois lançamentos). As mudanças vão além de alterações visuais feitas com o acréscimo das “cabeças” que Cuarón trouxe da cultura de seu próprio país (México) e de transições de cenas infinitamente superiores. Harry Potter and the Prisoner of Azkaban tem cenas que não estão nos livros e não servem para resumir a história, mas para mostrar o cotidiano dos personagens em seu ambiente natural. Também há mudanças na ordem dos fatores que acabam alterando um pouco o resultado final.
Dessa forma, como filme, Harry Potter and the Prisoner of Azkaban é superior a seus dois antecessores. Talvez a história não seja tão misteriosa, mas é perceptível que a preocupação de Alfonso Cuarón com os storyboards foi muito grande. Os quadros são bem planejados e, à medida que o filme se desenrola, os elementos vão naturalmente para seus lugares, sem muitos furos. Por mais que muita informação relevante para as sequencias tenha sido cortada, não houve nada que não pudesse ser consertado e o filme funciona muito bem individualmente.
No entanto, uma amiga uma vez colocou na minha frente um argumento bastante válido: “Eu gosto do livro e queria um filme do livro. Provavelmente não haverá outra filmagem e agora não tenho uma adaptação fiel”. Ok, provavelmente ela não disse com essas palavras porque já se passaram alguns anos, mas a ideia era essa. Harry Potter and the Prisoner of Azkaban tem, digamos assim, uma “filosofia” diferente dos filmes anteriores. Ele quer ser interessante por si mesmo e não se importa muito com os livros.
Para mim, isso é bom. Mas não para todo mundo e não deixa de ser uma escolha arriscada para aqueles que querem justamente ganhar dinheiro com o que parece já ter uma fórmula estabelecida. Assim, ao mesmo tempo em que dá fôlego para a série, o filme traz uma ameaça. Para o bem ou para o mal, Harry Potter nos cinemas ficou dividido entre antes e depois de Cuarón.
Outras divagações:
Harry Potter and the Philosopher's Stone
Harry Potter and the Chamber of Secrets
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