Divagações: Looper
11.10.12
Joseph Gordon-Levitt é um dos nomes mais falados no momento. Ele está em um grande número de produções importantes, alterna papéis sérios com comédias românticas e embarca em projetos de baixo orçamento desde que goste das pessoas evolvidas e do roteiro. Looper parece ser algo menos relevante em sua filmografia, mas continua sendo um trabalho interessante.
Ao interpretar uma versão mais nova de Bruce Willis, Gordon-Levitt não deu trabalho para seu veterano. Ele mesmo usou um nariz falso, aguentou muita maquiagem e estudou os maneirismos do colega. Se não conhecêssemos Bruce Willis tão bem, até daria para acreditar que aquela com cabelo se transformaria nele.
Looper conta uma história passada na década de 2040. Nesse ano, a viagem no tempo ainda não foi inventada, mas algumas pessoas já mantém contato com ela, pois criminosos contrataram assassinos para matar e esconder corpos, algo que é difícil de ser feito em 2072. O detalhe é que o emprego implica em matar também a você mesmo, em uma versão 30 anos mais velha. Os contratados aceitam essa condição porque não teriam muito futuro em primeiro lugar e, além disso, a função inclui uma boa grana.
Nesse contexto, Joe (Joseph Gordon-Levitt) é um cara legal e viciado que aceitou um emprego desses para não precisar mais roubar. Ele é competente e vive sem problemas, economizando parte da grana, estudando francês e ajudando amigos como o atrapalhado Seth (Paul Dano). No entanto, quando chega o momento de matar o seu eu futurístico (Bruce Willis), ele hesita. O objetivo do Joe careca é impedir o assassinato de sua mulher, interpretada por Qing Xu. Já o Joe mais novo quer sua vida ‘pacata’ de volta. Isso leva os dois para a fazenda de Sara (Emily Blunt), onde está crescendo Cid (Pierce Gagnon), um menino que pode (ou não) se tornar um chefão do crime no futuro.
Com um futuro interessante e violento, bastante próximo ao que conhecemos, mas com algumas diferenças consideráveis, Looper tem uma boa premissa e cria um universo propício para uma história de ação mais cabeça. Assim, a maneira como as viagens no tempo são tratadas pode dar um nó na cabeça de quem for começar a pensar sobre o assunto, contudo, nada é tão profundo quanto poderia.
Rian Johnson, acumulando a função de roteirista e diretor, consegue apresentar os conceitos de forma competente e adequada. Além disso, os personagens têm motivações claras e são consistentes. O único ponto mais delicado é a mudança de ritmo após a introdução da personagem de Emily Blunt. Tendo quase duas horas de duração, o filme parece ultrapassar essa marca devido a isso. Embora a personagem seja necessária para proporcionar respostas e levar à conclusão, essa desacelerada acaba diminuindo o impacto do final.
Dessa forma, é possível sair satisfeito do cinema depois de ter visto um filme criativo, futurístico e cheio de estilo (sim, é um estilo que parece derivado daquilo que foi produzido na década de 1980). Apenas não espere que Looper seja um novo Twelve Monkeys (o que muita gente gostaria) ou algo similar a Minority Report (só aviso porque eu ouvi pessoas falando isso). Assista ao filme tentando afastar os referenciais mais óbvios e divirta-se aproveitando o que ele efetivamente é.
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